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Conselho anula manobra de Renan que adiaria processos para cassar senadores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética do Senado decidiu ontem, por unanimidade, acelerar os processos
de cassação contra três senadores acusados de ligação com a
máfia dos sanguessugas. Os integrantes pularam a fase da investigação preliminar determinada pelo presidente da Casa,
Renan Calheiros (PMDB-AL).
O conselho havia sido surpreendido pela manobra regimental de Renan que deu mais
tempo aos acusados. Renan enviou ao conselho denúncia e
não representação -o que exigiu novas investigações.
Ontem, os conselheiros devolveram à Mesa Diretora, em
rito sumário, a denúncia contra
os senadores Ney Suassuna
(PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MS) e Magno Malta
(PL-ES). Eles dizem que a fase
de sindicância seria desnecessária, por haver supostos elementos para abrir processos.
O presidente do Senado -autor da manobra- disse que ouvirá, em 24 horas, os demais integrantes da Mesa. Eles podem
arquivar a denúncia ou fazer
representação ao conselho. Se a
segunda opção ocorrer, terá
início o processo de cassação.
Renan e o presidente do conselho, senador João Alberto
Souza (MA), são do partido de
um dos acusados, o senador
Ney Suassuna, ex-líder do
PMDB. A decisão do conselho
foi pautada pelo senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do processo contra Serys e
vice-presidente do órgão. Ele
apresentou na primeira reunião do órgão, realizada ontem,
parecer segundo o qual haveria
elementos para a Mesa Diretora representar contra Serys.
"[Fazer investigação preliminar] É chover no molhado, investigar o que já foi investigado", disse ele, referindo-se ao
relatório parcial da CPI dos
Sanguessugas, à operação da
Polícia Federal e à abertura de
inquéritos criminais pelo STF
(Supremo Tribunal Federal)
contra 84 congressistas.
Aliado de Renan, João Alberto Souza discorda de Torres. "A
CPI não é nossa, não é do Senado", disse ele. A CPI é mista, ou
seja, composta por deputados e
senadores.
Se a Mesa determinar a abertura de processo, os relatores
pretendem ouvir a família Vedoin, dona da empresa Planam,
que teria pago propina aos parlamentares para destinar recursos do Orçamento para a
compra, por prefeituras, de ambulâncias e equipamentos médicos superfaturados.
(FERNANDA KRAKOVICS, RANIER BRAGON E SILVIO
NAVARRO)
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