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Chaui evoca slogan de Duda e faz elogio indireto de Lula
Filósofa aborda "esperança e medo" em Espinosa
RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A professora de filosofia da
USP Marilena Chaui, ideóloga
do PT nos anos 80 e 90, retomou ontem o silêncio público
sobre as acusações feitas contra
Luiz Inácio Lula da Silva e o PT
de corrupção e, durante palestra no Rio, intitulada "O que é a
política", não fez nenhuma
menção ao presidente, ao partido, às eleições ou à conjuntura
política brasileira atual.
Ao final da palestra, parte do
ciclo "O Esquecimento da Política", organizado pelo jornalista Adauto Novaes, Chaui se recusou a falar com os repórteres.
Perguntou de que veículo eles
eram, e ao ouvir a resposta
-Folha e "O Globo"- disse
que não falaria. Ela declarou
apenas que votaria de novo em
Lula. Questionada sobre a razão, disse: "Não sei". Em seguida, completou: "Vamos ver se
você descobre, pela palestra,
por que vou votar nele".
A professora apresentou à
platéia carioca uma defesa filosófica do bordão cunhado pelo
marqueteiro Duda Mendonça
após a vitória de Lula em 2002,
"a esperança venceu o medo".
Sem citar os dois, disse que o filósofo holandês Baruch de Espinosa (1632-1677) fundamentava sua teoria política em duas
"paixões": esperança e medo.
Para o filósofo, segundo
Chaui, a boa política se dá
quando a esperança -"uma
alegria inconstante nascida da
idéia de uma coisa futura ou
passada"- vence o medo
-"uma tristeza inconstante
nascida da idéia de uma coisa
futura ou passada"- e permite
que a concórdia supere a discórdia entre os homens.
A filósofa havia sido a principal personagem da etapa anterior da série de ciclos organizada por Novaes, que, no ano passado, tinha como título "O Silêncio dos Intelectuais". Até
sua aparição para a palestra de
2005, Chaui havia se mantido
em silêncio sobre o caso do
mensalão, alegando razões pessoais. A partir dali, em suas
aparições públicas, passou a
responsabilizar "a mídia" pelas
acusações de corrupção.
Em abril deste ano, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou a existência de uma
"quadrilha" de 40 pessoas envolvidas com o mensalão que,
segundo ele, tinha como objetivo "garantir a continuidade do
projeto de poder do PT, mediante a compra e o suporte político de outros partidos".
Ontem, Chaui retornou ao
silêncio, conjugando-o desta
vez ao "esquecimento da política" -ao menos da conjuntura
política brasileira.
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