São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Pressionado, marqueteiro do PSDB resiste a atacar Lula

Com aval de Alckmin, Luiz Gonzalez vai manter linha do programa até o fim deste mês

Comando da campanha espera que o tucano melhore seu desempenho nas pesquisas até setembro; estratégia é alvo de crítica


CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob pressão, mas com aval do candidato, o coordenador de comunicação da campanha de Geraldo Alckmin, jornalista Luiz Gonzalez, avisou ontem que vai manter a linha do programa até o dia 30 deste mês. Esse é prazo fixado para que o candidato esboce reação nas pesquisas de opinião.
Mas, num momento de estagnação, registrado pelo último Datafolha, a manutenção da estratégia -de crítica crescente, à medida em que Alckmin ganha visibilidade- é alvo de controvérsia na campanha.
Sem citar nomes, os presidentes do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do PPS, deputado Roberto Freire (PE), reclamaram dos aliados que se queixam do programa, exigindo mais agressividade contra Lula. Dois pefelistas -o senador Antonio Carlos Magalhães (BA) e o prefeito do Rio, Cesar Maia- têm manifestado publicamente sua crítica. "Em vez de criticar, cada um deveria fazer sua parte", disse Bornhausen, que, após encontrar Gonzalez no domingo, dá seu "voto de confiança" ao jornalista.
Para João Carlos Meirelles, da coordenação de campanha, "até o fim do mês, o desafio é fazer Alckmin reconhecido. Não digo nem conhecido. Conhecido só em setembro".
Consultado por Alckmin num jantar na noite de terça, Cesar Maia defendeu, no entanto, que os defeitos de Lula sejam explorados. Alckmin disse que as críticas ganhariam intensidade gradativamente. Mas perguntou se o prefeito achava que ele mesmo deveria bater em Lula. Maia disse que não.
Hoje, Alckmin falará sobre o combate à corrupção no Instituto Ethos, em São Paulo.
A idéia de um programa mais agressivo ganha força entre os próprios alckmistas, como o presidente do PSDB de São Paulo, Sidney Beraldo, e o deputado Júlio Semeghini. Para Semeghini, "é preciso expor as contradições, inclusive éticas, de Lula". Beraldo endossa: "É preciso mostrar que Lula se aproveitou dos escândalos. Se é o candidato, não sei".
Além disso, Gonzalez tem ouvido queixas quanto à imagem paulistizada de Alckmin: gravata, manga arregaçada, diante de um computador.
A despeito da pressão para "deconstrução" da imagem de Lula, no máximo, Alckmin deverá "acelerar" o ritmo dos programas, o que permitiria levar ao ar até o final do mês ataques a Lula programados para acontecer só em setembro.
Ontem, Alckmin se reuniu com Gonzalez para a gravação de novos programas e, segundo apurou a Folha, a linha "progressiva" da campanha foi mantida. Como resposta imediata aos que defendem os ataques, os programas dos candidatos a deputado pela aliança PSDB-PFL será mais contundente nas críticas a Lula.


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