São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Após queda, Alckmin quer corpo-a-corpo

Tucano determina agenda com mais eventos na rua, onde o PT, diz, faz um "trabalho massivo"; Marta celebra e fala em harmonia

Avaliação é que atritos com Kassab devem aumentar com distância estreitada entre eles; democrata se diz "muito feliz" com resultado


DA REPORTAGEM LOCAL

A queda nas intenções de voto, detectada pela pesquisa Datafolha, provocou alterações imediatas na campanha do tucano Geraldo Alckmin. Marta Suplicy (PT), líder isolada na corrida pela Prefeitura de São Paulo, e Gilberto Kassab (DEM), em alta, afirmaram que farão poucas alterações nos rumos tomados até agora.
Assim que foi comunicado do resultado do levantamento, ontem à tarde, durante uma caminhada em Ermelino Matarazzo, bairro da populosa zona leste, Alckmin determinou aos seus comandados que intensifiquem a agenda de rua e aumentem o volume de material eleitoral nas chamadas "franjas" da capital. Até a semana passada, a agenda do tucano era a mais econômica entre os três principais candidatos, com a média de um evento por dia.
O tucano também avaliou que a petista "provavelmente já está no segundo turno" -com isso, a disputa por uma segunda vaga ficaria restrita a ele e a Kassab. Embora a distância entre os dois seja de 10 pontos percentuais, a avaliação é a de que o grau de atrito entre as campanhas deve aumentar nos próximos dias. Na última semana, ambos trocaram farpas. "Não muda nada de substancial. Na televisão, vamos falar com o povo. Mas vamos acelerar o trabalho de rua. Nós tivemos por parte do PT uma campanha massiva, enorme na rua", afirmou o tucano, ao cumprir seu quarto (de um total de seis) compromisso do dia ontem, uma feira de artesanato em Pinheiros (zona oeste).
O aumento do volume de material e de cabos eleitorais contratados esbarra, no entanto, na dificuldade que o tucano tem encontrado para captar recursos. Por isso, ele também deverá intensificar a pressão para que o grupo ligado ao governador José Serra (PSDB) o auxilie na captação financeira. O grupo de Alckmin planeja aumentar a pressão para que o governador o acompanhe em eventos públicos, mesmo sabendo que, com a evolução de Kassab, essa possibilidade se torna mais remota.

Segundo turno
Para o candidato do PSDB, Marta se desgarrou na liderança. "A disputa ainda está começando. Provavelmente, ela [a petista] vai para o segundo turno, mas ele será muito difícil. A nossa possibilidade de vencer a eleição na segunda etapa é muito grande", disse.
Marta ficou sabendo dos resultados no meio de uma caminhada pela favela de Paraisópolis, no Morumbi (zona sul). Em cima de um carro de som, ela chegou a dar uma sambadinha para comemorar. Cercada por candidatos a vereador da coligação que lhe dá apoio, Marta atribuiu sua performance na pesquisa à parceria com o presidente Lula, à "harmonia dentro do PT" e à lembrança de seu governo. "Não tem nenhum milagre. A população tem um governo que eu já fiz. Ela pode comparar com o governo que os outros candidatos já fizeram", disse.
Antes de ir a Paraisópolis, Marta compareceu a um encontro com professores da zona sul, no Campo Limpo, onde recebeu o apoio do Ministro da Educação, Fernando Haddad. Tarso Genro (Justiça), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Dilma Rousseff (Casa Civil), Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e Luiz Barreto (Turismo) já participaram de atividades de campanha da petista em São Paulo. Nesta semana, o presidente Lula virá a São Paulo participar, pela primeira vez, de atos de campanha ao lado da petista.
Já o prefeito Gilberto Kassab chamou de "natural" seu crescimento. "Vejo com naturalidade, confiança e recebo com muita alegria esse resultado. Estou muito feliz. Na medida em que a campanha avançar, os índices [de apoio] vão subir." O prefeito acha que o eleitor de São Paulo, aos poucos, começará a "vincular" a atual administração com sua candidatura à reeleição. "Mudar por que se está indo bem?", questionou, repetindo o principal lema de sua campanha na TV.
Anteontem, o democrata afirmou que a campanha de Alckmin era "incoerente". Questionado sobre a frase, o tucano se esquivou ontem pela manhã, mas com uma alfinetada: "Prefiro não comentar. Sou como santo Antônio de Pádua, quando você não puder falar nada de bom, não diga nada". Antes, Alckmin visitou um hospital em Ermelino Matarazzo e voltou a criticar a área da saúde na atual gestão de Kassab e na de Marta. (JOSÉ ALBERTO BOMBIG, CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA E LAURA CAPRIGLIONE)


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