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ORÇAMENTO
Transportes e Comunicações são as pastas mais afetadas por novo corte
Planalto corta R$ 414 mi, mas Saúde ganha recursos
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem um
novo corte de R$ 414 milhões no
Orçamento deste ano. O Ministério dos Transportes foi o que mais
perdeu em valores nominais: cerca de R$ 114 milhões. Mas a ministra Emília Fernandes, da Secretaria Especial de Política para as
Mulheres, perdeu metade dos R$
4 milhões que tinha para gastos
com custeio e investimentos.
O Ministério das Comunicações
teve R$ 72 milhões de perda, e o
Ministério do Turismo teve seu
dinheiro reduzido em 36,8%. Por
outro lado, o Ministério da Saúde
ganhou R$ 100 milhões.
Ontem, antes do anúncio do
corte, o ministro dos Transportes,
Anderson Adauto, criticou o volume de verbas do seu ministério
e cobrou mais investimentos para
a área, considerados "ridículos"
por ele. O ministro também afirmou que "o volume de criatividade é bastante restrito" para cumprir os programas da pasta (leia
texto na página A5).
Os novos cortes foram feitos
porque as receitas federais caíram
devido ao desaquecimento da
economia. A revisão da previsão
de crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas por ano no país)
também fez com que a meta orçamentária fosse reduzida em R$
799 milhões.
Na revisão de maio do Orçamento, o governo acreditava que
a economia cresceria 2,25% neste
ano. Ontem, esse número foi mudado para 0,98%. Dessa forma, a
economia de receitas para pagamento de juros (superávit primário) caiu de R$ 39 bilhões para R$
38,2 bilhões porque a meta do governo federal é de 2,45% do PIB.
Do corte anunciado de R$ 414
milhões, R$ 121 milhões ainda poderão ser liberados caso ocorra
uma recuperação do nível das receitas com tributos. O ministro
interino do Planejamento, Nelson
Machado (o titular, Guido Mantega, está em Nova York), disse inclusive acreditar que isso poderá
ocorrer, o que reduziria o novo
corte.
Critério
"O critério básico para a definição dos valores foi a prioridade
política do governo", disse Machado. O ministro não quis entrar
em detalhes sobre o fato de a pasta
da Defesa ter ganho R$ 60 milhões
enquanto os Transportes -prioridade anunciada pelo presidente- teve redução.
Ele também afirmou que a revisão orçamentária é bimestral e
que os cortes, portanto, poderão
ser revistos. "Isso não é definitivo", disse.
A próxima revisão acontecerá
em novembro. Machado explicou
que as receitas caíram R$ 2,8 bilhões em relação ao previsto em
maio. A redução está concentrada
na Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social), que deve perder R$ 1,6 bilhão. A Receita Federal aponta a
Cofins como um dos melhores
termômetros da atividade econômica porque incide sobre o faturamento das empresas.
Outros R$ 857 milhões serão
perdidos por causa de liminares
judiciais contra o pagamento do
Imposto sobre Produtos Industrializados.
A expectativa em relação ao déficit da Previdência Social também subiu de R$ 26,7 bilhões para
R$ 27,6 bilhões. Mas as despesas
com subsídios e subvenções foram revistas para baixo em R$ 2,2
bilhões. Segundo o Planejamento,
haverá um gasto menor com a dívida agrícola.
A revisão do crescimento do
PIB fará, segundo Machado, com
que os resultados exigidos das
empresas estatais e dos Estados e
municípios também caiam. Ou
seja, os valores acertados com o
Fundo Monetário Internacional
como metas para setembro poderão ser revistos porque estão relacionados a um PIB de R$ 1,597 trilhão. Ontem, o PIB foi revisto para R$ 1,558 trilhão.
Pelo acordo em vigor, o setor
público terá que economizar cerca de R$ 68 bilhões até o final deste ano, ou 4,25% do PIB. Agora,
essa meta passou para R$ 66,2 bilhões. Machado afirmou que as
metas fiscais -em percentuais
do PIB- não vão mudar para as
estatais e os governos regionais.
Outro corte
O Orçamento de 2003 tem receitas previstas de R$ 363 bilhões,
mas esse número já considera um
corte de R$ 14,1 bilhões feito em
fevereiro e a liberação de R$ 1 bilhão que aconteceu em maio.
Os cortes anunciados ontem pelo Ministério do Planejamento
acontecem sobre a parcela do Orçamento que trata das despesas
de custeio e manutenção. Essas
despesas são hoje de R$ 48,318 bilhões para o Poder Executivo. Antes do corte de R$ 414 milhões
anunciado ontem, o total era de
R$ 48,729 bilhões.
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