São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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Toda Mídia

NELSON DE SÁ - nelsondesa@folhasp.com.br

"Um rojão"

O comandante da tropa de choque, noticiou Fátima Bernardes, "admitiu pela primeira vez que o barulho ouvido pelos policiais antes da invasão ao apartamento de Eloá pode não ser de um tiro". Diz agora o coronel que pode até ser de "um rojão".

 

A história toda é confusa, na Globo. Seus telejornais sustentaram que os tiros foram depois da explosão -até anteontem, quando a escalada do "Jornal Nacional" saiu bradando: "Exclusivo. O depoimento de vizinhos de Eloá coincide com o dos policiais. Eles dizem ter ouvido um tiro antes da invasão".
A Globo havia obtido "acesso aos depoimentos à polícia". Mas, meia hora antes do "JN", anteontem, sites já destacavam que a amiga de Eloá desmentiu os policiais. Não houve tiro -o que o telejornal só foi registrar após toda a longa reportagem com o depoimento dos moradores, no final do programa.

No "JN" de anteontem, o depoimento à polícia de um vizinho que "ouviu um disparo" antes da invasão

"UMA BOMBINHA"
A história é confusa também na Record, que domingo mostrou vídeo com um "estampido" antes da explosão da porta pela polícia. O comentarista Percival de Souza chegou a dizer que foi "disparo de revólver". Daniel Castro, ontem na Folha Online, ouviu o perito Ricardo Molina, que afirmou não ser "um tiro" e sim um "sinal amplificado" pela própria emissora. "Pode ser uma bombinha." A própria Record "suspeita que o suposto tiro, na verdade, foi um atrito num microfone de espuma".

TEMPESTADE
economist.com
A nova "Economist", com borboletas voando para uma tempestade, se pergunta "O que vai acontecer aos mercados emergentes?". Diz que a forma como reagirem "vai afetar a economia e a política mundial por longo tempo".
Avalia que "a maioria pode evitar uma catástrofe", que "os maiores emergentes estão em boas condições". E que a China, até por sua "pouca conexão com os bancos estrangeiros", deve desacelerar pouco, "talvez para 8%".
Índia e Brasil "serão mais atingidos". Diz a revista que "muitas empresas brasileiras têm grande exposição a moeda estrangeira. Mas a economia é diversificada e o país têm reservas de sobra para suavizar a mudança para um crescimento menor". De todo modo, "chegou a hora de um programa similar, no mundo emergente", àquele que evitou a "calamidade no mundo rico".

ARTILHARIA
Na manchete da Reuters Brasil, "Governo resolveu abandonar a política de "matar um leão por dia" e atacou em três frentes ao mesmo tempo, tentando mostrar força para estancar os efeitos da crise de crédito" com Banco Central, Fazenda e Tesouro. Fim do dia e o dólar, manchete nos sites, caiu.

E O MEDO
Por outro lado, fim do dia e, manchete seguinte de UOL e outros, "Ações de bancos fazem a Bolsa cair". No Valor Online, "entre as maiores baixas, Unibanco".
No geral, o problema seria "o medo de dificuldades de instituições bancárias e empresas posicionadas em derivativos de câmbio".

"I MADE A MISTAKE"
cnbc.com
Ao vivo, "um erro"

Na manchete on-line do "Financial Times", ontem, "Eu cometi um erro, admite Alan Greenspan".
Mas o presidente por 18 anos do banco central americano não foi além da aceitação desse único erro, ontem em depoimento no Congresso, com transmissão pelos canais de notícias. Até defendeu os derivativos, uma vez mais, e afirmou que seu problema foi "presumir que os interesses próprios das organizações, especificamente dos bancos e de outros, eram o bastante para torná-los os mais capazes para a proteção de seus próprios acionistas", sem a regulação.

MINI-BERLUSCONIS
De tempos em tempos, a "Economist" opina sobre a imprensa na América Latina. Saudou há pouco o relançamento do "El Espectador" na Colômbia, por romper o monopólio do "El Tiempo". Ontem, escreveu contra a obrigatoriedade do diploma para jornalistas no Brasil, lembrando ser uma norma da ditadura.
E dizendo que o problema, como mostra o levantamento Donos da Mídia, é com o domínio das empresas de comunicação por políticos. Em especial, "curiosamente", em São Paulo e Minas, com seus "mini-Berluconis".


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@ - Nelson de Sá



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