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QUESTÃO AGRÁRIA
PF investiga ex-funcionária acusada de envolvimento com "pedágio" em assentamento no Paraná
Ex-técnica de projeto do Incra é indiciada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ex-técnica do projeto Lumiar
Cláudia Cisotto foi indiciada e teve seu sigilo bancário quebrado
por seu envolvimento com a cobrança de "pedágio" de sem-terra
do acampamento dos sem-terra
de Bituruna, interior do Paraná.
O "pedágio" é a cobrança compulsória de taxa de contribuição
dos assentados, por lideranças do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O indiciamento foi feito pela
Polícia Federal no Paraná, que diz
ter provas suficientes de que
Cláudia participou de um esquema de desvio do dinheiro que era
destinado pelo Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) aos assentados para a
compra de máquinas e equipamentos.
Reportagem publicada pela Folha em maio passado mostrou
que o MST cobrava, por intermédio dos técnicos do projeto Lumiar, uma taxa de até 3% dos assentados para que eles recebessem o dinheiro.
Em Bituruna, havia também a
cobrança de uma taxa dos comerciantes que vendiam para o assentamento. Na reportagem, Cláudia
afirmou que o dinheiro passava
pela sua conta bancária, mas ia
para o MST.
Sigilo
Durante o inquérito, Cláudia se
negou a dar declarações sobre o
caso. Disse que só falaria em juízo.
Com a quebra de sigilo bancário,
os policiais federais que investigam o caso acreditam que vão poder verificar se o dinheiro ia para
as lideranças do MST ou para atividades do próprio movimento.
Além dela, um comerciante de
União da Vitória (PR) também já
foi indiciado: Ernani Galle, acusado de superfaturar os produtos
vendidos ao assentamento da cidade paranaense.
O inquérito, que está sendo conduzido pela Polícia Federal no Paraná, é o mais adiantado entre os
15 que estão sendo conduzidos no
Brasil para apurar irregularidades
na distribuição do dinheiro destinado pelo Incra aos acampamentos de sem-terra em todo o país.
As investigações foram abertas
com base em sindicâncias feitas
pelo Incra nos assentamentos,
mas, até agora, além do Paraná,
apenas em Santa Catarina há resultados mais concretos.
A estimativa da PF é que esses
dois inquéritos estejam concluídos até o final do ano.
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