São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA
PF investiga ex-funcionária acusada de envolvimento com "pedágio" em assentamento no Paraná
Ex-técnica de projeto do Incra é indiciada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ex-técnica do projeto Lumiar Cláudia Cisotto foi indiciada e teve seu sigilo bancário quebrado por seu envolvimento com a cobrança de "pedágio" de sem-terra do acampamento dos sem-terra de Bituruna, interior do Paraná.
O "pedágio" é a cobrança compulsória de taxa de contribuição dos assentados, por lideranças do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O indiciamento foi feito pela Polícia Federal no Paraná, que diz ter provas suficientes de que Cláudia participou de um esquema de desvio do dinheiro que era destinado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) aos assentados para a compra de máquinas e equipamentos.
Reportagem publicada pela Folha em maio passado mostrou que o MST cobrava, por intermédio dos técnicos do projeto Lumiar, uma taxa de até 3% dos assentados para que eles recebessem o dinheiro.
Em Bituruna, havia também a cobrança de uma taxa dos comerciantes que vendiam para o assentamento. Na reportagem, Cláudia afirmou que o dinheiro passava pela sua conta bancária, mas ia para o MST.

Sigilo
Durante o inquérito, Cláudia se negou a dar declarações sobre o caso. Disse que só falaria em juízo. Com a quebra de sigilo bancário, os policiais federais que investigam o caso acreditam que vão poder verificar se o dinheiro ia para as lideranças do MST ou para atividades do próprio movimento.
Além dela, um comerciante de União da Vitória (PR) também já foi indiciado: Ernani Galle, acusado de superfaturar os produtos vendidos ao assentamento da cidade paranaense.
O inquérito, que está sendo conduzido pela Polícia Federal no Paraná, é o mais adiantado entre os 15 que estão sendo conduzidos no Brasil para apurar irregularidades na distribuição do dinheiro destinado pelo Incra aos acampamentos de sem-terra em todo o país.
As investigações foram abertas com base em sindicâncias feitas pelo Incra nos assentamentos, mas, até agora, além do Paraná, apenas em Santa Catarina há resultados mais concretos.
A estimativa da PF é que esses dois inquéritos estejam concluídos até o final do ano.


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