São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2006 |
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Mercadante contradiz versão de ex-assessor
Senador afirma que Hamilton Lacerda não participava da arrecadação de recursos para campanha do presidente Lula
LEONARDO SOUZA ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) desmentiu ontem, em depoimento à Polícia Federal, seu ex-assessor Hamilton Lacerda no caso do dossiê antitucanos. Mercadante disse que Lacerda não tinha nenhuma atribuição relacionada à arrecadação da campanha de Lula. Lacerda foi apontado pela PF como a pessoa que levou o dinheiro do dossiê aos emissários petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos no hotel Ibis com R$ 1,75 milhão. Mercadante foi ouvido ontem em seu gabinete no Senado pelo delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito do dossiê. O senador disse que as únicas funções de Lacerda em sua campanha eram cuidar dos assuntos relacionados à região do ABC e acompanhar seus programas de TV. "Ele [Curado] perguntou se ele [Lacerda] tinha alguma função na minha campanha relacionada a boleto de campanha do presidente Lula. Não, nenhuma. A função dele era exclusivamente essa que eu relatei. Na minha campanha não tinha nenhuma função relacionada à contribuição de campanha do presidente", disse Mercadante à Folha, por telefone. A Folha apurou que, no depoimento, a PF o questionou se sabia a origem do dinheiro. O petista negou conhecer o assunto. O delegado chegou a mostrar a Mercadante fotos em que Lacerda aparece no hotel carregando uma mala. O delegado perguntou então, informalmente, não incluindo na transcrição do depoimento, se o dinheiro não teria saído do caixa dois do PT. Mais uma vez o senador disse desconhecer onde Lacerda teria obtido o numerário, negando ter havido caixa dois em sua campanha. É o segundo petista de peso que desmente a versão de Lacerda. O presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, já dissera que Lacerda não tinha atribuição relacionada à arrecadação da campanha de Lula. O senador foi ouvido na condição de testemunha. Disse que nunca viu nem falou com Gedimar ou Valdebran. Disse que conhecia Freud Godoy e Jorge Lorenzetti, mas que não teve contato recente com os dois. Segundo o senador, no período do escândalo, só esteve com Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, uma única vez, na presença de Ideli Salvatti. Mercadante contou que na véspera de um depoimento de integrantes da família Vedoin no Senado, em 5 de setembro, foi procurado por Veloso e Bargas: "Disseram que o PT estava sendo muito atacado. [...] Achavam que a nossa bancada deveria atuar no Conselho de Ética, porque os Vedoin estavam sob delação premiada e não estavam revelando tudo o que sabiam", relatou o senador. Segundo ele, Veloso e Bargas lhe disseram que tinham informações de um "esquema" do governo FHC com a máfia dos sanguessugas. Ele disse que recomendou a Bargas e Expedito que procurassem a CPI. Que os dois não lhe falaram sobre dossiê. Sobre Lacerda, disse que ele nunca o informou de nada. Texto Anterior: PT quer "critério político" para propaganda Próximo Texto: Lacerda ligou para suplente de Mercadante Índice |
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