São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2006

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Mercadante contradiz versão de ex-assessor

Senador afirma que Hamilton Lacerda não participava da arrecadação de recursos para campanha do presidente Lula

Ouvido pela PF na condição de testemunha, petista diz que nunca viu Gedimar ou Valdebran e negou que tenha havido caixa dois


Caio Guatelli -31.jul.2006/Folha Imagem
O senador Aloizio Mercadante em sabatina na Forca Sindical


LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) desmentiu ontem, em depoimento à Polícia Federal, seu ex-assessor Hamilton Lacerda no caso do dossiê antitucanos. Mercadante disse que Lacerda não tinha nenhuma atribuição relacionada à arrecadação da campanha de Lula.
Lacerda foi apontado pela PF como a pessoa que levou o dinheiro do dossiê aos emissários petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos no hotel Ibis com R$ 1,75 milhão.
Mercadante foi ouvido ontem em seu gabinete no Senado pelo delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito do dossiê. O senador disse que as únicas funções de Lacerda em sua campanha eram cuidar dos assuntos relacionados à região do ABC e acompanhar seus programas de TV.
"Ele [Curado] perguntou se ele [Lacerda] tinha alguma função na minha campanha relacionada a boleto de campanha do presidente Lula. Não, nenhuma. A função dele era exclusivamente essa que eu relatei. Na minha campanha não tinha nenhuma função relacionada à contribuição de campanha do presidente", disse Mercadante à Folha, por telefone.
A Folha apurou que, no depoimento, a PF o questionou se sabia a origem do dinheiro. O petista negou conhecer o assunto. O delegado chegou a mostrar a Mercadante fotos em que Lacerda aparece no hotel carregando uma mala.
O delegado perguntou então, informalmente, não incluindo na transcrição do depoimento, se o dinheiro não teria saído do caixa dois do PT. Mais uma vez o senador disse desconhecer onde Lacerda teria obtido o numerário, negando ter havido caixa dois em sua campanha.
É o segundo petista de peso que desmente a versão de Lacerda. O presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, já dissera que Lacerda não tinha atribuição relacionada à arrecadação da campanha de Lula.
O senador foi ouvido na condição de testemunha. Disse que nunca viu nem falou com Gedimar ou Valdebran. Disse que conhecia Freud Godoy e Jorge Lorenzetti, mas que não teve contato recente com os dois.
Segundo o senador, no período do escândalo, só esteve com Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, uma única vez, na presença de Ideli Salvatti.
Mercadante contou que na véspera de um depoimento de integrantes da família Vedoin no Senado, em 5 de setembro, foi procurado por Veloso e Bargas: "Disseram que o PT estava sendo muito atacado. [...] Achavam que a nossa bancada deveria atuar no Conselho de Ética, porque os Vedoin estavam sob delação premiada e não estavam revelando tudo o que sabiam", relatou o senador.
Segundo ele, Veloso e Bargas lhe disseram que tinham informações de um "esquema" do governo FHC com a máfia dos sanguessugas. Ele disse que recomendou a Bargas e Expedito que procurassem a CPI. Que os dois não lhe falaram sobre dossiê. Sobre Lacerda, disse que ele nunca o informou de nada.


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