São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

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Não queremos ser pai dos pobres, diz Guerra

Eleito para presidir o PSDB, Sérgio Guerra minimiza disputa entre governadores Serra e Aécio para 2010

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Eleito para presidir o PSDB e evitar o acirramento da disputa entre os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) até as eleições de 2010, o senador Sérgio Guerra (PE) afirmou ontem em seu discurso de posse no cargo que o partido "não tem dono" e que o embate interno é um "falso problema".
Com perfil conciliador e trânsito nos diretórios estaduais, Guerra discursou ao lado dos dois governadores. Fez discurso recheado de críticas ao PT e fez questão de citar o nome de Serra e Aécio na mesma proporção, sempre como possíveis candidatos ao Planalto.
"É um falso problema. Serra e Aécio podem presidir o Brasil. Minas e São Paulo podem presidir o Brasil. São Paulo pelo exemplo de gestão que tem dado há anos, Minas pela capacidade de solidariedade com os brasileiros, é a terra de Tancredo [Neves]", disse.
Minutos antes, havia dito: "Não é problema para o PSDB ter dois, três, cinco nomes para presidir o Brasil".
O senador ainda citou nominalmente Serra ao apontar o governo paulista como exemplo de ajuste fiscal e gestão, e Aécio como referência de administrador público. Mas manteve o alerta: "Ninguém é dono de ninguém no PSDB".
A intenção do novo presidente da sigla é evitar que o partido realize prévias para a escolha do candidato à Presidência, como defende seu antecessor no cargo, Tasso Jereissati (CE). Ele também é contra uma chapa "puro sangue", com os dois governadores.

Críticas ao PT
Guerra fez um pronunciamento contra o governo Lula. Afirmou que o "núcleo" da gestão petista é formado por "corrupção, cooptação, aparelhamento da máquina e desrespeito à democracia". E emendou: "Agora sob nova roupagem, a do populismo sul-americano".
O tucano também fez um paralelo usando dois temas de última hora da oposição no Congresso, a Venezuela e a TV pública. Sobre o país vizinho, disse que "é preciso enfrentar o processo de armamento como ameaça à América do Sul". Já sobre a TV, afirmou que "o país não precisa de TV estatal para manipular consciências".
"Somos limpos, coerentes e não temos salvador da pátria. Somos a favor dos pobres. Mas não queremos ser a mãe ou o pai dos pobres", completou.
Segundo avaliação de tucanos, o discurso de Guerra cumpriu o papel de estar alinhado aos pronunciamentos duros do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas não refletem a linha que o senador pretende adotar à frente da sigla. "Não faremos campeonato de radicalização", admitiu ele.
Ainda conforme avaliação de tucanos, o primeiro desafio de Guerra será conseguir manter a unidade do partido na votação da prorrogação da CPMF. Ele próprio era favorável à negociação com o Palácio do Planalto. Entre os 13 senadores, ao menos quatro estariam dispostos a votar a favor da emenda a pedido de governadores tucanos.
Guerra terá de administrar a crise que envolve o senador Eduardo Azeredo (MG), arrolado na denúncia do valerioduto mineiro. (SILVIO NAVARRO)


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