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Não queremos ser pai dos pobres, diz Guerra
Eleito para presidir o PSDB, Sérgio Guerra minimiza disputa entre governadores Serra e Aécio para 2010
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Eleito para presidir o PSDB e
evitar o acirramento da disputa
entre os governadores José
Serra (SP) e Aécio Neves (MG)
até as eleições de 2010, o senador Sérgio Guerra (PE) afirmou
ontem em seu discurso de posse no cargo que o partido "não
tem dono" e que o embate interno é um "falso problema".
Com perfil conciliador e
trânsito nos diretórios estaduais, Guerra discursou ao lado
dos dois governadores. Fez discurso recheado de críticas ao
PT e fez questão de citar o nome de Serra e Aécio na mesma
proporção, sempre como possíveis candidatos ao Planalto.
"É um falso problema. Serra
e Aécio podem presidir o Brasil.
Minas e São Paulo podem presidir o Brasil. São Paulo pelo
exemplo de gestão que tem dado há anos, Minas pela capacidade de solidariedade com os
brasileiros, é a terra de Tancredo [Neves]", disse.
Minutos antes, havia dito:
"Não é problema para o PSDB
ter dois, três, cinco nomes para
presidir o Brasil".
O senador ainda citou nominalmente Serra ao apontar o
governo paulista como exemplo de ajuste fiscal e gestão, e
Aécio como referência de administrador público. Mas manteve o alerta: "Ninguém é dono
de ninguém no PSDB".
A intenção do novo presidente da sigla é evitar que o partido
realize prévias para a escolha
do candidato à Presidência, como defende seu antecessor no
cargo, Tasso Jereissati (CE).
Ele também é contra uma chapa "puro sangue", com os dois
governadores.
Críticas ao PT
Guerra fez um pronunciamento contra o governo Lula.
Afirmou que o "núcleo" da gestão petista é formado por "corrupção, cooptação, aparelhamento da máquina e desrespeito à democracia". E emendou:
"Agora sob nova roupagem, a
do populismo sul-americano".
O tucano também fez um paralelo usando dois temas de última hora da oposição no Congresso, a Venezuela e a TV pública. Sobre o país vizinho, disse que "é preciso enfrentar o
processo de armamento como
ameaça à América do Sul". Já
sobre a TV, afirmou que "o país
não precisa de TV estatal para
manipular consciências".
"Somos limpos, coerentes e
não temos salvador da pátria.
Somos a favor dos pobres. Mas
não queremos ser a mãe ou o
pai dos pobres", completou.
Segundo avaliação de tucanos, o discurso de Guerra cumpriu o papel de estar alinhado
aos pronunciamentos duros do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas não refletem a linha que o senador pretende adotar à frente da sigla.
"Não faremos campeonato de
radicalização", admitiu ele.
Ainda conforme avaliação de
tucanos, o primeiro desafio de
Guerra será conseguir manter a
unidade do partido na votação
da prorrogação da CPMF. Ele
próprio era favorável à negociação com o Palácio do Planalto.
Entre os 13 senadores, ao menos quatro estariam dispostos a
votar a favor da emenda a pedido de governadores tucanos.
Guerra terá de administrar a
crise que envolve o senador
Eduardo Azeredo (MG), arrolado na denúncia do valerioduto
mineiro.
(SILVIO NAVARRO)
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