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Cúpula do PSDB aborta nota contra terceiro mandato
Em jantar na noite de quinta-feira, FHC e presidenciáveis discutiram tema; Aécio e Serra querem mandato de 5 anos
Encontro de dirigentes do partido teve como razão central discutir nome da secretaria-geral; mineiro atuou para manter afilhado
MALU DELGADO
EDITORA-ASSISTENTE DE BRASIL
Não é crença generalizada no
PSDB que os petistas conseguirão levar adiante uma articulação consistente que possa dar
viabilidade legal a um terceiro
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Ainda que
o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso tenha enfatizado em seu discurso de abertura no 3º Congresso do PSDB
que a democracia estaria sob
risco, os altos dirigentes do partido, reunidos na noite de quinta-feira num jantar em Brasília,
abandonaram a idéia de divulgar uma nota oficial contra
uma mudança constitucional
que permita a continuidade de
Lula no poder.
Participaram do jantar FHC,
os presidenciáveis José Serra e
Aécio Neves, os senadores Tasso Jereissati (que deixa a direção do partido), Sérgio Guerra
(que assume a presidência da
legenda) e Arthur Virgílio.
Há, porém, uma outra mudança constitucional que une
os tucanos, sobretudo os presidenciáveis: a reintrodução do
mandato presidencial de cinco
anos sem reeleição. "Isso sim
dá caldo", admitiu um tucano
que participou do encontro.
Os tucanos sabem que a defesa do fim da reeleição esbarra
numa séria contradição, já que
foi a articulação do PSDB em
1998 que garantiu a aprovação
da emenda que deu a FHC o direito de governar por oito anos.
Ainda assim, Aécio e Serra
acham que têm espaço para articular essa mudança no Congresso, pois nunca defenderam
abertamente a reeleição, seja
como parlamentares, seja como governadores.
Aécio foi voz firme, no jantar,
contra a divulgação de uma nota anti-terceiro mandato. Disse
aos correligionários que essa
seria uma estratégia equivocada e que o PSDB contribuiria
para manter na agenda política
um debate que não é consensual sequer no PT e que não
conta com a simpatia de Lula.
Em conversas recentes com o
mineiro, Lula demonstrou que
seu plano concreto é 2014.
Agora à frente do PSDB, Sérgio Guerra admite que o receio
de terceiro mandato não é generalizado na sigla. Mas é reticente: "Eu não acredito em nada bom deste governo. Só acredito em coisa ruim".
Já Tasso Jereissati tenta explicar o sentimento tucano:
"Não é um receio do terceiro
mandato. É receio em relação
ao conjunto da obra: TV Pública, expurgos no Ipea, elogios à
Venezuela para dinamitar o
Mercosul. É esse conjunto que
não está cheirando bem".
Secretaria-geral
Ainda que os debates sobre
terceiro mandato, conjuntura
política para 2010 e prorrogação da CPMF (o imposto do
cheque) tenham permeado o
jantar, o assunto central foi a
composição da nova direção.
Tucanos históricos queriam
uma mudança na indicação da
secretaria-geral do partido. O
indicado foi o deputado Rodrigo Castro (MG), afilhado de
Aécio. Havia um temor de que
a denúncia sobre o "valerioduto mineiro", feita pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pudesse
alcançar aliados do governador, entre eles Danilo Castro,
secretário de governo de Aécio
e pai de Rodrigo.
"Ele fica e com todas as atribuições de um secretário-geral", enfatizou o governador de
Minas na conversa com correligionários. "Está tudo certo.
Não se cogitou nenhuma mudança", disse Rodrigo Castro.
Por enquanto, prevalece a vontade política do governador.
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