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PF investiga policiais por sumiço de bens
Ministério Público afirma que pressionou órgão a abrir 54 inquéritos para apurar desvios de objetos apreendidos em SP
Delegado diz que sistema
de contagem de produtos da PF pode ter permitido desvio
de R$ 1,5 milhão por ano;
polícia rebate as acusações
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal abriu 54 inquéritos para investigar policiais federais da Superintendência Regional do órgão em
São Paulo. Segundo o Ministério Público Federal, instituição
responsável pelo controle externo da PF, os casos poderão
resultar em punições por corrupção, estelionato e desvio de
dinheiro e produtos.
Por meio de nota, a Procuradoria afirmou que a abertura
dos inquéritos só ocorreu "por
ordem" do Ministério Público.
De acordo com o texto, o procurador da República Roberto
Antonio Dassié Diana considera que "a decisão de abrir os inquéritos somente agora confirma a suspeita inicial do Ministério Público Federal de que fatos criminosos que surgiam nas
investigações internas da PF,
de cunho administrativo, deixavam de ser apurados ou demoravam para ser investigados
criminalmente".
A partir de junho de 2008, o
Grupo de Controle Externo da
Atividade Policial do Ministério Público em São Paulo passou a requerer da PF uma lista
de inquéritos, sindicâncias e
procedimentos administrativos disciplinares em curso, mas
os pedidos ainda não haviam sido atendidos, segundo a assessoria da Procuradoria.
De acordo com a instituição,
as negativas da PF levaram os
procuradores do grupo a iniciar
investigações próprias.
Em uma das apurações, um
delegado disse que o sistema de
apreensão e contagem de produtos da Delefaz (Delegacia de
Crimes Fazendários) da PF em
São Paulo poderia permitir "o
estabelecimento de esquema
de desvio de mercadorias, que
pode chegar a valores mínimos
em torno de R$ 1,5 milhão por
ano", de acordo com a nota.
Outro caso investigado foi o
do suposto desaparecimento
de produtos apreendidos pela
PF na galeria Pajé, centro comercial de produtos eletrônicos paulistano, em 2005.
A lista das investigações contra policiais federais foi entregue ao Ministério Público pelo
corregedor regional da PF,
Marcos Fernandes, no dia 17.
Os casos são relativos a procedimentos internos abertos pela
PF entre 2006 e 2008.
Os documentos serão analisados e os procuradores poderão responsabilizar autoridades que tenham sido omissas
em relação à abertura de inquéritos e eventualmente tenham
permitido a prescrição de crimes de policiais, informou o
Ministério Público.
Ontem, em nota, a PF rebateu as acusações da Procuradoria. "[As] investigações foram
iniciadas após criteriosa análise jurídica da Polícia Federal e
não por ordem do MPF, até
porque não há relação de hierarquia entre as instituições",
de acordo com a PF.
O texto afirma que os fatos
investigados se referem a apurações da própria PF e a "instauração dos inquéritos tem
por objetivo demonstrar a
transparência da conduta da
instituição". Para a PF, a existência das investigações "não
significa necessariamente que
tais fatos foram praticados por
servidores policiais".
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