São Paulo, terça-feira, 24 de novembro de 2009

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PF investiga policiais por sumiço de bens

Ministério Público afirma que pressionou órgão a abrir 54 inquéritos para apurar desvios de objetos apreendidos em SP

Delegado diz que sistema de contagem de produtos da PF pode ter permitido desvio de R$ 1,5 milhão por ano; polícia rebate as acusações

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal abriu 54 inquéritos para investigar policiais federais da Superintendência Regional do órgão em São Paulo. Segundo o Ministério Público Federal, instituição responsável pelo controle externo da PF, os casos poderão resultar em punições por corrupção, estelionato e desvio de dinheiro e produtos.
Por meio de nota, a Procuradoria afirmou que a abertura dos inquéritos só ocorreu "por ordem" do Ministério Público.
De acordo com o texto, o procurador da República Roberto Antonio Dassié Diana considera que "a decisão de abrir os inquéritos somente agora confirma a suspeita inicial do Ministério Público Federal de que fatos criminosos que surgiam nas investigações internas da PF, de cunho administrativo, deixavam de ser apurados ou demoravam para ser investigados criminalmente".
A partir de junho de 2008, o Grupo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público em São Paulo passou a requerer da PF uma lista de inquéritos, sindicâncias e procedimentos administrativos disciplinares em curso, mas os pedidos ainda não haviam sido atendidos, segundo a assessoria da Procuradoria.
De acordo com a instituição, as negativas da PF levaram os procuradores do grupo a iniciar investigações próprias.
Em uma das apurações, um delegado disse que o sistema de apreensão e contagem de produtos da Delefaz (Delegacia de Crimes Fazendários) da PF em São Paulo poderia permitir "o estabelecimento de esquema de desvio de mercadorias, que pode chegar a valores mínimos em torno de R$ 1,5 milhão por ano", de acordo com a nota.
Outro caso investigado foi o do suposto desaparecimento de produtos apreendidos pela PF na galeria Pajé, centro comercial de produtos eletrônicos paulistano, em 2005.
A lista das investigações contra policiais federais foi entregue ao Ministério Público pelo corregedor regional da PF, Marcos Fernandes, no dia 17. Os casos são relativos a procedimentos internos abertos pela PF entre 2006 e 2008.
Os documentos serão analisados e os procuradores poderão responsabilizar autoridades que tenham sido omissas em relação à abertura de inquéritos e eventualmente tenham permitido a prescrição de crimes de policiais, informou o Ministério Público.
Ontem, em nota, a PF rebateu as acusações da Procuradoria. "[As] investigações foram iniciadas após criteriosa análise jurídica da Polícia Federal e não por ordem do MPF, até porque não há relação de hierarquia entre as instituições", de acordo com a PF.
O texto afirma que os fatos investigados se referem a apurações da própria PF e a "instauração dos inquéritos tem por objetivo demonstrar a transparência da conduta da instituição". Para a PF, a existência das investigações "não significa necessariamente que tais fatos foram praticados por servidores policiais".


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