UOL

São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO

Renan será mantido como líder do partido no Senado, e direção nacional suspende intervenção em São Paulo

PMDB indica Sarney para presidir Senado

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o aval do PT, o PMDB deu ontem o primeiro passo para apoiar e mais tarde integrar o governo Luiz Inácio Lula da Silva, ao firmar um acordo entre as diversas alas do partido que assegura a eleição do senador José Sarney (AP) para presidir o Senado.
Com o acordo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa a contar com aliados-chave nas duas Casas do Congresso Nacional. Antes, Lula já havia assegurado e eleição do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) para presidir a Câmara.
"Vamos abrir os trabalhos legislativos com mais tranquilidade e a boa vontade do PMDB para aprovar as reformas", disse o futuro líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Confirmando as expectativas peemedebistas, o senador petista disse ainda que o acordo "abre um caminho promissor entre o governo e o partido".
Monitoradas pelo governo, as correntes peemedebistas selaram o acordo na noite de quinta-feira, quando decidiram ignorar os protestos das alas que se opunham aos termos alinhavados desde a terça-feira passada.

Renan desiste
Assim, o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), retirou sua candidatura e passou a apoiar Sarney em troca de sua recondução ao cargo, apesar dos protestos do senador Pedro Simon (RS), que também ambicionava a função de líder. Mas Simon tem o apoio inclusive do PT para ser acomodado mais adiante.
Isso poderia ocorrer na renovação da direção do partido, prevista para novembro. Calheiros pode ser candidato, o que abriria espaço para Simon.
A reação do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, que queria destituir já o atual presidente da legenda, deputado Michel Temer (SP), chegou a colocar em risco o acordo. Mas Sarney, Calheiros e Temer resolveram ignorá-lo a partir do momento em que o governador Roberto Requião (PR) sinalizou que não seria obstáculo ao entendimento.

Fim da intervenção
Mesmo assim os três resolveram incluir nos termos do acordo a retirada da intervenção decretada pela Executiva Nacional no diretório paulista, que é controlado por Quércia. E Michel Temer teve de concordar em não se candidatar à reeleição em setembro.
A bancada na Câmara dos Deputados substituirá o líder Geddel Vieira Lima (BA), que ficará com um cargo burocrático na Mesa (1ª vice-presidência). O nome cotado é o do deputado Eunício Oliveira (CE), genro do ex-deputado federal Paes de Andrade (CE), um dos líderes da antiga dissidência. Mas deve haver disputa.
Além do governo Lula, que o apoiou, Sarney também levou tudo o que queria na disputa interna. Ele chegará à presidência do Senado com o aval da maioria do partido, o que não teria no caso de disputa interna. Nessa condição, será um interlocutor ainda mais forte, principalmente se conseguir manter unidas as correntes que articulou no acordo.
Para o ex-presidente da República (1985-1990), o acordo assegura que o governo terá a maioria do partido para aprovar as reformas. Mas dificilmente o governo terá todos os votos da legenda. "Unidade não é unanimidade", justificou o senador Sarney.
A adesão do PMDB deve dar mais estabilidade à maioria governista no Congresso Nacional: é provável que Lula tenha percentual de votos maior entre os 74 deputados e 20 senadores do PMDB do que Fernando Henrique Cardoso teve em seus oito anos de governo. Dos partidos da velha base, o PMDB era o mais infiel a FHC.
A curto prazo, o compromisso do PMDB com o governo federal é com a aprovação das reformas previdenciária, tributária e trabalhista. A médio prazo, a intenção de Sarney é "aprofundar" o relacionamento do PMDB com o Planalto, a fim de "integrá-lo" no governo petista. Leia-se: a ocupação efetiva de cargos.


Texto Anterior: Caso Silveirinha: Promotores querem fiscais afastados
Próximo Texto: PMDB deve formar base do governo, diz senador
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.