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CONGRESSO
Renan será mantido como líder do partido no Senado, e direção nacional suspende intervenção em São Paulo
PMDB indica Sarney para presidir Senado
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com o aval do PT, o PMDB deu
ontem o primeiro passo para
apoiar e mais tarde integrar o governo Luiz Inácio Lula da Silva, ao
firmar um acordo entre as diversas alas do partido que assegura a
eleição do senador José Sarney
(AP) para presidir o Senado.
Com o acordo, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva passa a
contar com aliados-chave nas
duas Casas do Congresso Nacional. Antes, Lula já havia assegurado e eleição do deputado federal
João Paulo Cunha (PT-SP) para
presidir a Câmara.
"Vamos abrir os trabalhos legislativos com mais tranquilidade e a
boa vontade do PMDB para aprovar as reformas", disse o futuro líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Confirmando as expectativas
peemedebistas, o senador petista
disse ainda que o acordo "abre
um caminho promissor entre o
governo e o partido".
Monitoradas pelo governo, as
correntes peemedebistas selaram
o acordo na noite de quinta-feira,
quando decidiram ignorar os
protestos das alas que se opunham aos termos alinhavados
desde a terça-feira passada.
Renan desiste
Assim, o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), retirou sua candidatura e passou a
apoiar Sarney em troca de sua recondução ao cargo, apesar dos
protestos do senador Pedro Simon (RS), que também ambicionava a função de líder. Mas Simon
tem o apoio inclusive do PT para
ser acomodado mais adiante.
Isso poderia ocorrer na renovação da direção do partido, prevista para novembro. Calheiros pode
ser candidato, o que abriria espaço para Simon.
A reação do ex-governador de
São Paulo Orestes Quércia, que
queria destituir já o atual presidente da legenda, deputado Michel Temer (SP), chegou a colocar
em risco o acordo. Mas Sarney,
Calheiros e Temer resolveram ignorá-lo a partir do momento em
que o governador Roberto Requião (PR) sinalizou que não seria
obstáculo ao entendimento.
Fim da intervenção
Mesmo assim os três resolveram incluir nos termos do acordo
a retirada da intervenção decretada pela Executiva Nacional no diretório paulista, que é controlado
por Quércia. E Michel Temer teve
de concordar em não se candidatar à reeleição em setembro.
A bancada na Câmara dos Deputados substituirá o líder Geddel
Vieira Lima (BA), que ficará com
um cargo burocrático na Mesa (1ª
vice-presidência). O nome cotado
é o do deputado Eunício Oliveira
(CE), genro do ex-deputado federal Paes de Andrade (CE), um dos
líderes da antiga dissidência. Mas
deve haver disputa.
Além do governo Lula, que o
apoiou, Sarney também levou tudo o que queria na disputa interna. Ele chegará à presidência do
Senado com o aval da maioria do
partido, o que não teria no caso de
disputa interna. Nessa condição,
será um interlocutor ainda mais
forte, principalmente se conseguir manter unidas as correntes
que articulou no acordo.
Para o ex-presidente da República (1985-1990), o acordo assegura que o governo terá a maioria
do partido para aprovar as reformas. Mas dificilmente o governo
terá todos os votos da legenda.
"Unidade não é unanimidade",
justificou o senador Sarney.
A adesão do PMDB deve dar
mais estabilidade à maioria governista no Congresso Nacional: é
provável que Lula tenha percentual de votos maior entre os 74 deputados e 20 senadores do PMDB
do que Fernando Henrique Cardoso teve em seus oito anos de governo. Dos partidos da velha base,
o PMDB era o mais infiel a FHC.
A curto prazo, o compromisso
do PMDB com o governo federal
é com a aprovação das reformas
previdenciária, tributária e trabalhista. A médio prazo, a intenção
de Sarney é "aprofundar" o relacionamento do PMDB com o Planalto, a fim de "integrá-lo" no governo petista. Leia-se: a ocupação
efetiva de cargos.
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