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CELSO DANIEL
Legista confirma tortura e comove senadores em CPI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O médico-legista Paulo Vasques reafirmou ontem na CPI dos
Bingos que o prefeito petista de
Santo André (SP) Celso Daniel,
assassinado a tiros em janeiro de
2002, foi torturado antes da morte. Ele também afirmou que foi
um "crime de mando". Sua explicação comoveu os senadores.
No depoimento seguinte, os delegados Edson Santi, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo) e
José Luna (Polícia Federal) afirmaram que o crime foi comum,
cometido por uma quadrilha de
seqüestradores. Eles não falaram
sobre tortura.
A Folha publicou no dia 17 que
Vasques confirmava a tortura, a
exemplo de seu colega legista Carlos Delmonte Printes, morto em
outubro, antes de depor à CPI. Ao
contrário de seu colega, Vasques
não fez a necropsia do corpo, esteve presente apenas no início e
assinou o laudo depois.
Morte do legista
Ontem, Vasques também apresentou à CPI o laudo sobre a morte de Delmonte, afastando a possibilidade de suicídio e assassinato. Essa última hipótese era uma
suspeita da CPI. Segundo o legista, seu colega morreu de asfixia
provocada por catarro, embora tivesse deixado bilhetes com intenção de se matar. Medicamentos
tomados por Delmonte teriam
evitado que ele tossisse, levando-o ao sufocamento.
As fotos do corpo de Daniel exibidas por Vasques para embasar
sua tese provocaram reação entre
os senadores. "Vendo essas fotos
eu me sinto tão idiota de ter lido
[nos jornais] que não houve tortura", disse o senador Wellington
Salgado (PMDB-MG), que deixou
a sala alegando estar comovido. O
líder do PFL no Senado, Agripino
Maia (PFL-RN), também afirmou
estar chocado com as fotos, mas
continuou na sessão.
O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu para que
fossem projetadas novamente as
fotos- o que ocorreu- e depois
perguntou ao senador Eduardo
Suplicy (PT-SP) se ele achava que
Daniel foi torturado. Suplicy disse
acreditar que sim.
Para a polícia, Celso Daniel não
foi torturado, mas vítima de um
seqüestro comum seguido de
morte. Essa também é a versão
defendida pela maioria no PT.
O Ministério Público de São
Paulo e a CPI suspeitam que Daniel foi morto por contrariar esquema de corrupção de caixa dois
do PT na prefeitura.
Ele teria sido torturado para dizer o que sabia. O mandante seria
o empresário Sérgio Gomes da
Silva, que nega. A tortura indica
crime de mando, o que levou Vasques a descartar seqüestro relâmpago ou comum e latrocínio.
Ainda segundo o legisla, o primeiro laudo de Delmonte (sem
anexos explicativos), assinado em
fevereiro de 2002, apontava que
Daniel tinha sido torturado. "Foi
uma falha, ele não ter escrito a palavra tortura [no laudo]", afirmou
Vasques, informando que a referência só seria feita nos anexos
"logo depois".
(HC E LF)
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