São Paulo, segunda, 25 de janeiro de 1999

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Medidas serão insuficientes

da Sucursal de Brasília

Mesmo que o governo consiga aprovar toda a sua proposta de ajuste fiscal no Congresso, as recentes mudanças na economia indicam que serão necessários novos aumentos de impostos ou cortes de gastos para cumprir as promessas feitas ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na tentativa de restaurar sua credibilidade, o governo se comprometeu no ano passado a reduzir o déficit público de R$ 72,8 bilhões, estimados para 98, para R$ 42,6 bilhões já neste ano.
Pelo planejamento inicial, esse resultado seria conseguido com duas providências. A primeira, aumento de impostos e cortes de gastos destinados a garantir que as receitas do Estado superem as despesas em R$ 23,4 bilhões, sem contar os juros da dívida pública.
A segunda, reduzir os juros a algo como 20% ao ano até dezembro, de forma a evitar uma nova explosão dos encargos da dívida federal.
No entanto, a desvalorização do real promovida nas últimas semanas e a necessidade de promover nova alta dos juros derrubaram o cenário traçado pelos técnicos da equipe econômica e do FMI.
Com o dólar 40% mais caro, cresce também o valor em reais da dívida externa do setor público -que em outubro, segundo os dados mais atualizados do BC, estava em R$ 51,5 bilhões, descontado o valor das reservas em dólar do BC.
O governo também tem uma dívida interna formada por títulos corrigidos pela variação cambial. Esses papéis, em dezembro, somavam R$ 67,087 bilhões em títulos atrelados ao câmbio.
Tomando por base esse volume, uma valorização de 40% na cotação do dólar significa uma despesa extra de R$ 26,8 bilhões.
A redução dos juros também foi adiada por prazo indeterminado. Com a desvalorização cambial e o encarecimento dos produtos importados, as taxas do Banco Central foram elevadas de 30% para 32,5% ao ano para evitar uma alta excessiva da inflação.
Como será muito difícil obter apoio político para tomar medidas que compensem essas despesas adicionais, o governo deverá tentar rever as metas do acordo com o FMI, que prevê empréstimos de US$ 41,5 bilhões ao país.
No entanto, continua a necessidade de reduzir drasticamente o déficit público para convencer os investidores externos -e os credores internos- de que o governo conseguirá pagar suas dívidas.



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