|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Medidas serão insuficientes
da Sucursal de Brasília
Mesmo que o governo consiga
aprovar toda a sua proposta de
ajuste fiscal no Congresso, as recentes mudanças na economia indicam que serão necessários novos
aumentos de impostos ou cortes
de gastos para cumprir as promessas feitas ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na tentativa de restaurar sua credibilidade, o governo se comprometeu no ano passado a reduzir o
déficit público de R$ 72,8 bilhões,
estimados para 98, para R$ 42,6 bilhões já neste ano.
Pelo planejamento inicial, esse
resultado seria conseguido com
duas providências. A primeira, aumento de impostos e cortes de gastos destinados a garantir que as receitas do Estado superem as despesas em R$ 23,4 bilhões, sem contar
os juros da dívida pública.
A segunda, reduzir os juros a algo como 20% ao ano até dezembro, de forma a evitar uma nova
explosão dos encargos da dívida
federal.
No entanto, a desvalorização do
real promovida nas últimas semanas e a necessidade de promover
nova alta dos juros derrubaram o
cenário traçado pelos técnicos da
equipe econômica e do FMI.
Com o dólar 40% mais caro, cresce também o valor em reais da dívida externa do setor público
-que em outubro, segundo os dados mais atualizados do BC, estava
em R$ 51,5 bilhões, descontado o
valor das reservas em dólar do BC.
O governo também tem uma dívida interna formada por títulos
corrigidos pela variação cambial.
Esses papéis, em dezembro, somavam R$ 67,087 bilhões em títulos
atrelados ao câmbio.
Tomando por base esse volume,
uma valorização de 40% na cotação do dólar significa uma despesa
extra de R$ 26,8 bilhões.
A redução dos juros também foi
adiada por prazo indeterminado.
Com a desvalorização cambial e o
encarecimento dos produtos importados, as taxas do Banco Central foram elevadas de 30% para
32,5% ao ano para evitar uma alta
excessiva da inflação.
Como será muito difícil obter
apoio político para tomar medidas
que compensem essas despesas
adicionais, o governo deverá tentar rever as metas do acordo com o
FMI, que prevê empréstimos de
US$ 41,5 bilhões ao país.
No entanto, continua a necessidade de reduzir drasticamente o
déficit público para convencer os
investidores externos -e os credores internos- de que o governo
conseguirá pagar suas dívidas.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|