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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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NO AR

Respeito às famílias

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

O Pentágono enviou às redes americanas a solicitação de "não transmitir imagens que possam identificar prisioneiros de guerra".
Foi depois dos pedidos feitos na TV pelo secretário de Defesa e por chefes militares. Um desses disse que a exibição era "totalmente inaceitável".
E assim foi. A CNN sumiu com as poucas cenas que mostrava, a CBS também, até a Telemundo. As demais nem chegaram a mostrar alguma coisa.
E seus apresentadores passaram a sustentar, na linha do Pentágono, falando em Convenção de Genebra e "respeito às famílias", que tais imagens não podem ser exibidas.
Para ver alguma coisa, o telespectador americano teria que se voltar para a internet ou torcer para algum canal estrangeiro passar, na TV paga.
É uma guerra à parte que o Pentágono está travando -e vencendo. A guerra por corações e mentes. A guerra de pesquisas, em que George W. Bush está aprovado como nunca.
 
A maior aliada de Bush e equipe, na guerra de propaganda, é a News Corporation, de Rupert Murdoch.
Foi a Fox News, parte da News, que deu o "furo" da descoberta de uma fábrica de armas químicas pelas forças anglo-americanas. A informação era questionada ontem por CNN e NBC. A fábrica teria sido abandonada há anos.
Mas a verdade sobre as armas não é o que importa -e sim o efeito que as notícias teriam, em dois dias tão ruins para a causa anglo-americana.
Ela sim uma arma, a rede de emissoras do australiano naturalizado americano Rupert Murdoch se estende pelo globo e só faz crescer.
A Fox News passou a CNN em audiência nos Estados Unidos e avançou suas transmissões pela América Latina.
A Sky News, a emissora da News para a Europa, também já vence a BBC na Grã-Bretanha. Na cobertura da guerra, passou dos 9% de audiência, contra 2% da BBC News 24.
E vem aí a Star News, uma versão da Fox News e da Sky News para a Ásia. Murdoch programou o lançamento para o início de abril -a tempo de pegar a guerra.
 
Uns três mísseis foram parar no Irã. Outro derrubou um jato e matou dois britânicos. Outro matou cinco sírios num ônibus. Sem contar os civis por todas as cidades do Iraque.
Até os porta-vozes americanos têm evitado falar em "bombas inteligentes".


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