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NO AR
Respeito às famílias
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
O Pentágono enviou às
redes americanas a solicitação de "não transmitir imagens que possam identificar prisioneiros de guerra".
Foi depois dos pedidos feitos
na TV pelo secretário de Defesa
e por chefes militares. Um desses
disse que a exibição era "totalmente inaceitável".
E assim foi. A CNN sumiu com
as poucas cenas que mostrava, a
CBS também, até a Telemundo.
As demais nem chegaram a
mostrar alguma coisa.
E seus apresentadores passaram a sustentar, na linha do
Pentágono, falando em Convenção de Genebra e "respeito às famílias", que tais imagens não
podem ser exibidas.
Para ver alguma coisa, o telespectador americano teria que se
voltar para a internet ou torcer
para algum canal estrangeiro
passar, na TV paga.
É uma guerra à parte que o
Pentágono está travando -e
vencendo. A guerra por corações
e mentes. A guerra de pesquisas,
em que George W. Bush está
aprovado como nunca.
A maior aliada de Bush e
equipe, na guerra de propaganda, é a News Corporation, de
Rupert Murdoch.
Foi a Fox News, parte da
News, que deu o "furo" da descoberta de uma fábrica de armas químicas pelas forças anglo-americanas. A informação
era questionada ontem por
CNN e NBC. A fábrica teria sido
abandonada há anos.
Mas a verdade sobre as armas
não é o que importa -e sim o
efeito que as notícias teriam, em
dois dias tão ruins para a causa
anglo-americana.
Ela sim uma arma, a rede de
emissoras do australiano naturalizado americano Rupert
Murdoch se estende pelo globo e
só faz crescer.
A Fox News passou a CNN em
audiência nos Estados Unidos e
avançou suas transmissões pela
América Latina.
A Sky News, a emissora da
News para a Europa, também já
vence a BBC na Grã-Bretanha.
Na cobertura da guerra, passou
dos 9% de audiência, contra 2%
da BBC News 24.
E vem aí a Star News, uma
versão da Fox News e da Sky
News para a Ásia. Murdoch
programou o lançamento para
o início de abril -a tempo de
pegar a guerra.
Uns três mísseis foram parar
no Irã. Outro derrubou um jato
e matou dois britânicos. Outro
matou cinco sírios num ônibus.
Sem contar os civis por todas as
cidades do Iraque.
Até os porta-vozes americanos
têm evitado falar em "bombas
inteligentes".
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