São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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CONGRESSO
Garota de 19 anos ganha R$ 4 mil para trabalhar meio expediente
Secretário-geral do Senado emprega filha e mulher

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

O secretário-geral do Senado, Raimundo Carreiro, tem mulher e filha ocupando cargos em comissão no Senado.
A filha Juliana, de 19 anos, ganha R$ 4.148 para trabalhar meio expediente no gabinete da liderança do governo. A mulher, Maria José, é assessora do diretor-geral, Agaciel Maia, cuja mulher, Sânzia, por sua vez, trabalha com Carreiro.
A diferença é que Sânzia é servidora efetiva do Senado no cargo de analista legislativo, enquanto a filha e a mulher de Carreiro ocupam apenas cargos em comissão.
O secretário-geral e o diretor-geral são os mais altos funcionários do Senado e prestam assessoria direta ao presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que tem combatido e criticado o nepotismo no Poder Judiciário.
A contratação mais recente é a da filha de Carreiro, que é estudante de direito.
Em fevereiro, a pedido do pai, o líder interino, Romeu Tuma (PFL-SP), a nomeou secretária parlamentar do gabinete da liderança do governo. "Todo mundo tem família aqui", disse Carreiro, negando tratar-se de nepotismo.
Procurado, ACM preferiu não fazer comentários. Perguntou aos assessores se a contratação era ilegal. Foi informado de que não era, por se tratar de cargo de confiança, de livre provimento pelo senador.
Carreiro confirmou ter feito o pedido a Tuma e disse que ACM não sabia de nada. "Fui eu que pedi. O presidente Antonio Carlos Magalhães nem sabe. Não foi ele que nomeou e ele não controla o gabinete de ninguém", afirmou.
Juliana estava desempregada. "O Carreiro me pediu que a contratasse. Como tinha vaga, eu disse que ele poderia trazê-la, se fosse legal", disse Tuma. Informado de que Juliana passa boa parte do tempo estudando, ele respondeu: "É natural que quem não tem missão especial para fazer vá estudar e buscar se aprimorar".
A mulher de Carreiro, Maria José, funcionária aposentada do TCU (Tribunal de Contas da União), também ocupa, há dois anos, cargo de confiança na Diretoria Geral do Senado. O salário é de R$ 4.880.
Enquanto isso, Sânzia Maia, mulher do diretor-geral, Agaciel Maia -que contratou Maria José-, trabalha na Secretaria Geral com Carreiro.
A mulher de Agaciel não é concursada, mas foi efetivada pelo artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que deu estabilidade aos servidores públicos que trabalhavam havia pelo menos cinco anos no Serviço Público até a promulgação da Constituição de 88.
"Ela é uma funcionária excelente. É conhecida como anjo da guarda da Secretaria Geral", disse Carreiro.


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