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CONGRESSO
Garota de 19 anos ganha R$ 4 mil para trabalhar meio expediente
Secretário-geral do Senado
emprega filha e mulher
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O secretário-geral do Senado,
Raimundo Carreiro, tem mulher e
filha ocupando cargos em comissão no Senado.
A filha Juliana, de 19 anos, ganha
R$ 4.148 para trabalhar meio expediente no gabinete da liderança do
governo. A mulher, Maria José, é
assessora do diretor-geral, Agaciel
Maia, cuja mulher, Sânzia, por sua
vez, trabalha com Carreiro.
A diferença é que Sânzia é servidora efetiva do Senado no cargo de
analista legislativo, enquanto a filha e a mulher de Carreiro ocupam
apenas cargos em comissão.
O secretário-geral e o diretor-geral são os mais altos funcionários
do Senado e prestam assessoria direta ao presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
que tem combatido e criticado o
nepotismo no Poder Judiciário.
A contratação mais recente é a da
filha de Carreiro, que é estudante
de direito.
Em fevereiro, a pedido do pai, o
líder interino, Romeu Tuma (PFL-SP), a nomeou secretária parlamentar do gabinete da liderança
do governo. "Todo mundo tem família aqui", disse Carreiro, negando tratar-se de nepotismo.
Procurado, ACM preferiu não fazer comentários. Perguntou aos
assessores se a contratação era ilegal. Foi informado de que não era,
por se tratar de cargo de confiança,
de livre provimento pelo senador.
Carreiro confirmou ter feito o
pedido a Tuma e disse que ACM
não sabia de nada. "Fui eu que pedi. O presidente Antonio Carlos
Magalhães nem sabe. Não foi ele
que nomeou e ele não controla o
gabinete de ninguém", afirmou.
Juliana estava desempregada. "O
Carreiro me pediu que a contratasse. Como tinha vaga, eu disse que
ele poderia trazê-la, se fosse legal",
disse Tuma. Informado de que Juliana passa boa parte do tempo estudando, ele respondeu: "É natural
que quem não tem missão especial
para fazer vá estudar e buscar se
aprimorar".
A mulher de Carreiro, Maria José, funcionária aposentada do
TCU (Tribunal de Contas da
União), também ocupa, há dois
anos, cargo de confiança na Diretoria Geral do Senado. O salário é
de R$ 4.880.
Enquanto isso, Sânzia Maia, mulher do diretor-geral, Agaciel Maia
-que contratou Maria José-,
trabalha na Secretaria Geral com
Carreiro.
A mulher de Agaciel não é concursada, mas foi efetivada pelo artigo 19 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, que
deu estabilidade aos servidores
públicos que trabalhavam havia
pelo menos cinco anos no Serviço
Público até a promulgação da
Constituição de 88.
"Ela é uma funcionária excelente. É conhecida como anjo da guarda da Secretaria Geral", disse Carreiro.
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