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Badan não comprova altura de Suzana
MAURÍCIO SIMIONATO
da Folha Campinas
O médico legista Fortunato Badan Palhares apresentou ontem
em Campinas (a 99 km de São Paulo) fotos que não foram incluídas
no laudo oficial da morte de Paulo
César Farias, ocorrida em 1996,
mas não comprovou a verdadeira
altura de Suzana Marcolino da Silva, namorada do empresário.
Fotografias obtidas pela Folha
mostram que a altura de Suzana é
menor que a apresentada por Badan no laudo, utilizado para a conclusão do inquérito policial que
apura a morte do casal.
O legista mostrou aos jornalistas
ontem uma foto de Suzana com
Ana Luiza Marcolino Noaro, sua
irmã, que, segundo ele, é capaz de
"derrubar" a tese apresentada pela
Folha.
Na foto de Badan, Suzana e Ana
Luiza teriam praticamente a mesma altura. Ana Luiza tem altura
próxima a 1,67 m. Suzana aparece
de lado -com os saltos dos sapatos à mostra-, e Ana Luiza permanece em um ângulo (de frente)
que não permite visualizar o tipo
de sapato usado por ela na ocasião.
O legista não permitiu que a imagem fosse reproduzida.
Ana Luiza, 38, irmã mais velha
de Suzana Marcolino, disse ontem
à Folha que Badan Palhares errou
ao dizer que as duas tinham a mesma altura. ""Suzana tinha 1,58 m.
Eu tenho 1,67 m. Ela usava saltos
altíssimos. Eu sempre usava saltos
mais baixos. Ninguém na face da
terra vai dizer que minha irmã tinha 1,67 m. É um absurdo."
""Qualquer pessoa que nos viu
adultas sabe que ela era baixinha e
eu era bem maior", afirmou ela.
Justiça
Badan disse também ter provas
suficientes para para mostrar que a
fotografia apresentada na edição
de anteontem da Folha não ""condiz com a realidade". No entanto,
ele disse que só dará mais detalhes
de suas provas à Justiça.
O laudo de Badan aponta que Suzana teria 1,67 m, quatro centímetros a mais que PC.
Em outra fotografia exibida por
Badan, Suzana está na mesa de necropsia, onde aparece de corpo inteiro. Mas o ângulo em que a fotografia foi feita também impede a
comprovação de sua estatura.
As fotos não constam do primeiro laudo feito pela equipe de peritos. De acordo com Badan, as fotografias foram acrescentadas ao
processo em 1997.
Badan apresentou cópias de documento oficiais da Secretaria Pública de Alagoas em que aparece a
altura de Suzana como 1, 67 m. Para a confecção desses documentos,
a idade é declarada pela pessoa,
sem comprovação de exames.
""Também tenho fotos de Suzana
com pessoas de convívio dela e que
estão vivas", disse.
Ele afirmou que Suzana possui
em torno de 1,67 m. ""Pelos elementos que nós colhemos, não temos dados que nos possam levar a
pensar de outra forma. O perito
tem que se basear nos elementos
colhidos e materializados", disse.
O legista admite no entanto ter
cometido pelo menos uma falha
no laudo. ""Nós cometemos uma
única falha nesse processo. Nós
não anotamos no laudo a estatura
dela, mas, em contrapartida, no
próprio laudo existe uma citação
de que nós utilizamos uma pessoa
com as mesmas características físicas de Suzana, para tentar refazer o
local do crime", disse Badan.
De acordo com o legista, a altura
de Suzana faz parte de um ""detalhe
que naquele momento não era ou
não parecia ser importante".
O próprio legista disse, em artigo
publicado na Folha, que, estando
errada a altura, as conclusões do
laudo estariam comprometidas.
O laudo dele aponta que Suzana
matou PC e depois se suicidou.
""Está havendo uma má interpretação em cima do que eu disse. Eu
disse e escrevi que quem parte de
uma premissa errada de altura de
Suzana chegará obrigatoriamente
ao erro de interpretação. É preciso
interpretar todos os elementos que
envolvem essa altura."
A equipe que assina o laudo é
composta por 11 legistas.
""É uma falha que nos parecia ser
menos importante e nos passou
batido. Confessamos que existe,
mas que não pode invalidar o laudo. As provas que constam nesse
laudo são muitos mais expansivas
do que esse fato", disse.
Badan disse já que já tinha conhecimento da fotografia apresentada pela Folha na edição de anteontem. ""Eu não queria contestar
absolutamente nada nessa foto
que deve passar provavelmente
por uma perícia. Resta saber como
é que as pessoas vão interpretá-la".
Colaborou
Mário Magalhães, enviado especial
a Maceió
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