São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

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Críticos apontam risco de perda de mercado

DA SUCURSAL DO RIO

Se acabar com a Tarifa Externa Comum do Mercosul, que é pautada pelas tarifas brasileiras, o Brasil perderá mercado para outros países, como a China, nos três vizinhos do bloco -e principalmente na Argentina, seu terceiro maior parceiro comercial.
Além disso, a ideia de que sozinho será mais fácil negociar acordos corre o risco de ser frustada pelo protecionismo agrícola de grandes mercados, como EUA e Europa, e pela abertura que teria que ser feita no setor industrial brasileiro, bastante protegido.
Esses são alguns dos argumentos dos que criticam a proposta de José Serra (PSDB).
Seus defensores dizem que ela criaria regras mais estáveis no Mercosul -hoje nem união aduaneira nem zona de livre comércio perfeitas- e que liberaria o país para ousar mais, driblando o descompasso entre as políticas econômicas brasileira e argentina.
Em estudo de 2007, o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, afirma que é possível "flexibilizar" o Mercosul sem o custo político de mexer nos tratados fundadores do bloco.
Ele sugere mudar a resolução 32, aprovada em 2000, que veta a negociação individual de tratados com terceiros -exceto os membros da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração), com os quais já havia acordos de preferências tarifárias antes do Mercosul.
Diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento, Sandra Polónia Rios concorda em que, formalmente, revogar a resolução 32 bastaria. Mas o espírito dos tratados seria afetado. "Quebra-se a ideia de que juntos teremos maior poder de barganha. É difícil politicamente porque é reconhecer o fracasso dessa tentativa de integração profunda."
Ela diz que a mudança poderia criar mais incerteza entre os agentes externos. A União Europeia, por exemplo, tem mandato para negociar com o Mercosul -se for só com o Brasil, terá que haver nova decisão dos europeus. Para Rios, o Brasil deve abrir mais seus mercados aos vizinhos sul-americanos, que concentram a demanda por seus produtos industriais, a fim de obter contrapartidas em avanço comercial. (CA)


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