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MERCADO
Diretor da Febraban afirma que Conselho de Recursos ajuda a equilibrar abusos da fiscalização do BC
Para instituições, práticas eram normais
da Reportagem Local
O diretor jurídico da Febraban
(Federação Brasileira das Associações de Bancos), Otto Steiner Júnior, diz que o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional é útil para o governo e para o
sistema bancário. "É um balizador, pois a fiscalização do Banco
Central às vezes comete abusos".
Antônio Carlos Castrucci,
ex-presidente do Digibanco, diz
que Naji Nahas era cliente da corretora do banco e tomador de empréstimo de uma "conta de participação", uma "personalidade jurídica criada pelo banco e que era
administrada pela corretora".
"Erroneamente, o BC viu nisso
uma operação de empréstimo do
banco à corretora", diz Castrucci.
Antônio Hermann Dias Menezes
de Azevedo, ex-vice-presidente do
Banco Itamarati, diz que o banco
fez um adiantamento para futuro
aumento de capital, com conferência de crédito (ou seja, a concessão, por antecipação, de um
crédito contra terceiros).
"O fiscal do BC entendeu que
era uma cessão de crédito, não
permitida. Entramos com pedido
de 'habeas corpus', trancando a
ação." A assessoria do Boavista informou que a instituição recorreu
na Justiça. Procurado pela Folha, o
Bradesco não se manifestou.
A diretoria jurídica do Unibanco
diz que a multa pelas supostas operações "casadas" deveu-se a
"simples concessões de empréstimos a empresas corretoras e de arrendamento mercantil que não
possuíam qualquer ligação com o
banco, inexistindo vedação legal".
Em nota, o Unibanco diz que
"os demais empréstimos, concedidos por outros bancos à Unibanco Leasing e à distribuidora do
grupo, não eram igualmente passíveis de vedação legal".
"Tanto o Unibanco quanto as
outras instituições arroladas assumiram real e efetivamente os riscos pelos créditos que concederam, mediante a celebração dos
respectivos contratos, os quais foram precedidos das devidas análises de crédito, realizadas com base
em elementos regularmente exigidos no mercado financeiro."
Para o Unibanco, "a norma dita
como infringida não estabelece
parâmetros para a caracterização
de elevação artificiosa de depósito". "As operações foram realizadas com mais de 20 bancos, entre
os mais conceituados do país, tendo sido as mesmas, por eles, corretamente contabilizadas".
"O ordenamento jurídico brasileiro não prevê proibição às operações de depósitos interfinanceiros
com as mesmas condições de prazo, taxa e valor. São operações regulares e fazem parte da prática do
mercado financeiro".
O banco diz que as operações
"não implicaram aumento ou redução artificial do patrimônio líquido (situação patrimonial) e dos
resultados (lucros, situação financeira) e representaram apenas um
percentual irrelevante na análise
das demonstrações financeiras
(1% a 5% do total dos depósitos)".
A nota diz que auditoria externa
concluiu que, excluídas as operações apontadas pelo BC, não houve alteração na colocação do Unibanco no 'ranking', em comparação com as demais instituições".
Bahia e Noroeste
Pedro Henrique Bittencourt, do
Banco da Bahia de Investimentos,
diz que a multa refere-se a "operação feita há sete ou oito anos, diante da premência de recuperação de
crédito do banco, com a intervenção de uma subsidiária".
"Foi julgada como tendo rompido a separação absoluta entre o
banco e a empresa não-financeira.
Recorremos, alegamos prescrição,
e fomos derrotados. Não sou um
juiz togado e não creio que o fato
tenha sido perturbador da minha
capacidade de julgar nem da minha moral perante o mercado".
O Noroeste informou que suspendeu a punição no Judiciário. O
diretor-jurídico do banco, Otto
Steiner Júnior, diz que a punição
ocorreu porque, entre 250 créditos
que o banco havia cedido à financeira, no total de US$ 3 milhões,
havia um crédito em liquidação,
que não poderia ter sido cedido.
Alfredo Rizkallah, presidente da
Bovespa, atribui o processo ao Plano Collor, que gerou situações desiguais para os clientes.
O plano deixou alguns clientes
"amarrados" em operações compromissadas (compromissos verbais). O BC recebeu a reclamação
de dois clientes, e os fiscais detectaram, na corretora, erros de digitação. Como era diretor de operação, ele também foi multado.
Raymundo Magliano Filho diz
que "nenhum cliente foi lesado, o
fisco não foi lesado, as multas são
devidas a aspectos técnicos e formais". "Na época do 'open', todo
mundo fazia compromisso verbal", afirma.
Luiz Idelfonso Simões Lopes, diretor da Magliano à época da operação, agora vice-presidente do
Banco Brascan, diz que até hoje
discorda das multas que levou.
Ele diz que a corretora tinha títulos em carteira financiados no
overnight (operação financeira
com prazo de 24 horas). Segundo
ele, havia uma tributação que prejudicava o cliente, caso a corretora
fizesse a operação de recompra
num prazo menor.
Esses títulos -negociados com
compromisso verbal- foram
vendidos em aberto para clientes
(sem prazo de resgate determinado). Segundo ele, devido ao custo
do financiamento, estavam acima
do preço do mercado.
Simões diz que poderia recomprar e vender de novo a um preço
mais baixo. Mas preferiu constituir provisão, no balanço, da diferença entre o preço do mercado e o
que estava contabilizado. O BC entendeu que essa provisão não poderia ter sido feita. "O mercado
inteiro operava assim", diz.
(FV)
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