São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Planalto pretende dividir atenções e minimizar desgaste político com investigação simultânea das privatizações do governo FHC

Governo manobra e anuncia CPI das elétricas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal obteve ontem uma vitória na estratégia de tentar reduzir o impacto político da eventual CPI dos Correios, com a promessa de instalação praticamente simultânea de outra comissão de inquérito, para investigar o setor elétrico.
Líderes governistas esperam que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Setor Elétrico divida as atenções da mídia com a investigação sobre um suposto esquema de cobrança de propinas nos Correios, com funcionários supostamente ligados ao PTB.
A instalação foi decidida ontem pela manhã durante uma reunião dos líderes de bancadas com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Ela ocorrerá na semana que vem, provavelmente na quarta-feira.

Privatizações
A CPI terá como foco maior a investigação das privatizações do setor elétrico, principalmente na gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). "A oposição do setor elétrico vai provocar debate, e uma investigação sobre o governo passado. Taticamente falando, ela acaba por dividir atenções", disse o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES).
A comissão do setor elétrico está pronta para ser instalada. Ela foi criada no ano passado, ainda na gestão do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) na Presidência da Câmara, e entrou na fila das CPIs para instalação.
Seus integrantes estão indicados há cerca de dois meses, mas a instalação não tinha ocorrido ainda por falta de quórum. O assunto voltou à tona na semana passada, quando o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), ameaçou pressionar pela instalação da CPI como forma de retaliar caso a dos Correios ganhasse vida.

PFL
Ontem, na reunião dos líderes, o representante do PFL, Rodrigo Maia (RJ), cobrou de Severino a instalação da CPI do setor elétrico para que a oposição não ficasse sob suspeição. O presidente da Câmara concordou e obteve dos líderes presentes o compromisso de marcar presença na próxima tentativa de instalação.
Nem todos estão satisfeitos com a estratégia dos governistas, no entanto. Há o temor de que investigações sobre casos como o da compra da Eletropaulo pela norte-americana AES acabem por afugentar investimentos no setor.
"A CPI do setor elétrico é pior em termos de investigação que a dos Correios. É muito mais complicada", disse o líder do PP, deputado José Janene (PR).
O líder da oposição na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), pediu responsabilidade na investigação: "Ninguém quer investir onde a água está turva. Essa é uma CPI que ninguém quer, todo mundo acha inútil e perigosa, mas ninguém sabem como matar", declarou.
(FÁBIO ZANINI E RANIER BRAGON)


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