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GOVERNO SOB PRESSÃO
Planalto pretende dividir atenções e minimizar desgaste político com investigação simultânea das privatizações do governo FHC
Governo manobra e anuncia CPI das elétricas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal obteve ontem uma vitória na estratégia de
tentar reduzir o impacto político
da eventual CPI dos Correios,
com a promessa de instalação
praticamente simultânea de outra
comissão de inquérito, para investigar o setor elétrico.
Líderes governistas esperam
que a CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) do Setor Elétrico divida as atenções da mídia com a
investigação sobre um suposto
esquema de cobrança de propinas
nos Correios, com funcionários
supostamente ligados ao PTB.
A instalação foi decidida ontem
pela manhã durante uma reunião
dos líderes de bancadas com o
presidente da Câmara, Severino
Cavalcanti (PP-PE). Ela ocorrerá
na semana que vem, provavelmente na quarta-feira.
Privatizações
A CPI terá como foco maior a
investigação das privatizações do
setor elétrico, principalmente na
gestão de Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002). "A oposição do setor elétrico vai provocar
debate, e uma investigação sobre
o governo passado. Taticamente
falando, ela acaba por dividir
atenções", disse o líder do PSB na
Câmara, Renato Casagrande (ES).
A comissão do setor elétrico está pronta para ser instalada. Ela
foi criada no ano passado, ainda
na gestão do deputado federal
João Paulo Cunha (PT-SP) na
Presidência da Câmara, e entrou
na fila das CPIs para instalação.
Seus integrantes estão indicados há cerca de dois meses, mas a
instalação não tinha ocorrido ainda por falta de quórum. O assunto
voltou à tona na semana passada,
quando o vice-líder do governo
na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), ameaçou
pressionar pela instalação da CPI
como forma de retaliar caso a dos
Correios ganhasse vida.
PFL
Ontem, na reunião dos líderes, o
representante do PFL, Rodrigo
Maia (RJ), cobrou de Severino a
instalação da CPI do setor elétrico
para que a oposição não ficasse
sob suspeição. O presidente da
Câmara concordou e obteve dos
líderes presentes o compromisso
de marcar presença na próxima
tentativa de instalação.
Nem todos estão satisfeitos com
a estratégia dos governistas, no
entanto. Há o temor de que investigações sobre casos como o da
compra da Eletropaulo pela norte-americana AES acabem por
afugentar investimentos no setor.
"A CPI do setor elétrico é pior
em termos de investigação que a
dos Correios. É muito mais complicada", disse o líder do PP, deputado José Janene (PR).
O líder da oposição na Câmara,
deputado José Carlos Aleluia
(PFL-BA), pediu responsabilidade na investigação: "Ninguém
quer investir onde a água está turva. Essa é uma CPI que ninguém
quer, todo mundo acha inútil e
perigosa, mas ninguém sabem como matar", declarou.
(FÁBIO ZANINI E RANIER BRAGON)
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