São Paulo, segunda-feira, 25 de maio de 2009

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Roseana diz que assumiu Estado "afogado"

Secretário da Casa Civil do governo Jackson Lago afirma ter deixado dinheiro em caixa antes da posse da peemedebista

Roseana obteve na Justiça a devolução de R$ 300 mi pagos a prefeituras e anulou na Assembleia um reajuste de 12% para a Polícia Militar

Secom - 29.abr.09
Roseana percorre rio no Maranhão para visitar desabrigados


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Um mês após assumir o governo do Maranhão no lugar de Jackson Lago (PDT), cassado pela Justiça Eleitoral, a governadora Roseana Sarney (PMDB) diz que encontrou o Estado em "estado de calamidade e caos administrativo".
A dias de sair de licença para ser operada de um aneurisma, Roseana diz achar "pouco" os R$ 120 milhões que o Ministério da Integração Nacional irá mandar ao Estado para custeio das famílias flageladas e para obras de recuperação.
"O Maranhão está há mais tempo com o problema [de alagamentos] e é o Estado mais prejudicado", disse Roseana sobre as chuvas: "Até agora não houve nenhuma ajuda em termos de recursos".
A governadora, porém, evita fazer críticas ao ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), seu correligionário. "De certo modo é até explicável [a falta de ajuda financeira], porque os municípios ainda estão embaixo de chuva". A entrevista foi concedida à Folha na quinta.
Aderson Lago, secretário da Casa Civil da gestão anterior, diz que havia dinheiro em caixa antes da posse de Roseana.
Desde março, as chuvas já mataram 13 pessoas e atingiram mais de 397 mil moradores de 105 cidades do Estado.
Além das chuvas, Roseana também lida com um problema de caixa. A governadora diz não saber quanto tem para gastar e critica Lago, que, segundo ela, comprometeu as receitas do Estado antes de deixar o cargo.
"O Estado também estava de forma figurada debaixo d'água. Estava afogado em vários sentidos", diz. "Temos problemas emergenciais e estamos com a receita caindo e as despesas subindo. Tivemos a irresponsabilidade do governo anterior em comprometer as receitas."
A Secretaria da Infraestrutura estima que serão necessários R$ 180 milhões para recuperar emergencialmente as rodovias estaduais danificadas.
Para ela, a restauração das estradas e a contrapartida do Estado -fornecimento do terreno e construção de vias de acessos- para a instalação de uma refinaria da Petrobras serão prioridades do governo.
Segundo o secretário da Infraestrutura, Max Barros, o orçamento da pasta foi praticamente zerado pelo governo anterior em razão de convênios firmados com prefeituras. "Encontramos a secretaria com um orçamento de cerca de R$ 22 milhões. O governo anterior empenhou e gastou R$ 489 milhões", diz Barros.
Mas Roseana obteve na Justiça a devolução de cerca de R$ 300 milhões pagos a prefeituras. Para fazer caixa para os investimentos, ela conseguiu derrubar na Assembleia um reajuste de 12% para a Polícia Militar, no primeiro teste de sua nova base no Legislativo.
A governadora determinou também um corte de 10% no orçamento das secretarias. Segundo o secretário de Planejamento e Orçamento, Gastão Vieira, os pagamentos de obras foram suspensos. "Em praticamente um mês em que a governadora está no cargo, não liberamos nada para projetos, a não ser coisas emergenciais."
Roseana negocia um financiamento de R$ 288 milhões, prometido pelo presidente Lula em razão da queda do FPE (Fundo de Participação dos Estados), que, segundo ela, deverá ser utilizado na restauração de 1.280 km de rodovias.
Sobre a cirurgia, que deverá afastá-la do cargo por cerca de um mês, diz estar tranquila. "Consegui montar uma boa equipe. Vou tranquila, já com todos orientados." Ela será internada em 2 ou 3 de junho.


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