São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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CAMPANHA

Presidenciável nega estar arrependido de disputar Planalto, mas discurso se assemelha ao de candidato a governador

Garotinho lamenta saída do governo do Rio

MURILO FIÚZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O candidato Anthony Garotinho (PSB) lamentou ontem, pela primeira vez, o fato de ter renunciado ao governo do Rio de Janeiro para concorrer à Presidência.
Em crítica à administração da governadora Benedita da Silva (PT), afirmou: "Vou dizer uma coisa que vai ser até chato para mim, mas tenho que dizer, pois é do fundo do coração. Se eu soubesse que ela [Benedita" iria ser tão fraca assim, eu não teria renunciado ao governo do Estado, porque vejo que quem está sofrendo é o povo".
A petista disse que não comentaria a afirmação, feita em discurso para cerca de 200 pessoas no centro de Três Rios (a 123 km do Rio). Logo depois, em entrevistas, Garotinho negou que estivesse arrependido de ter se lançado à Presidência. Em Barra do Piraí, segunda cidade que visitou, disse que não desistirá da candidatura.
Ultimamente, Garotinho tem limitado suas viagens a Rio, São Paulo e Minas. Ele adotou um discurso muito semelhante ao de um candidato a governo de Estado. Em Três Rios, afirmou: "Um dia vocês vão ver Garotinho aqui como presidente da República e vão ouvir: "Nenhum presidente fez tanto por Três Rios como Garotinho'". A mesma frase foi usada por ele em discurso em 98, substituindo o cargo de presidente pelo de governador.
Ele disse ainda que sua campanha falará ""ao coração, igual à que fizemos para o governo do Rio".
Em Três Rios, Garotinho participou de carreata e comício. Em Barra do Piraí, fez corpo-a-corpo e um improvisado discurso para apenas 60 pessoas. Ele cancelou a visita que faria a Volta Redonda e Barra Mansa. Esteve ainda em Resende e Angra dos Reis, onde participou de um show gospel.

Penúria
Garotinho falou novamente que está sem dinheiro para tocar a campanha, mas negou que a crise financeira seja motivada pela queda nas pesquisas. Segundo o último Datafolha, de 4 e 5 de julho, ele está em quarto lugar, com 13%.
O candidato credita a falta de recursos ao fato de não aceitar contribuições de bancos. ""Dizem que o Garotinho vai desistir porque não tem dinheiro para a campanha. Eu não tenho mesmo, porque todos os candidatos foram tomar bênção aos banqueiros. Seu Lula foi, seu Ciro foi, seu Serra foi. Todo mundo foi lá na Febraban [Federação Brasileira dos Bancos". Não quero o dinheiro deles."
Anteontem, em Belo Horizonte, Garotinho disse a evangélicos estar passando por uma "provação". "Tenho dificuldade até para fazer material. E estou gostando porque estou sentindo que é uma provação, é uma forma que Deus está usando para me provar."
Quatro assessores -o jornalista Paulo Fona e os publicitários Elysio Pires, Marcelo Brandão e Nei Azambuja- deixaram a equipe do candidato por questões financeiras e desavenças quanto à campanha. Com a saída deles, volta a ter força aliados que trabalharam com Garotinho na campanha ao governo. Entre eles, a coordenadora de agenda, Ana Paula Costa (ex-chefe do gabinete do governo), Augusto Ariston (ex-chefe do Gabinete Civil) e o assessor de imprensa Carlos Henrique Vasconcelos.
Estes aliados defendem uma vinculação maior da campanha ao perfil evangélico e popular de Garotinho. O grupo que saiu queria passar uma visão de estadista.
Ontem Garotinho não quis comentar as ameaças de desistência dos candidatos a governador pelo PSB Lídice da Matta (BA) e Jacó Bittar (SP) nem as críticas da deputada Luiza Erundina (PSB-SP).



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