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CAMPANHA
Presidenciável nega estar arrependido de disputar Planalto, mas discurso se assemelha ao de candidato a governador
Garotinho lamenta saída do governo do Rio
MURILO FIÚZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O candidato Anthony Garotinho (PSB) lamentou ontem, pela
primeira vez, o fato de ter renunciado ao governo do Rio de Janeiro para concorrer à Presidência.
Em crítica à administração da
governadora Benedita da Silva
(PT), afirmou: "Vou dizer uma
coisa que vai ser até chato para
mim, mas tenho que dizer, pois é
do fundo do coração. Se eu soubesse que ela [Benedita" iria ser
tão fraca assim, eu não teria renunciado ao governo do Estado,
porque vejo que quem está sofrendo é o povo".
A petista disse que não comentaria a afirmação, feita em discurso para cerca de 200 pessoas no
centro de Três Rios (a 123 km do
Rio). Logo depois, em entrevistas,
Garotinho negou que estivesse arrependido de ter se lançado à Presidência. Em Barra do Piraí, segunda cidade que visitou, disse
que não desistirá da candidatura.
Ultimamente, Garotinho tem limitado suas viagens a Rio, São
Paulo e Minas. Ele adotou um discurso muito semelhante ao de um
candidato a governo de Estado.
Em Três Rios, afirmou: "Um dia
vocês vão ver Garotinho aqui como presidente da República e vão
ouvir: "Nenhum presidente fez
tanto por Três Rios como Garotinho'". A mesma frase foi usada
por ele em discurso em 98, substituindo o cargo de presidente pelo
de governador.
Ele disse ainda que sua campanha falará ""ao coração, igual à que
fizemos para o governo do Rio".
Em Três Rios, Garotinho participou de carreata e comício. Em
Barra do Piraí, fez corpo-a-corpo
e um improvisado discurso para
apenas 60 pessoas. Ele cancelou a
visita que faria a Volta Redonda e
Barra Mansa. Esteve ainda em Resende e Angra dos Reis, onde participou de um show gospel.
Penúria
Garotinho falou novamente que
está sem dinheiro para tocar a
campanha, mas negou que a crise
financeira seja motivada pela queda nas pesquisas. Segundo o último Datafolha, de 4 e 5 de julho, ele
está em quarto lugar, com 13%.
O candidato credita a falta de recursos ao fato de não aceitar contribuições de bancos. ""Dizem que
o Garotinho vai desistir porque
não tem dinheiro para a campanha. Eu não tenho mesmo, porque todos os candidatos foram tomar bênção aos banqueiros. Seu
Lula foi, seu Ciro foi, seu Serra foi.
Todo mundo foi lá na Febraban
[Federação Brasileira dos Bancos". Não quero o dinheiro deles."
Anteontem, em Belo Horizonte,
Garotinho disse a evangélicos estar passando por uma "provação". "Tenho dificuldade até para
fazer material. E estou gostando
porque estou sentindo que é uma
provação, é uma forma que Deus
está usando para me provar."
Quatro assessores -o jornalista Paulo Fona e os publicitários
Elysio Pires, Marcelo Brandão e
Nei Azambuja- deixaram a
equipe do candidato por questões
financeiras e desavenças quanto à
campanha. Com a saída deles,
volta a ter força aliados que trabalharam com Garotinho na campanha ao governo. Entre eles, a
coordenadora de agenda, Ana
Paula Costa (ex-chefe do gabinete
do governo), Augusto Ariston
(ex-chefe do Gabinete Civil) e o
assessor de imprensa Carlos Henrique Vasconcelos.
Estes aliados defendem uma
vinculação maior da campanha
ao perfil evangélico e popular de
Garotinho. O grupo que saiu queria passar uma visão de estadista.
Ontem Garotinho não quis comentar as ameaças de desistência
dos candidatos a governador pelo
PSB Lídice da Matta (BA) e Jacó
Bittar (SP) nem as críticas da deputada Luiza Erundina (PSB-SP).
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