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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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REFORMA SOB PRESSÃO

Guimarães chama governo e governadores de "parceiros"

Tributária pode "avançar" sem acordo, afirma relator

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da indefinição nas negociações em torno da reforma tributária, os governistas da Câmara disseram ontem que podem fazer o projeto avançar mesmo sem o desfecho do acordo entre o Planalto e os governadores.
Pretende-se que o relatório final do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) esteja concluído até o final da próxima semana, ainda no período da convocação extraordinária do Congresso -o problema é que só há um "esboço parcial", divulgado anteontem, repleto de alterações no projeto original do governo.
Mais: desde a reunião da terça-feira passada, que terminou sem um consenso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores ainda não agendaram nenhum novo encontro.
"Quando o relatório estiver concluído, vamos levá-lo ao governo e aos governadores. Se eles tiverem algo a corrigir, analisaremos. Se não tiverem soluções, nós as proporemos", disse Guimarães, em entrevista na qual explicou seu texto preliminar.
Nas palavras do relator, que evita o tom de confronto, governo e governadores "são parceiros": "o relatório é produto da comissão [a criada pela Câmara para examinar o projeto]. O acordo é com os membros da comissão e, afinal, quem vota são os deputados".
Segundo Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo na Câmara, deverá haver reuniões com o governo na próxima semana para um "pente-fino" no texto de Guimarães, com o objetivo de prepará-lo para a votação.
Albuquerque nega que haja intenção de desacelerar a tramitação da reforma tributária em razão das controvérsias sobre o projeto. Ele considerou "apressada" a declaração do líder governista no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que previu novas mudanças no texto pelos senadores .
"É legítimo que o Senado possa alterar o projeto, mas é cedo para falar em mudanças, quando não se sabe nem o que a Câmara aprovará. Só com bola de cristal."

Relatório mutante
Como bem apontou o vice-líder, é quase impossível prever o resultado final da comissão da reforma. O próprio Guimarães, em entrevista ontem, falou em alterar diversos pontos do "esboço parcial" divulgado no dia anterior.
A mais importante e certa dessas alterações, disse, é tirar da Constituição a regra que prevê que a receita do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) incidente sobre combustíveis e energia elétrica fique com os Estados onde esses produtos são consumidos.
O projeto original do governo e o relatório preliminar de anteontem não mexiam nesse dispositivo, apesar da forte pressão de Estados produtores, como Rio de Janeiro, Paraná, Sergipe e Rio Grande do Norte. Segundo Guimarães, a reforma preverá que o Senado decida sobre o tema.
O relator também afirmou que pretende eliminar outra proposta, a que autoriza a cobrança do ICMS sobre a água encanada.
Walter Feldman (PSDB-SP), membro da comissão ligado ao governador Geraldo Alckmin (SP), disse que a extensão do prazo para o fim da guerra fiscal, o fim do ICMS sobre máquinas e equipamentos e as mudanças na distribuição da receita do imposto prejudicarão São Paulo.

Palocci
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse em Campo Grande (MS) que ainda não há um relatório final da reforma tributária para o governo discutir. "Preliminares são preliminares", afirmou, sobre as alterações divulgadas por Virgílio Guimarães.
Afirmou, porém, que, apesar de não dever "assinar embaixo do que o Executivo faz", a Câmara dos Deputados não pode "desordenar a reforma tributária".


Colaborou HUDSON CORRÊA, da Agência Folha, em Campo Grande


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