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REFORMA SOB PRESSÃO
Guimarães chama governo e governadores de "parceiros"
Tributária pode "avançar" sem acordo, afirma relator
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da indefinição nas negociações em torno da reforma tributária, os governistas da Câmara
disseram ontem que podem fazer
o projeto avançar mesmo sem o
desfecho do acordo entre o Planalto e os governadores.
Pretende-se que o relatório final
do deputado Virgílio Guimarães
(PT-MG) esteja concluído até o final da próxima semana, ainda no
período da convocação extraordinária do Congresso -o problema é que só há um "esboço parcial", divulgado anteontem, repleto de alterações no projeto original do governo.
Mais: desde a reunião da terça-feira passada, que terminou sem
um consenso, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e os governadores ainda não agendaram nenhum novo encontro.
"Quando o relatório estiver
concluído, vamos levá-lo ao governo e aos governadores. Se eles
tiverem algo a corrigir, analisaremos. Se não tiverem soluções, nós
as proporemos", disse Guimarães, em entrevista na qual explicou seu texto preliminar.
Nas palavras do relator, que evita o tom de confronto, governo e
governadores "são parceiros": "o
relatório é produto da comissão
[a criada pela Câmara para examinar o projeto]. O acordo é com
os membros da comissão e, afinal,
quem vota são os deputados".
Segundo Beto Albuquerque
(PSB-RS), vice-líder do governo
na Câmara, deverá haver reuniões
com o governo na próxima semana para um "pente-fino" no texto
de Guimarães, com o objetivo de
prepará-lo para a votação.
Albuquerque nega que haja intenção de desacelerar a tramitação da reforma tributária em razão das controvérsias sobre o projeto. Ele considerou "apressada" a
declaração do líder governista no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que previu novas mudanças
no texto pelos senadores .
"É legítimo que o Senado possa
alterar o projeto, mas é cedo para
falar em mudanças, quando não
se sabe nem o que a Câmara aprovará. Só com bola de cristal."
Relatório mutante
Como bem apontou o vice-líder, é quase impossível prever o
resultado final da comissão da reforma. O próprio Guimarães, em
entrevista ontem, falou em alterar
diversos pontos do "esboço parcial" divulgado no dia anterior.
A mais importante e certa dessas alterações, disse, é tirar da
Constituição a regra que prevê
que a receita do ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços) incidente sobre combustíveis e energia elétrica fique
com os Estados onde esses produtos são consumidos.
O projeto original do governo e
o relatório preliminar de anteontem não mexiam nesse dispositivo, apesar da forte pressão de Estados produtores, como Rio de Janeiro, Paraná, Sergipe e Rio Grande do Norte. Segundo Guimarães,
a reforma preverá que o Senado
decida sobre o tema.
O relator também afirmou que
pretende eliminar outra proposta,
a que autoriza a cobrança do
ICMS sobre a água encanada.
Walter Feldman (PSDB-SP),
membro da comissão ligado ao
governador Geraldo Alckmin
(SP), disse que a extensão do prazo para o fim da guerra fiscal, o
fim do ICMS sobre máquinas e
equipamentos e as mudanças na
distribuição da receita do imposto prejudicarão São Paulo.
Palocci
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse em Campo
Grande (MS) que ainda não há
um relatório final da reforma tributária para o governo discutir.
"Preliminares são preliminares",
afirmou, sobre as alterações divulgadas por Virgílio Guimarães.
Afirmou, porém, que, apesar de
não dever "assinar embaixo do
que o Executivo faz", a Câmara
dos Deputados não pode "desordenar a reforma tributária".
Colaborou HUDSON CORRÊA, da Agência
Folha, em Campo Grande
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