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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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Parte do PFL pode apoiar reforma se PT poupar ACM de novos ataques

OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma disputa política baiana fez o governo perder o apoio do PFL na votação da reforma da Previdência Social na comissão especial. Mesmo assim, o partido ainda promete dar 30 votos favoráveis ao projeto no plenário, desde que o grupo político de Antonio Carlos Magalhães (BA) não seja atacado pelo PT até a votação.
Nos dias que antecederam a votação, os governadores do PFL acertaram com o Palácio do Planalto que o partido daria três votos a favor do projeto e três contrários na comissão.
O acordo foi costurado no plenário pelos deputados carlistas, entre eles ACM Neto (PFL-BA). Robson Tuma (PFL-SP), que votaria contra a proposta, foi convencido a mudar de posição. Darci Coelho (TO), que também se opunha, foi substituído por Paulo Magalhães (BA), do grupo sob influência de ACM. O outro voto favorável seria do presidente da comissão, Roberto Brant (MG).
Mas, assim que a versão final do acordo era comunicada ao vice-líder do governo Professor Luizinho (PT-SP), o líder do PT, Nelson Pellegrino (BA), subiu à tribuna para fazer um duro discurso com ataques à política de segurança do governador Paulo Souto (PFL-BA) e ao prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy, também pefelista.
Imediatamente, o acordo foi rompido. Darci Coelho voltou para a comissão. Tuma retomou sua posição contrária ao projeto. Até Roberto Brant foi pressionado a votar contra, mas manteve seu apoio ao relatório. Os outros três que se posicionaram contra o governo foram Onyx Lorenzoni (RS), José Roberto Arruda (DF) e Gervásio Silva (SC).
Deputados carlistas procuraram João Paulo Cunha (PT-SP), presidente da Câmara, e o ministro José Dirceu (Casa Civil). Afirmaram que, se Pellegrino mantiver a postura de ataques ao governo do PFL baiano, o compromisso de dar 30 dos 70 votos do partido ao projeto estaria desfeito.
Dirceu procurou Pellegrino e disse que ele precisava ajudar o governo a aprovar as reformas. Pré-candidato a prefeito de Salvador em 2004, Pellegrino disse desconhecer o acordo entre o Palácio do Planalto e os governadores do PFL. Ele afirma que os governadores se comprometeram com Lula a apoiar as reformas, que também interessam aos Estados. Mas sem compromisso de trégua nas políticas estaduais.
"O governo Lula não participa desse tipo de acordo com adversário históricos", afirmou o líder petista, que promete manter sua posição anti-ACM.
O próprio líder do PFL, deputado federal José Carlos Aleluia (BA), que faz oposição ao governo federal, admite que grande parte da bancada votará com o Planalto na Previdência. Só que dá um número inferior ao dos carlistas. Segundo ele, o governo terá entre 15 e 20 dos 70 votos da bancada que lidera: "Isso, se negociar a contribuição dos inativos, subteto e pensões", ressalva.


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