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REFORMA SOB PRESSÃO
Ministro da Previdência dispensa proteção da Polícia Militar e recebe comissão de manifestantes
Servidores tentam invadir sala de Berzoini
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de 24 horas depois de serem impedidos de entrar na Câmara dos Deputados pela Polícia
Militar, servidores públicos em
greve tentaram ontem invadir o
gabinete do ministro da Previdência, Ricardo Berzoini.
Com uma postura diferente da
do presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), que autorizou a ação da PM, o ministro dispensou os policiais e recebeu os
manifestantes em seu gabinete.
O protesto foi organizado pela
Fenasps (Federação Nacional de
Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social) e teve a
participação de servidores públicos de Brasília, Minas Gerais e Rio
de Janeiro.
"Viemos aqui repudiar os acontecimentos de ontem [anteontem] no Congresso, quando companheiros e trabalhadores foram
agredidos pela polícia", afirmou
Janira Rocha, do sindicato de previdenciários do Rio.
Os manifestantes entraram na
sede do ministério de forma ordeira. Disseram apenas que eram
servidores.
Os cerca de 250 manifestantes se
dividiram entre a garagem e as
saídas laterais do prédio, caso o
ministro resolvesse sair.
A PM já estava na porta do prédio por volta das 10h30. Mas Berzoini dispensou os policiais.
Às 9h, cerca de 40 servidores
cantavam músicas de protesto na
porta do gabinete do ministro.
Diferentemente do que ocorreu
anteontem na Câmara, quando
vários servidores foram agredidos
pela PM, ontem não houve confronto. Os manifestantes se sentaram no corredor que leva à ante-sala de Berzoini e só se levantaram com a chegada de câmeras de
televisão.
Após cerca de três horas de negociação com a assessoria do ministro, foi combinado que Berzoini receberia uma comissão de oito
representantes. Os demais deveriam aguardar no térreo do edifício do ministério.
Os servidores pedem a retirada
da reforma da Previdência do
Congresso, aprovada anteontem
na comissão especial que cuida do
tema na Câmara, e a ampliação
das gratificações do PCCS (Plano
de Carreira, Cargos e Salários) para todo o país.
Segundo servidores recebidos
pelo ministro, nenhum dos dois
pedidos vai ser atendido.
Segundo um manifestante, o
ministro disse que a ampliação do
benefício não seria possível porque "há uma disputa orçamentária dentro do governo".
Por meio de uma nota, o Ministério da Previdência criticou os
servidores, a quem acusou de
promover "ato desnecessário de
violência".
"Atitudes como a de hoje [ontem] prejudicam um ambiente de
entendimento e negociação, reforçando o impasse criado pela
paralisação iniciada há quase dois
meses no Rio de Janeiro, que vem
prejudicando o atendimento a
milhares de trabalhadores", diz a
nota do ministro Berzoini.
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