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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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REFORMA SOB PRESSÃO

Ministro da Previdência dispensa proteção da Polícia Militar e recebe comissão de manifestantes

Servidores tentam invadir sala de Berzoini

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Menos de 24 horas depois de serem impedidos de entrar na Câmara dos Deputados pela Polícia Militar, servidores públicos em greve tentaram ontem invadir o gabinete do ministro da Previdência, Ricardo Berzoini.
Com uma postura diferente da do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), que autorizou a ação da PM, o ministro dispensou os policiais e recebeu os manifestantes em seu gabinete.
O protesto foi organizado pela Fenasps (Federação Nacional de Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social) e teve a participação de servidores públicos de Brasília, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
"Viemos aqui repudiar os acontecimentos de ontem [anteontem] no Congresso, quando companheiros e trabalhadores foram agredidos pela polícia", afirmou Janira Rocha, do sindicato de previdenciários do Rio.
Os manifestantes entraram na sede do ministério de forma ordeira. Disseram apenas que eram servidores.
Os cerca de 250 manifestantes se dividiram entre a garagem e as saídas laterais do prédio, caso o ministro resolvesse sair.
A PM já estava na porta do prédio por volta das 10h30. Mas Berzoini dispensou os policiais.
Às 9h, cerca de 40 servidores cantavam músicas de protesto na porta do gabinete do ministro. Diferentemente do que ocorreu anteontem na Câmara, quando vários servidores foram agredidos pela PM, ontem não houve confronto. Os manifestantes se sentaram no corredor que leva à ante-sala de Berzoini e só se levantaram com a chegada de câmeras de televisão.
Após cerca de três horas de negociação com a assessoria do ministro, foi combinado que Berzoini receberia uma comissão de oito representantes. Os demais deveriam aguardar no térreo do edifício do ministério.
Os servidores pedem a retirada da reforma da Previdência do Congresso, aprovada anteontem na comissão especial que cuida do tema na Câmara, e a ampliação das gratificações do PCCS (Plano de Carreira, Cargos e Salários) para todo o país.
Segundo servidores recebidos pelo ministro, nenhum dos dois pedidos vai ser atendido.
Segundo um manifestante, o ministro disse que a ampliação do benefício não seria possível porque "há uma disputa orçamentária dentro do governo".
Por meio de uma nota, o Ministério da Previdência criticou os servidores, a quem acusou de promover "ato desnecessário de violência".
"Atitudes como a de hoje [ontem] prejudicam um ambiente de entendimento e negociação, reforçando o impasse criado pela paralisação iniciada há quase dois meses no Rio de Janeiro, que vem prejudicando o atendimento a milhares de trabalhadores", diz a nota do ministro Berzoini.


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