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INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA
Lula assinará em Lima acordo peruano com Mercosul
Peru acerta livre comércio com Brasil
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A LIMA
Sob forte esquema de segurança, inclusive com o uso de esquadrões antiterrorismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou ontem às 21h30 (hora local) no Peru para assinar um acordo de livre
comércio entre o país e o Mercosul. O tratado foi fechado ontem
após reuniões no fim de semana,
em Lima, entre chanceleres dos
países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e representantes do Peru.
"O acordo abre caminho para a
verdadeira integração da América
do Sul", afirmou o ministro Celso
Amorim (Relações Exteriores).
Segundo Amorim, o acordo, nos
moldes do chamado 4 + 1, possibilita uma maior aproximação
entre o bloco e a Comunidade
Andina (Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Equador).
A viagem de Lula está dentro da
estratégia do governo brasileiro
de priorizar o Mercosul, buscando uma posição hegemônica entre os países da América do Sul.
Fazem parte da visita também as
assinaturas de tratados de cooperação para que o Peru tenha acesso a informações obtidas pelo Sivam (sistema de vigilância da
Amazônia) e a negociação de
obras de infra-estrutura, principalmente rodovias, que façam a
ligação entre os dois países.
Existiam resistências de setores
do empresariado peruano em relação ao acordo de livre comércio
com o Peru. Além de o país já
manter uma relação comercial
deficitária com o Brasil, há setores
de sua economia ainda sensíveis à
competição com países do Mercosul, como os têxteis e agrícolas.
A indústria local teme ainda a
entrada de produtos provenientes
da Zona Franca de Manaus, que
têm isenção fiscal no Brasil.
Proteção
Segundo Amorim, serão criadas
"medidas de proteção para os
produtos sensíveis no Peru". Disse que o caso da Zona Franca será
analisado posteriormente, apenas
entre Peru e Brasil, mas que "não
há nada que impeça que avancemos com a nossa produção".
As exportações do Peru para o
Brasil são de cerca de US$ 190 milhões, formadas basicamente por
materiais de zinco e cobre. O país
importa mais de US$ 440 milhões
em produtos como tubos para
oleodutos e gasodutos e veículos
produzidos no Brasil.
Ao Peru interessam os investimentos que podem ser feitos no
país, como a ampliação de três eixos rodoviários que o ligam ao
Brasil, cujo financiamento está
sendo estudado pelo BNDES.
As rodovias podem facilitar tanto a venda de produtos peruanos
para Estados brasileiros, como
Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima quanto o escoamento de
produtos nacionais que visem os
mercados asiático e norte-americano. Os governadores destes Estados também estarão presentes
na visita de Lula ao país.
Apesar de o Peru pretender ingressar no Mercosul num prazo
de até 15 anos, o país tem como
prioridade o livre comércio com
os EUA.
Lula estava sendo aguardado no
Aeroporto Jorge Chavez pelo presidente peruano, Alejandro Toledo, de quem receberia a ordem El
Sol del Peru, uma das maiores
condecorações do país.
A visita recebeu amplo destaque
na imprensa local, onde foram
publicadas biografias do petista.
As manchetes dos principais jornais do país falavam da viagem.
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