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COM ÁGUA TRATADA
Estação de tratamento de água da Daep, autarquia de Penápolis
Penápolis já tem leitos ociosos em hospitais
CHICO SIQUEIRA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA
Penápolis, cidade de 54 mil habitantes (SP), vai reduzir de 110
para 75 o número de leitos de seu
único hospital. Em 1992, internava 900 pacientes por mês. Hoje
possui teto do SUS para internar
347, mas não interna mais de 300.
A ociosidade de leitos, segundo
o secretário municipal de Saúde,
Luiz Henrique Valente, veio da
universalização do saneamento
básico. O município está completando dez anos com 100% de água
e esgoto tratados: "As pessoas
aqui quase não ficam doentes".
O índice de doenças causadas
pela água é praticamente zero, e o
de cáries em crianças é um dos
menores do Estado. O número de
casos de hepatite caiu de 97 em
1992 para 1 em 2002 e nenhum em
2003. Uma vez por ano, equipes
do Departamento Autônomo de
Água e Esgoto de Penápolis visitam todas as casas e lavam as caixas d'água de graça. "Isso reduziu
os casos de doenças, principalmente hepatite", diz o presidente
do Daep, Edson Bilche Girotto.
Em 1981, quando teve início a
fluoretação da água, o índice de
CPO (dentes cariados, perdidos e
obturados) era de 9,69 em crianças de 12 anos; hoje está em 2,13. A
meta da Organização Mundial de
Saúde é um índice menor que 3.
"É claro que houve outras ações,
principalmente as de prevenção e
de curativo dos dentes, mas é certo que o avanço do saneamento
básico foi importantíssimo para
chegarmos ao índice atual", diz
Selma Gleyde Ayub, diretora do
Departamento de Saúde Bucal.
A cidade tem uma das menores
tarifas de saneamento: R$ 4,06 para até 5 m3 de água por mês, e R$
16,23 para até 20 m3. A tarifa de esgoto também é baixa. Penápolis
cobra pelo serviço o equivalente a
apenas 50% da água consumida.
A água é captada no ribeirão Lageado, e o esgoto é tratado em seis
lagoas de 80 mil m2. "A vazão do
Lageado é de 430 litros/segundo,
mas a captação é de 280 litros/segundo", diz Girotto. As lagoas devolvem a água com grau de 95%
de limpeza a 350 litros/segundo.
Um programa de recuperação
do solo e da mata ciliar, que já dura dez anos, ajudou a bacia do Lageado a manter sua vazão. Mais
de 200 mil mudas foram plantadas em suas margens. Em Penápolis não falta água há 25 anos.
O lixo é depositado em aterro
sanitário. A cidade foi uma das
primeiras a fazer a coleta seletiva
no Estado, feita pela Cooperativa
dos Recicladores de Penápolis,
formada por 33 famílias que antes
trabalhavam no lixão. A prefeitura cede os caminhões. Cada cooperado tem carteira de trabalho e
ganha cerca de R$ 450 mensais.
"Cheguei a Penápolis em 1968.
Lembro que não tinha água encanada, e o esgoto corria a céu aberto. Hoje a realidade é outra", diz o
PM Antônio Alexandrino Moraes, 47. "Parei de usar filtro há
muito tempo. A água é muito
boa", afirma a balconista Elisabete Panini Dinardi, 38.
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