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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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COM ÁGUA TRATADA

Estação de tratamento de água da Daep, autarquia de Penápolis

Penápolis já tem leitos ociosos em hospitais

CHICO SIQUEIRA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA

Penápolis, cidade de 54 mil habitantes (SP), vai reduzir de 110 para 75 o número de leitos de seu único hospital. Em 1992, internava 900 pacientes por mês. Hoje possui teto do SUS para internar 347, mas não interna mais de 300.
A ociosidade de leitos, segundo o secretário municipal de Saúde, Luiz Henrique Valente, veio da universalização do saneamento básico. O município está completando dez anos com 100% de água e esgoto tratados: "As pessoas aqui quase não ficam doentes".
O índice de doenças causadas pela água é praticamente zero, e o de cáries em crianças é um dos menores do Estado. O número de casos de hepatite caiu de 97 em 1992 para 1 em 2002 e nenhum em 2003. Uma vez por ano, equipes do Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Penápolis visitam todas as casas e lavam as caixas d'água de graça. "Isso reduziu os casos de doenças, principalmente hepatite", diz o presidente do Daep, Edson Bilche Girotto.
Em 1981, quando teve início a fluoretação da água, o índice de CPO (dentes cariados, perdidos e obturados) era de 9,69 em crianças de 12 anos; hoje está em 2,13. A meta da Organização Mundial de Saúde é um índice menor que 3.
"É claro que houve outras ações, principalmente as de prevenção e de curativo dos dentes, mas é certo que o avanço do saneamento básico foi importantíssimo para chegarmos ao índice atual", diz Selma Gleyde Ayub, diretora do Departamento de Saúde Bucal.
A cidade tem uma das menores tarifas de saneamento: R$ 4,06 para até 5 m3 de água por mês, e R$ 16,23 para até 20 m3. A tarifa de esgoto também é baixa. Penápolis cobra pelo serviço o equivalente a apenas 50% da água consumida.
A água é captada no ribeirão Lageado, e o esgoto é tratado em seis lagoas de 80 mil m2. "A vazão do Lageado é de 430 litros/segundo, mas a captação é de 280 litros/segundo", diz Girotto. As lagoas devolvem a água com grau de 95% de limpeza a 350 litros/segundo.
Um programa de recuperação do solo e da mata ciliar, que já dura dez anos, ajudou a bacia do Lageado a manter sua vazão. Mais de 200 mil mudas foram plantadas em suas margens. Em Penápolis não falta água há 25 anos.
O lixo é depositado em aterro sanitário. A cidade foi uma das primeiras a fazer a coleta seletiva no Estado, feita pela Cooperativa dos Recicladores de Penápolis, formada por 33 famílias que antes trabalhavam no lixão. A prefeitura cede os caminhões. Cada cooperado tem carteira de trabalho e ganha cerca de R$ 450 mensais.
"Cheguei a Penápolis em 1968. Lembro que não tinha água encanada, e o esgoto corria a céu aberto. Hoje a realidade é outra", diz o PM Antônio Alexandrino Moraes, 47. "Parei de usar filtro há muito tempo. A água é muito boa", afirma a balconista Elisabete Panini Dinardi, 38.


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