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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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SEM ÁGUA TRATADA

Lixão perto do perímetro urbano de Águas Lindas de Goiás, nas proximidades do Distrito Federal

Águas Lindas sofre com doenças

Alan Marques/Folha Imagem
Lixão perto do perímetro urbano de Águas Lindas de Goiás, nas proximidades do Distrito Federal


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cerca de 60 quilômetros da praça dos Três Poderes, os moradores de Águas Lindas de Goiás desmentem o nome do município, assim batizado devido a suas nascentes. "É só esperar um pouco, junta um barrinho no fundo", diz Ailton Miranda, segurando um copo de água retirada do poço que administra. Na cidade há quase 180 poços explorados por quem chegou primeiro aos lotes.
Miranda diz que a água do copo, tirada a 96 metros de profundidade, é mais barata. Por ela, os moradores do loteamento Jardim Laranjeiras pagam R$ 15 por mês. Em outros bairros de Águas Lindas, há quem pague R$ 36 por mês, fora o custo de instalação.
Pai de dois meninos, Miranda diz que eles não se dão bem com a água. O menor, de 1 ano, amanheceu com vômitos na quinta: "Dá muito problema de intestino".
No posto de saúde da cidade, a enfermeira confirma. A maioria dos casos atendidos é de verminoses, consequência da falta de saneamento básico combinada à falta de educação. A água que Ailton Miranda Júnior toma podia ser fervida, mas não é.
Em Águas Lindas, não há rede de esgoto. As fossas são precárias. O lixão, a céu aberto, fica perto das casas. Num relatório recente do Programa de Modernização do Setor de Saneamento sobre o entorno de Brasília, Águas Lindas aparece como o antiexemplo.
A exploração da água é um negócio com grande potencial na cidade, atesta Ênio Salviano, advogado da Sanebrás, empresa que administra 60% dos poços de Águas Lindas. A empresa diz que a água não está contaminada. Laudo do Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás diz que a quantidade de coliformes fecais é inferior ao máximo admitido para esse tipo de água, embora esteja acima do limite aceito para água tratada. (MS)


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