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VARGAS, 50 ANOS
Para presidente do TST, mudanças na lei trabalhista são "ruinosas" e resultado seria agravamento do desemprego
Reforma de Lula mataria Getúlio, diz ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TST (Tribunal
Superior do Trabalho), ministro
Vantuil Abdala, disse ontem que,
"se vivo, Getúlio Vargas teria motivo para se matar devido às articulações destinadas a pôr abaixo a
legislação de proteção ao trabalhador". O presidente, que se matou em 24 de agosto de 1954, teria
hoje 122 anos.
A CLT (Consolidação das Leis
do Trabalho) entrou em vigor em
1943, quando Vargas era presidente da República (1930-1945).
Hoje, o governo Lula discute mudanças nas suas normas para reduzir o custo de contratação do
trabalhador. Segundo Abdala, vivemos "a ameaça de uma flexibilização ruinosa para o trabalhador,
o que seria trágico".
No governo Vargas, também foi
criada a Justiça do Trabalho, hoje
composta pelo TST e 24 Tribunais
Regionais do Trabalho.
Essa foi a mais veemente reação
do presidente do TST contra a reforma trabalhista desde que ele
tomou posse no cargo, em abril
último. Abdala disse que há uma
inversão na lógica que associa a
modernização da economia à extinção de direitos como férias e
13º salário.
"O que deve ser feito para tornar o País mais moderno é trazer
todos os trabalhadores informais
para o abrigo da CLT, e não o contrário", afirmou o presidente do
tribunal.
Para ele, essa reforma irá igualar
as condições de trabalho dos empregados com carteira assinada às
dos informais. "Todos eles ficarão
desprotegidos", disse.
Abdala citou levantamento do
IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
pelo qual 9 milhões de brasileiros
estão na informalidade. Defendeu
ainda fiscalização mais rigorosa
para reduzir esse número.
O presidente do TST disse que
as experiências de flexibilização
dos direitos trabalhistas na Espanha, no Chile, no Uruguai e na
Colômbia são exemplos de frustração. Em vez do esperado aumento de postos de trabalho, o resultado teria sido o agravamento
das condições de emprego.
Na mesma linha, o vice-presidente do TST, ministro Ronaldo
Lopes Leal, afirmou que a "herança" deixada por Vargas "talvez
não tenha de ser desmontada",
mas modernizada.
"Nós estamos aqui integrando
um tribunal de Vargas", declarou
o vice-presidente do TST.
Sessões solenes
A Câmara e o Senado realizaram na manhã de ontem sessões
solenes para marcar os 50 anos da
morte de Getúlio Vargas. Em seu
discurso, o presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), disse
que os anos de Vargas na Presidência foram marcados pela contradição entre a valorização da
participação popular e o exercício
da ditadura, em determinados períodos.
(SILVANA DE FREITAS)
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