São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006

Busca de composição para 2006 justifica apoio do tucano à candidatura de Nonô à presidência da Câmara e leva a conversas com Cesar Maia

Candidatura de Serra se fortalece no PFL

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A eventual candidatura do tucano José Serra à Presidência está se fortalecendo dentro do PFL, partido que hoje julga mais provável reeditar em 2006 a aliança vitoriosa que fez com o PSDB em 1994 e 1998, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso conquistou o Palácio do Planalto com Marco Maciel como vice.
As articulações PFL-PSDB na eleição para presidência da Câmara, unidos por ora em torno do pefelista José Thomaz Nonô (AL), evidenciam o fortalecimento de Serra no PFL. Aos poucos, Serra, prefeito de São Paulo, vem tirando do governador Geraldo Alckmin (SP) a condição de tucano favorito para costurar uma aliança com os pefelistas.
Na disputa pelo comando da Câmara, Serra esteve disposto a uma composição, primeiro, com o petista Sigmaringa Seixas (DF) e, depois, com o peemedebista Michel Temer (SP). Mas migrou para a candidatura do pefelista Nonô por cálculo político: reforçar laços com o PFL para vencer a resistência que resta a seu nome no partido. Seus articuladores mais fiéis na Câmara, o líder Alberto Goldman (SP) e Jutahy Magalhães (BA), fecharam com Nonô após consultá-lo.
Serra tem mais a dar ao PFL, partido que se recusou a apoiá-lo em 2002, quando o tucano disputou e perdeu a Presidência para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2004, ele fechou aliança com o PFL paulistano, compondo com o vice pefelista Gilberto Kassab.
Se for candidato a presidente, Serra terá de deixar a prefeitura até o final de abril de 2005. Kassab, portanto, herdaria dois anos e oito meses do mandato de Serra.
A simpatia do PFL pela opção Serra cresceu por cálculo político. No bastidor, a cúpula pefelista já admite que o prefeito Cesar Maia dificilmente decolará. Ele tem tido um desempenho ruim nas pesquisas -4% a 8%, a depender do levantamento. Serra e Maia têm conversado sobre a possibilidade de o prefeito do Rio ser vice do colega numa chapa presidencial.
O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), já não tem por Serra a antipatia de antes. Durante a campanha eleitoral de 2002, a PF (Polícia Federal) apreendeu R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo na empresa Lunus, de Jorge Murad, marido da então presidenciável Roseana Sarney (MA). Bornhausen acusou Serra de ter feito uso político da PF, pois à época um amigo do tucano era ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira. Serra e Nunes sempre negaram tal uso.
Mas o episódio abateu a candidatura Roseana e levou o PFL a romper em março de 2002 uma aliança de oito anos com FHC, deixando os cargos no governo.
Agora, até ACM já admite uma composição com Serra. Recentemente, o ex-prefeito Antonio Imbassahy deixou o PFL para ingressar no PSDB baiano. O tucano Jutahy tem conversado com o deputado federal ACM Neto (PFL-BA), herdeiro político de ACM que luta pela sobrevivência do carlismo. Uma aliança nacional entre PSDB e PFL poderia levar o clã político liderado por ACM a manter espaços na Bahia, onde ainda é forte.


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