São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2005

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Pesquisas são a chave para barrar ou efetivar Serra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto avança no PFL, José Serra terá ainda de enfrentar obstáculos no PSDB até o primeiro trimestre do ano que vem, quando o seu partido decidirá quem será o candidato a presidente.
Estimulados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG) fecharam com a eleição do senador Tasso Jereissati (CE) para presidente do PSDB. Em novembro, haverá convenção do partido para a escolha do novo comando da legenda. Tasso será eleito.
Serra cedeu à escolha de Tasso, apesar de ter resistido. O senador cearense tem preferência pela candidatura Alckmin, segundo apurou a Folha, e poderá ser um empecilho aos planos do prefeito de São Paulo para obter a candidatura tucana.
FHC, Alckmin, Tasso e Aécio concordam que, se em março de 2006 Serra continuar a ser o único tucano com chance real de bater o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, ninguém terá força para impedir a sua candidatura. Haverá um movimento natural do partido, na avaliação deles, para que Serra deixe a Prefeitura de São Paulo ao final de 16 meses de exercício.
Por ora, FHC, Alckmin e Aécio perderiam de Lula, mostram as pesquisas mais recentes, que aferiram a perda de cacife do petista devido à crise do "mensalão". Já Serra venceria no segundo turno e a pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta semana já mostra o prefeito de São Paulo em empate técnico com o petista no primeiro turno.
No entanto, se os demais caciques tucanos também surgirem nas pesquisas como candidatos que tenham condição de derrotar Lula, a candidatura de Serra sofrerá forte resistência para ser formalizada pela legenda.
A Folha apurou que há uma avaliação comum de Tasso, Alckmin e Aécio de que Serra seria um candidato que traria para a campanha eleitoral um novo julgamento do governo FHC (1995-2002). Ex-ministro da Saúde de FHC, o prefeito de São Paulo seria carimbado como uma volta ao passado. De acordo com pesquisas encomendadas pelo tucanato, não existe um sentimento de "volta, FHC".
Serra sempre foi contrário à política econômica de FHC, mas a marca de ter servido ao governo dele seria um aspecto negativo para a sua campanha presidencial em 2006, consideram Tasso, Alckmin e Aécio.

Competitividade
Esse trio tucano julga que Alckmin e Aécio teriam mais competitividade eleitoral. Alckmin, visto como o mais forte presidenciável tucano depois de Serra, ainda seria vendido como herdeiro de Mário Covas, governador de São Paulo que morreu em 2001 e que é visto como referência moral no partido. Por não terem participado do governo, Alckmin e Aécio poderiam rebater mais facilmente a previsível crítica petista de retorno dos tempos de FHC.
Nesse contexto, a opção FHC perde força. Ele só voltaria a ser candidato, dizem antigos auxiliares deles, num quadro de caos político. Tasso, Alckmin e Aécio acham esse cenário improvável. (KA)


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