São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Setores da oposição já propõem negociar agenda mínima de votações para 2007

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do tom predominante de aquecimento da disputa eleitoral e da retórica agressiva da reta final da campanha, setores da oposição estão preocupados com uma crise de governabilidade no próximo ano e já propõem um acordo em torno de uma agenda mínima de votações para o Congresso.
Na pauta estariam, pelo menos, a reforma política, o fim da reeleição e mudanças na elaboração do Orçamento.
A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso reeleito, assuma o segundo mandato enfraquecido pelos sucessivos escândalos em seu governo e com uma relação ainda mais desgastada com os partidos de oposição, dificultando as negociações no Congresso.
"Estou preocupado com uma atmosfera tão envenenada que, mesmo o Lula sendo reeleito, haja uma crise de governabilidade. Ele pode não ser afetado eleitoralmente, mas o problema é a crise política e o aprofundamento da crise moral. É um desmoronamento", disse o senador Jefferson Péres (PDT-AM), candidato a vice na chapa de Cristovam Buarque (PDT).
Ele propõe que, no pacto entre governo e oposição, seja incluído o ajuste fiscal e um plano de desenvolvimento no longo prazo. "Não estou contando somente com o patriotismo, mas com as perspectivas para 2010", disse Péres, em alusão à próxima sucessão presidencial.
Lideranças do PSDB e do PFL evitam falar abertamente sobre o assunto devido ao processo eleitoral, mas avaliam que um entendimento mínimo será necessário. "Nesse clima acirrado não é o momento de um lado nem do outro falar sobre isso", afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado de Lula que tem defendido o acordo, de olho na sua recondução à presidência da Casa em fevereiro.
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) foi ao Senado no mês passado propor a Renan o que ele chama de "concertação" -um pacto político para aprovar uma agenda legislativa no próximo ano.
A visita, no entanto, foi mal recebida por líderes do PSDB e do PFL que estão engajados na campanha do tucano Geraldo Alckmin. Eles interpretaram o gesto do ministro como uma comemoração de vitória antecipada do presidente Lula.
Entre os que, mesmo na oposição, defendem abertamente a necessidade de entendimento para a votação de algumas matérias está o senador Marco Maciel (PFL-PE). "Desejo que a próxima legislatura já se instale com o compromisso de fazer essas reformas. Penso que entre a diplomação dos eleitos e a sua posse devamos estabelecer no Congresso um calendário de discussão e votação das matérias alusivas ao aperfeiçoamento institucional."
O acordo para a votação dessas matérias também seria uma tentativa de recuperar a imagem do Congresso, desgastada depois dos escândalos. "Ou se faz um grande entendimento ou a próxima legislatura já vai começar com novas CPIs e pedidos de impeachment", disse o senador Pedro Simon (RS), da ala oposicionista do PMDB.


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