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Setores da oposição já propõem negociar agenda mínima de votações para 2007
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do tom predominante de aquecimento da disputa
eleitoral e da retórica agressiva
da reta final da campanha, setores da oposição estão preocupados com uma crise de governabilidade no próximo ano e já
propõem um acordo em torno
de uma agenda mínima de votações para o Congresso.
Na pauta estariam, pelo menos, a reforma política, o fim da
reeleição e mudanças na elaboração do Orçamento.
A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
caso reeleito, assuma o segundo mandato enfraquecido pelos
sucessivos escândalos em seu
governo e com uma relação ainda mais desgastada com os partidos de oposição, dificultando
as negociações no Congresso.
"Estou preocupado com uma
atmosfera tão envenenada que,
mesmo o Lula sendo reeleito,
haja uma crise de governabilidade. Ele pode não ser afetado
eleitoralmente, mas o problema é a crise política e o aprofundamento da crise moral. É
um desmoronamento", disse o
senador Jefferson Péres (PDT-AM), candidato a vice na chapa
de Cristovam Buarque (PDT).
Ele propõe que, no pacto entre governo e oposição, seja incluído o ajuste fiscal e um plano
de desenvolvimento no longo
prazo. "Não estou contando somente com o patriotismo, mas
com as perspectivas para
2010", disse Péres, em alusão à
próxima sucessão presidencial.
Lideranças do PSDB e do
PFL evitam falar abertamente
sobre o assunto devido ao processo eleitoral, mas avaliam
que um entendimento mínimo
será necessário. "Nesse clima
acirrado não é o momento de
um lado nem do outro falar sobre isso", afirmou o presidente
do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), aliado de Lula que
tem defendido o acordo, de
olho na sua recondução à presidência da Casa em fevereiro.
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) foi ao Senado no mês passado propor a
Renan o que ele chama de "concertação" -um pacto político
para aprovar uma agenda legislativa no próximo ano.
A visita, no entanto, foi mal
recebida por líderes do PSDB e
do PFL que estão engajados na
campanha do tucano Geraldo
Alckmin. Eles interpretaram o
gesto do ministro como uma
comemoração de vitória antecipada do presidente Lula.
Entre os que, mesmo na oposição, defendem abertamente a
necessidade de entendimento
para a votação de algumas matérias está o senador Marco
Maciel (PFL-PE). "Desejo que
a próxima legislatura já se instale com o compromisso de fazer essas reformas. Penso que
entre a diplomação dos eleitos
e a sua posse devamos estabelecer no Congresso um calendário de discussão e votação das
matérias alusivas ao aperfeiçoamento institucional."
O acordo para a votação dessas matérias também seria uma
tentativa de recuperar a imagem do Congresso, desgastada
depois dos escândalos. "Ou se
faz um grande entendimento
ou a próxima legislatura já vai
começar com novas CPIs e pedidos de impeachment", disse o
senador Pedro Simon (RS), da
ala oposicionista do PMDB.
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