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Mauro Paulino
Datafolha e Ibope
DUAS PESQUISAS nacionais divulgadas
no final de semana
e encerradas no mesmo
dia revelaram resultados e
tendências semelhantes
do ponto de vista estatístico. Mas as diferenças numéricas, dentro da margem de erro de cada instituto, geraram interpretações distintas. Ambas, em
graus diferentes, injetaram ânimo à campanha
tucana e preocupação aos
petistas, aumentando o
suspense quanto à realização de segundo turno.
Para o Datafolha, que
concentrou todas as entrevistas na sexta-feira,
Lula oscilou de 50% para
49% e sua diferença em
relação aos demais candidatos passou de dez para
oito pontos, em comparação com a pesquisa anterior feita nos dois primeiros dias da mesma semana. Lula contava, na sexta,
com 55% dos votos válidos
e venceria no primeiro
turno se a eleição fosse
realizada naquele dia.
Alckmin oscilou de 29%
para 31% e sua curva, ascendente, mostrou-se inversamente proporcional
à de Heloísa Helena, que
perdeu dois pontos, o que
não contribui para levar a
eleição ao segundo turno.
O Ibope distribuiu suas
entrevistas entre quarta e
sexta e comparou seus resultados com a pesquisa
feita também no início da
semana, entre segunda e
quarta. Lula, que já havia
oscilado um ponto no levantamento anterior, perdeu mais dois, chegando a
47%. Com 52% dos votos
válidos, considerando o limite da margem de erro,
poderia ter que disputar o
segundo turno se a eleição
fosse nos dias da pesquisa.
Sua vantagem em relação
à soma dos demais candidatos caiu de sete para três
pontos percentuais entre
os três primeiros e os três
últimos dias da semana.
Alckmin cresceu três pontos e Heloísa Helena perdeu apenas um e isso colabora para que a eleição vá
para o segundo turno pois,
aparentemente, Alckmin
começa a avançar sobre o
eleitorado de Lula, segundo o Ibope.
Mais do que alimentar a
disputa saudável entre os
institutos, as sutis diferenças entre as duas pesquisas agregam informação e
ajudam a despertar o interesse pelo momento político. As rodadas a serem
divulgadas nesta semana
recuperam a curiosidade
roubada pela monotonia
da campanha.
Neste ano, o eleitor foi
fartamente exposto às
pesquisas dos quatro institutos que fazem, e divulgam, levantamentos com
representatividade nacional, auxiliando no processo de definição do voto e
percepção da cidadania.
Por outro lado, a ampla repercussão de cada pesquisa agrega dividendos às
marcas das empresas de
pesquisa e de quem as
contrata. A comparação
dos últimos números com
o resultado das urnas é um
risco sem margem de erro.
Espera-se que, nessa semana crucial, todos os institutos e as contratantes
desfrutem do direito conquistado de divulgar suas
pesquisas, inclusive no dia
da eleição, e contribuam
para decifrar os últimos
movimentos.
MAURO PAULINO é diretor-geral
do instituto Datafolha
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