São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Mauro Paulino

Datafolha e Ibope

DUAS PESQUISAS nacionais divulgadas no final de semana e encerradas no mesmo dia revelaram resultados e tendências semelhantes do ponto de vista estatístico. Mas as diferenças numéricas, dentro da margem de erro de cada instituto, geraram interpretações distintas. Ambas, em graus diferentes, injetaram ânimo à campanha tucana e preocupação aos petistas, aumentando o suspense quanto à realização de segundo turno.
Para o Datafolha, que concentrou todas as entrevistas na sexta-feira, Lula oscilou de 50% para 49% e sua diferença em relação aos demais candidatos passou de dez para oito pontos, em comparação com a pesquisa anterior feita nos dois primeiros dias da mesma semana. Lula contava, na sexta, com 55% dos votos válidos e venceria no primeiro turno se a eleição fosse realizada naquele dia.
Alckmin oscilou de 29% para 31% e sua curva, ascendente, mostrou-se inversamente proporcional à de Heloísa Helena, que perdeu dois pontos, o que não contribui para levar a eleição ao segundo turno.
O Ibope distribuiu suas entrevistas entre quarta e sexta e comparou seus resultados com a pesquisa feita também no início da semana, entre segunda e quarta. Lula, que já havia oscilado um ponto no levantamento anterior, perdeu mais dois, chegando a 47%. Com 52% dos votos válidos, considerando o limite da margem de erro, poderia ter que disputar o segundo turno se a eleição fosse nos dias da pesquisa.
Sua vantagem em relação à soma dos demais candidatos caiu de sete para três pontos percentuais entre os três primeiros e os três últimos dias da semana.
Alckmin cresceu três pontos e Heloísa Helena perdeu apenas um e isso colabora para que a eleição vá para o segundo turno pois, aparentemente, Alckmin começa a avançar sobre o eleitorado de Lula, segundo o Ibope.
Mais do que alimentar a disputa saudável entre os institutos, as sutis diferenças entre as duas pesquisas agregam informação e ajudam a despertar o interesse pelo momento político. As rodadas a serem divulgadas nesta semana recuperam a curiosidade roubada pela monotonia da campanha.
Neste ano, o eleitor foi fartamente exposto às pesquisas dos quatro institutos que fazem, e divulgam, levantamentos com representatividade nacional, auxiliando no processo de definição do voto e percepção da cidadania.
Por outro lado, a ampla repercussão de cada pesquisa agrega dividendos às marcas das empresas de pesquisa e de quem as contrata. A comparação dos últimos números com o resultado das urnas é um risco sem margem de erro.
Espera-se que, nessa semana crucial, todos os institutos e as contratantes desfrutem do direito conquistado de divulgar suas pesquisas, inclusive no dia da eleição, e contribuam para decifrar os últimos movimentos.


MAURO PAULINO é diretor-geral do instituto Datafolha


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