São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / RECIFE

Petista recorre de cassação e planeja levar Lula a comício

Adversários usam decisão para atacar João da Costa, que culpa oposição pela punição

Líder na pesquisa Datafolha, com 48%, Costa foi cassado pelo juiz eleitoral Nilson Nery; petista recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A dez dias da eleição, o candidato do PT à Prefeitura de Recife, João da Costa, quer a ajuda do presidente Lula para tentar reduzir o impacto em sua campanha da decisão de um juiz eleitoral de cassar sua candidatura por uso da máquina.
No programa eleitoral de ontem, o PT atribuiu a responsabilidade pela punição aos opositores que "são contra o presidente Lula". Além disso, Costa pretende levar Lula ao último grande comício da campanha, marcado para amanhã.
Lula já foi convidado para o evento, mas ainda não respondeu. O convite foi feito pelo prefeito de Recife, João Paulo (PT), durante conversa por telefone, horas após a divulgação da sentença pela Justiça Eleitoral, na noite de anteontem. Ontem João Paulo foi a Brasília. "A visita [de Lula], nessa circunstância, seria uma clara demonstração de apoio ao partido", disse o presidente estadual do PT, Jorge Perez. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) também foi convidada.
Líder na pesquisa Datafolha, com 48% das intenções de voto, Costa foi condenado por ter sido beneficiado pela prefeitura, segundo o juiz eleitoral Nilson Nery, autor da sentença. Além da cassar o registro da candidatura, Nery declarou o petista inelegível por três anos.
Ex-secretário municipal, o candidato teria obtido vantagem eleitoral com a publicação de cartilhas do Orçamento Participativo e o uso de computadores da Secretaria Municipal da Educação para a divulgação de atos de campanha. O petista entrou ontem com recurso no Tribunal Regional Eleitoral pedindo a reforma integral da decisão. O advogado do candidato, Ricardo Soriano, diz que "há falhas na sentença, fragilidades, ausência de provas, nulidades e cerceamento da defesa".
A oposição, que viu crescerem as chances de levar a eleição para o segundo turno, manteve o tom crítico e repercutiu ontem a decisão judicial no horário eleitoral gratuito na TV.
Principal adversário do petista, com 22% das intenções de voto, Mendonça (DEM) dedicou todo o seu programa ao tema. "Ficou provado que o candidato do governo se beneficiou e obteve vantagem sobre seus concorrentes com o uso ilegal de recursos, equipamentos e funcionários da prefeitura", disse o locutor. Também por meio de um locutor, Costa disse que a decisão judicial "em nada impede a continuidade da candidatura" e que a oposição, "diante da derrota certa nas urnas, tenta calar a voz do povo".
Apoiador de João da Costa, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu ontem o candidato. "Não é da nossa tradição política [o uso da máquina], pelo contrário. Quem tem essa tradição são os que hoje nos combatem".


Colaborou PAULO PEIXOTO , da Agência Folha, em Belo Horizonte


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