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ELEIÇÕES 2008 / RECIFE
Petista recorre de cassação e planeja levar Lula a comício
Adversários usam decisão para atacar João da Costa, que culpa oposição pela punição
Líder na pesquisa Datafolha, com 48%, Costa foi cassado pelo juiz eleitoral Nilson Nery; petista recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A dez dias da eleição, o candidato do PT à Prefeitura de Recife, João da Costa, quer a ajuda
do presidente Lula para tentar
reduzir o impacto em sua campanha da decisão de um juiz
eleitoral de cassar sua candidatura por uso da máquina.
No programa eleitoral de ontem, o PT atribuiu a responsabilidade pela punição aos opositores que "são contra o presidente Lula". Além disso, Costa
pretende levar Lula ao último
grande comício da campanha,
marcado para amanhã.
Lula já foi convidado para o
evento, mas ainda não respondeu. O convite foi feito pelo
prefeito de Recife, João Paulo
(PT), durante conversa por telefone, horas após a divulgação
da sentença pela Justiça Eleitoral, na noite de anteontem. Ontem João Paulo foi a Brasília.
"A visita [de Lula], nessa circunstância, seria uma clara demonstração de apoio ao partido", disse o presidente estadual
do PT, Jorge Perez. A ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil)
também foi convidada.
Líder na pesquisa Datafolha,
com 48% das intenções de voto,
Costa foi condenado por ter sido beneficiado pela prefeitura,
segundo o juiz eleitoral Nilson
Nery, autor da sentença. Além
da cassar o registro da candidatura, Nery declarou o petista
inelegível por três anos.
Ex-secretário municipal, o
candidato teria obtido vantagem eleitoral com a publicação
de cartilhas do Orçamento Participativo e o uso de computadores da Secretaria Municipal
da Educação para a divulgação
de atos de campanha. O petista
entrou ontem com recurso no
Tribunal Regional Eleitoral pedindo a reforma integral da decisão. O advogado do candidato, Ricardo Soriano, diz que "há
falhas na sentença, fragilidades, ausência de provas, nulidades e cerceamento da defesa".
A oposição, que viu crescerem as chances de levar a eleição para o segundo turno, manteve o tom crítico e repercutiu
ontem a decisão judicial no horário eleitoral gratuito na TV.
Principal adversário do petista, com 22% das intenções de
voto, Mendonça (DEM) dedicou todo o seu programa ao tema. "Ficou provado que o candidato do governo se beneficiou e obteve vantagem sobre
seus concorrentes com o uso
ilegal de recursos, equipamentos e funcionários da prefeitura", disse o locutor. Também
por meio de um locutor, Costa
disse que a decisão judicial "em
nada impede a continuidade da
candidatura" e que a oposição,
"diante da derrota certa nas urnas, tenta calar a voz do povo".
Apoiador de João da Costa, o
governador de Pernambuco,
Eduardo Campos (PSB), defendeu ontem o candidato. "Não é
da nossa tradição política [o
uso da máquina], pelo contrário. Quem tem essa tradição são
os que hoje nos combatem".
Colaborou PAULO PEIXOTO ,
da Agência Folha, em Belo Horizonte
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