|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO LOTERJ
Para presidente da Câmara, caso se comprove tentativa de extorquir Carlinhos Cachoeira, deputado pode ser cassado
Denúncia de extorsão é grave, diz João Paulo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Câmara dos
Deputados, João Paulo Cunha
(PT-SP), disse considerar o caso
do suposto achaque a Carlinhos
Cachoeira grave e defendeu "punição exemplar" caso fique comprovado que o deputado peemedebista André Luiz (RJ) liderou
um esquema de extorsão.
Reportagem da revista "Veja"
afirma que o deputado federal
André Luiz pediu R$ 4 milhões ao
empresário de jogos Carlos Cachoeira para livrá-lo do pedido de
prisão a ser votado na CPI da Loterj, na Assembléia Legislativa do
Rio de Janeiro.
"Vamos tomar todas as providências para apurar com a maior
agilidade e não tenha dúvida de
que isso pode chegar à cassação
do mandato, caso fique comprovado o que disse a revista", afirmou João Paulo.
Quando um deputado sofre
uma acusação considerada grave
pela Mesa da Casa, a praxe é que a
Corregedoria da Câmara investigue e, caso conclua pela culpa, dê
parecer à Mesa sugerindo abertura de processo de cassação do
mandato pelo Conselho de Ética.
João Paulo disse que se reunirá
nesta semana com a Mesa e que,
dependendo da dimensão do caso, pode pular a etapa da investigação pela corregedoria e determinar ao Conselho de Ética a
abertura de processo de cassação.
"O caso é grave e acaba comprometendo a instituição das CPIs. Se
for comprovado o que está na revista, merece punição exemplar."
O presidente da Câmara negou
que já tivesse informações sobre
supostos achaques que estariam
ocorrendo em CPIs ou nas comissões da Casa, mas confirmou que
havia se preocupado com o excesso de requerimentos de convocação apresentados.
O ministro Eunício Oliveira
(Comunicações), que foi líder da
bancada do PMDB na Câmara em
2003, afirmou que, na época, ouviu comentários informais sobre
o suposto esquema, mas que nenhuma reclamação ou acusação
formal chegou até ele.
A última vez que denúncias
contra um congressista resultaram em perda de mandato ocorreu no início de 2003, quando o
ex-deputado Pinheiro Landim
(CE) renunciou antes de ser processado pelo Conselho de Ética.
Ele era acusado de participar de
um esquema de vendas de habeas
corpus a traficantes.
Dois pedidos de CPI
André Luiz, no período em que
foi deputado estadual, propôs à
Assembléia Legislativa a abertura
de CPI para investigar a situação
dos bingos.
A proposta foi apresentada duas
vezes pelo então deputado estadual. Nas duas ocasiões, o plenário da Assembléia Legislativa rejeitou a abertura da CPI.
André Luiz só conseguiu aprovar a abertura de duas CPIs no seu
último mandato na Assembléia.
Uma investigou a suposta prática
de sonegação fiscal por supermercados. Outra, a evasão de
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviço) pelo
empresariado fluminense.
A Folha não conseguiu ouvir
André Luiz. Segundo a revista, o
dinheiro pedido por ele livraria
Carlinhos Cachoeira do pedido de
prisão pela CPI que investigou irregularidades na Loterj (autarquia de jogos vinculada ao governo estadual).
O relatório da CPI pede a prisão
de Cachoeira e do ex-assessor da
Casa Civil Waldomiro Diniz, que
presidiu a Loterj em 1991 e 1992.
Ele deverá ser votado amanhã em
plenário, em sessão extraordinária convocada anteontem pelo
presidente da Assembléia, Jorge
Picciani (PMDB).
Texto Anterior: Justiça: Decisão beneficia Mendes Júnior Próximo Texto: Baile oficial: Lula passa a noite em festa da Aeronáutica Índice
|