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REFORMA AOS PEDAÇOS
Previdenciária vai à votação hoje após acerto sobre subteto
Governo faz acordo e aposta na oposição para aprovar reforma
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo fechou acordo com o
governador Germano Rigotto
(RS), do PMDB, sobre os critérios
do subteto salarial dos Estados
previsto na reforma da Previdência, que satisfez aos governadores
do PSDB. Hoje, governo e oposição se enfrentam na primeira votação da emenda constitucional
no plenário do Senado.
O governo espera contar com os
dissidentes tucanos e pefelistas na
votação de hoje que, somados aos
senadores da base governista, garantem os votos para a aprovação
da reforma -são necessários, no
mínimo, 49 votos a favor. O desafio do governo será reunir esses
senadores no plenário.
Ontem foi um dia de fazer contas. O líder do PT no Senado e relator da reforma da Previdência,
Tião Viana (AC), disse que o governo teria 53 votos -quatro a
mais do que o necessário.
Na verdade, o governo acredita
que a favor do texto básico são 45
votos assegurados apenas dos
partidos aliados. Se somados aos
dissidentes do PFL e do PSDB, podem chegar a 59. Apesar do acordo fechado ontem com Rigotto, o
líder do PSDB, Arthur Virgílio
(AM), vai encaminhar hoje voto
contra a reforma. PSDB e PFL,
principais partidos de oposição,
liberaram suas bancadas, ou seja,
cada senador terá a liberdade de
votar como quiser, embora a
orientação dos líderes seja no sentido de rejeitar a proposta.
Sem votos suficientes para rejeitar a reforma ou aprovar requerimentos para votação em separado de pontos mais polêmicos, a
estratégia da oposição será tentar
forçar os senadores a se expor, assumindo posição favorável ou
contra medidas impopulares.
Para isso, a tática será pedir votação nominal (com registro individual dos votos) na apreciação
dos requerimentos.
Pelo acordo fechado ontem pelo
líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), com Rigotto, será
mantido na emenda original da
reforma, aprovada na Câmara
dos Deputados, o dispositivo que
estabelece três subtetos salariais
para os Estados -o do Executivo
limitado pelo salário de governador, o do Judiciário, pelo subsídio
de desembargador, e o do Legislativo, pela remuneração do deputado federal.
Por outro lado, a chamada
"PEC paralela" -emenda proposta no Senado como forma de
alterar a reforma da Previdência
sem mexer no texto original- vai
permitir que o governador, se
quiser, estabeleça subteto único
no Estado, que poderá chegar até
o valor de salário de desembargador -que equivale a 90,25% do
salário de ministro do Supremo
Tribunal Federal, hoje R$ 17 mil.
O chefe do Executivo estadual
terá um prazo de 60 dias para enviar projeto de lei à respectiva Assembléia Legislativa propondo
esse subteto.
Entendimento
Pelo entendimento mantido ontem, enquanto não for promulgada a PEC paralela, o governador
que não concordar com o subteto
vinculado à sua remuneração poderá fixar um salário de referência, com duração provisória, exclusivamente para servir de teto
remuneratório no Estado.
Esse é o caso de Rigotto, que
considera seu salário baixo (cerca
de R$ 6.000 brutos) para limitar
os salários do funcionalismo.
Além disso, ele defende subteto
único aos três poderes.
"O tempo vai mostrar que os
subtetos diferenciados aumentarão as distorções entre os Poderes", disse. Ele fez questão de dizer
que a ampliação do teto no Estado
não significa elevação salarial do
funcionalismo. "O subteto simplesmente provocará a redução
dos salários que estão acima."
Rigotto defendia a supressão do
dispositivo que regulamenta o
subteto no texto original da reforma, mas a proposta tinha oposição dos governadores tucanos
Aécio Neves (MG), Geraldo Alckmin (SP) e Lúcio Alcântara (CE).
Ontem, Aécio comemorou o resultado da negociação no Senado.
"Serão mantidos os tetos diferenciados. Foi a vitória da racionalidade. Vamos encontrar solução
para o impasse do Rio Grande do
Sul, que tem toda a nossa solidariedade", afirmou. O acordo tem
pelo menos um ponto frágil: pressupõe que haja acordo para aprovação da PEC paralela. Mas, no
Senado, PFL e PSDB continuam
contra essa emenda.
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