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NO AR
Mensagens de paz
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
- De cima de um carro
de som, mensagens de
paz.
Era o Jornal Nacional no fim
de semana, descrevendo a passeata com "cinco mil pessoas
vestidas de branco", mas que
não era exatamente de "paz".
Hebe Camargo estava lá, ela
que usou o SBT para ameaçar
de morte o adolescente que, segundo a polícia, matou a jovem
Liana Friedenbach.
Também estava lá Henry Sobel, que declarou ao JN:
- O judaísmo condena categoricamente a pena de morte.
Mas, neste caso de Liana, eu defendo a pena de morte.
Paz, para Hebe e o rabino, rima com matar.
Não é paradoxo isolado na televisão, nos últimos tempos.
Uma campanha da Band é outro exemplo.
Entre imagens que parecem tiradas de seus noticiários policialescos, a emissora pergunta:
- Quem é que precisa ser desarmado, o bandido ou o cidadão de bem? Entre nessa campanha. Campanha de desarmamento...
Uma breve pausa:
- ... dos bandidos. Possuir arma legal é direito do cidadão!
Obviamente, não se trata de
"campanha de desarmamento",
mas de seu contrário. Assim como não se trata de "paz", mas
de morte.
Na política, os tucanos abraçam a nova postura com personagens como Geraldo Alckmin e
a pré-candidata Zulaiê Cobra
-que já se reuniria a Hebe no
programa de ontem.
Sobra para petistas como
Márcio Thomaz Bastos e Hélio
Bicudo, de longa história, resistir à comoção.
O vice-prefeito voltou a atacar
os esforços para transformar o
ECA em "Estatuto Penal da
Criança e do Adolescente", como diz, com ironia amarga.
De seu lado, o ministro da Justiça, dias depois de contraditar
um cardeal, contestou o rabino,
segundo Jovem Pan e CBN, afirmando que "a pena de morte
não diminuiu a criminalidade
nos países que a implantaram".
E avisando para "um efeito
subsidiário muito negativo" no
debate:
- A pena de morte aplaca a
consciência das pessoas.
Para um país que serviria de
exemplo de democracia, o Iraque começa mal.
Duas dezenas de policiais tomaram o escritório do canal de
notícias Al Arabiya em Bagdá e
proibiram reportagens sobre o
país. Ordens do Conselho de Governo criado pelos EUA.
É o que fazem todas ditaduras
do Oriente Médio, corriqueiramente, não só com a Al Arabiya,
mas com a mais conhecida Al
Jazeera.
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