São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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NO AR

Mensagens de paz

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- De cima de um carro de som, mensagens de paz.
Era o Jornal Nacional no fim de semana, descrevendo a passeata com "cinco mil pessoas vestidas de branco", mas que não era exatamente de "paz".
Hebe Camargo estava lá, ela que usou o SBT para ameaçar de morte o adolescente que, segundo a polícia, matou a jovem Liana Friedenbach.
Também estava lá Henry Sobel, que declarou ao JN:
- O judaísmo condena categoricamente a pena de morte. Mas, neste caso de Liana, eu defendo a pena de morte.
Paz, para Hebe e o rabino, rima com matar.
Não é paradoxo isolado na televisão, nos últimos tempos. Uma campanha da Band é outro exemplo.
Entre imagens que parecem tiradas de seus noticiários policialescos, a emissora pergunta:
- Quem é que precisa ser desarmado, o bandido ou o cidadão de bem? Entre nessa campanha. Campanha de desarmamento...
Uma breve pausa:
- ... dos bandidos. Possuir arma legal é direito do cidadão!
Obviamente, não se trata de "campanha de desarmamento", mas de seu contrário. Assim como não se trata de "paz", mas de morte.
Na política, os tucanos abraçam a nova postura com personagens como Geraldo Alckmin e a pré-candidata Zulaiê Cobra -que já se reuniria a Hebe no programa de ontem.
Sobra para petistas como Márcio Thomaz Bastos e Hélio Bicudo, de longa história, resistir à comoção.
O vice-prefeito voltou a atacar os esforços para transformar o ECA em "Estatuto Penal da Criança e do Adolescente", como diz, com ironia amarga.
De seu lado, o ministro da Justiça, dias depois de contraditar um cardeal, contestou o rabino, segundo Jovem Pan e CBN, afirmando que "a pena de morte não diminuiu a criminalidade nos países que a implantaram".
E avisando para "um efeito subsidiário muito negativo" no debate:
- A pena de morte aplaca a consciência das pessoas.
 
Para um país que serviria de exemplo de democracia, o Iraque começa mal.
Duas dezenas de policiais tomaram o escritório do canal de notícias Al Arabiya em Bagdá e proibiram reportagens sobre o país. Ordens do Conselho de Governo criado pelos EUA.
É o que fazem todas ditaduras do Oriente Médio, corriqueiramente, não só com a Al Arabiya, mas com a mais conhecida Al Jazeera.


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