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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ A HORA DE DIRCEU
Presidente do STF, que até anteontem defendia elaboração de novo parecer sobre o caso de José Dirceu, agora apóia apenas a retirada de trechos
Para Jobim, relatório não precisa ser refeito
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Nelson Jobim,
disse ontem que, caso seja concedida liminar ao deputado e ex-ministro José Dirceu (PT-SP), entende que deverá valer a solução proposta pelo ministro Cezar Peluso,
que apenas obriga a retirada de
trechos que citam o depoimento
da presidente do Banco Rural Kátia Rabello do relatório do Conselho de Ética.
O questionamento se dá porque
Kátia Rabello, testemunha de
acusação, foi ouvida após os depoimentos da defesa.
Anteontem, Jobim defendeu a
proposta do ministro Marco Aurélio de Mello, que forçaria o conselho a ouvir testemunhas de defesa, refazer o relatório e votá-lo
novamente, o que proporcionaria
mais tempo a Dirceu.
O STF deverá decidir na próxima sessão, no dia 30, se concede
ou não liminar a Dirceu e, se concedida, qual será seu efeito no
processo de cassação do mandato
por quebra de decoro parlamentar. Em sessão anteontem, houve
empate de 5 votos a 5. Caberá a
Sepúlveda Pertence o desempate.
O fato é que os próprios ministros do STF não se entendem sobre a repercussão de uma eventual liminar. Ao contrário de Jobim, Peluso não confirmou a predominância da sua proposta.
Politicamente, a sugestão de
Marco Aurélio favorece o petista,
porque irá impor novo atraso na
votação da cassação no plenário,
marcada para a próxima quarta-feira. Os adiamentos aumentam o
risco de a votação do processo ficar para o ano que vem.
Sob o aspecto jurídico, a alternativa de Peluso é considerada
mais drástica, porque implica a
exclusão de prova. Mesmo que
não mude a convicção dos deputados pela cassação, pode servir
de argumento para Dirceu em
ação judicial para anular o processo por suposta falta de provas.
Sepúlveda faltou às sessões de
ontem e de anteontem por causa
de problema de saúde. Está de repouso, com flebite (inflamação
nas veias). A expectativa é que ele
conceda a liminar, considerando
seu voto em outro mandado de
segurança de Dirceu.
O ministro Carlos Velloso negou ontem que esse julgamento
do STF represente uma interferência indevida do Poder Judiciário em atividades do Legislativo.
Afirmou que é obrigação do Supremo examinar situações de
ameaça a direito. "Não há interferência indevida. É o STF fazendo
cumprir a Constituição, que assegura o acesso daquele que diz que
há uma lesão a um direito seu."
No processo político de cassação do mandato, Dirceu é acusado de ser o mentor de esquema de
distribuição de dinheiro a parlamentares aliados em troca de
apoio ao governo. O processo foi
aberto a pedido do PTB.
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