São Paulo, sexta-feira, 25 de novembro de 2005

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Jobim já admite candidatura à Presidência

ELIANE CANTANHÊDE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No centro do fogo cruzado entre Judiciário e Legislativo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro e ex-deputado Nelson Jobim, avisou extra-oficialmente à cúpula do PMDB que admite deixar o tribunal no próximo ano para disputar a Presidência pelo partido.
Mesmo com o recrudescimento da crise entre os Poderes, agora por causa das votações do Judiciário quanto ao processo de cassação do deputado José Dirceu (PT-SP), Jobim deu mais um indício explícito de que deseja ser candidato a presidente num jantar com líderes de partidos no Senado, anteontem, em Brasília.
Antes do jantar, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) fez uma avaliação de que a guerra entre o PT e o PSDB poderia favorecer uma candidatura alternativa, especialmente a de Jobim pelo PMDB. Jobim, que era peemedebista até virar ministro do STF, concordou com a tese e não descartou seu nome.
Pelo argumento, petistas e tucanos vão radicalizar na campanha, com acusações mútuas de corrupção, abrindo espaço para a "terceira via". O PMDB é um partido forte, e Jobim seria uma espécie de "contraponto ético" e atualmente fora dos meios políticos, que estão com popularidade descendente.
A cúpula peemedebista aliada ao Planalto já informou o presidente Lula que não tem condições de garantir o apoio do partido à reeleição e que trabalha por uma candidatura própria.
O único pré-candidato que efetivamente está em campanha para ter a legenda do PMDB é o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, que não tem apoio da cúpula partidária nem dos governadores e insiste na realização de prévias em fevereiro. A cúpula quer adiar para abril.
A principal alternativa seria Jobim, que também é lembrado por ministros do atual governo como um bom nome para ser vice de Lula em 2006. Como ministro do Supremo, ele tem a prerrogativa de se filiar a um partido num prazo excepcional, em abril do ano da eleição, para concorrer.
Jobim foi o homenageado do jantar de anteontem na casa do senador Fernando Bezerra (PTB-RN), com a presença dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e os líderes do governo e da oposição no Senado.
A reunião foi horas depois do empate no STF do pedido de liminar de Dirceu contra o processo de cassação de seu mandato, o que pode determinar que a Câmara refaça parte do processo. O clima entre o tribunal e o Congresso estava péssimo.
Primeiro a chegar, Jobim assistiu pelos telejornais à dura reação dos deputados à votação no Supremo, mas tentou ser diplomático e mal comentou tanto a decisão quanto a reação. E os senadores reclamaram mais das dificuldades entre Supremo e Senado por causa da cassação do mandato do senador João Capiberibe (PSB-AP).
O plenário do Senado acatou a cassação, decidida pelo TSE e ratificada pelo STF, mas depois o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, deu liminar determinando tempo para Capiberibe se defender no Senado.


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