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Jobim já admite
candidatura
à Presidência
ELIANE CANTANHÊDE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No centro do fogo cruzado
entre Judiciário e Legislativo, o presidente do Supremo
Tribunal Federal, ministro e
ex-deputado Nelson Jobim,
avisou extra-oficialmente à
cúpula do PMDB que admite deixar o tribunal no próximo ano para disputar a Presidência pelo partido.
Mesmo com o recrudescimento da crise entre os Poderes, agora por causa das
votações do Judiciário quanto ao processo de cassação
do deputado José Dirceu
(PT-SP), Jobim deu mais um
indício explícito de que deseja ser candidato a presidente num jantar com líderes de partidos no Senado,
anteontem, em Brasília.
Antes do jantar, o senador
Romero Jucá (PMDB-RR)
fez uma avaliação de que a
guerra entre o PT e o PSDB
poderia favorecer uma candidatura alternativa, especialmente a de Jobim pelo
PMDB. Jobim, que era peemedebista até virar ministro
do STF, concordou com a tese e não descartou seu nome.
Pelo argumento, petistas e
tucanos vão radicalizar na
campanha, com acusações
mútuas de corrupção, abrindo espaço para a "terceira
via". O PMDB é um partido
forte, e Jobim seria uma espécie de "contraponto ético"
e atualmente fora dos meios
políticos, que estão com popularidade descendente.
A cúpula peemedebista
aliada ao Planalto já informou o presidente Lula que
não tem condições de garantir o apoio do partido à reeleição e que trabalha por
uma candidatura própria.
O único pré-candidato que
efetivamente está em campanha para ter a legenda do
PMDB é o ex-governador do
Rio Anthony Garotinho, que
não tem apoio da cúpula
partidária nem dos governadores e insiste na realização
de prévias em fevereiro. A
cúpula quer adiar para abril.
A principal alternativa seria Jobim, que também é
lembrado por ministros do
atual governo como um
bom nome para ser vice de
Lula em 2006. Como ministro do Supremo, ele tem a
prerrogativa de se filiar a um
partido num prazo excepcional, em abril do ano da
eleição, para concorrer.
Jobim foi o homenageado
do jantar de anteontem na
casa do senador Fernando
Bezerra (PTB-RN), com a
presença dos presidentes do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), e
os líderes do governo e da
oposição no Senado.
A reunião foi horas depois
do empate no STF do pedido
de liminar de Dirceu contra
o processo de cassação de
seu mandato, o que pode determinar que a Câmara refaça parte do processo. O clima entre o tribunal e o Congresso estava péssimo.
Primeiro a chegar, Jobim
assistiu pelos telejornais à
dura reação dos deputados à
votação no Supremo, mas
tentou ser diplomático e mal
comentou tanto a decisão
quanto a reação. E os senadores reclamaram mais das
dificuldades entre Supremo
e Senado por causa da cassação do mandato do senador
João Capiberibe (PSB-AP).
O plenário do Senado acatou a cassação, decidida pelo
TSE e ratificada pelo STF,
mas depois o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF,
deu liminar determinando
tempo para Capiberibe se
defender no Senado.
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