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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS BINGOS
Com quatro senadores na sala, comissão toma decisão que contraria governistas
CPI aprova convocação de compadre do presidente
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Com apenas quatro senadores
na sala, a CPI dos Bingos aprovou
ontem a convocação do advogado
Roberto Teixeira, compadre do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que, na década de 80, lhe emprestou uma casa para morar em
São Bernardo do Campo (SP).
A CPI também aprovou o comparecimento do economista Paulo de Tarso Venceslau, que em
1995 acusou Teixeira de intermediar negócios entre prefeituras
petistas e a Cpem (Consultoria
para Empresas e Municípios) para financiar o caixa dois do PT.
A convocação de Teixeira foi requerida pelos líderes do PSDB,
Arthur Virgílio (AM), e do PFL,
José Agripino (RN). Quando o
documento foi lido, estavam presentes o vice-presidente da CPI,
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR),
o relator, Garibaldi Alves Filho
(PMDB-RN), e os oposicionistas
José Jorge (PFL-PE) e Geraldo
Mesquita (sem partido-AC).
Os petistas criticaram a convocação, mas acreditam que ainda
podem reverter a decisão, trabalhando para não agendar o depoimento. "Não havia quórum para
aprovar este requerimento", protestou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
CPI do Banestado
Em 2004, a oposição também
tentou convocar o compadre de
Lula para depor na CPI do Banestado. Teixeira era advogado do
empresário Antonio Celso Cipriani, presidente da Transbrasil, e integrou o conselho administrativo
da companhia. A empresa quebrou em 2001, deixando dívidas
avaliadas, à época, em R$ 910 milhões. A CPI também identificou
depósitos no exterior para a
Transbrasil, por meio de doleiros.
Virgílio apresentara o requerimento, sem sucesso. O relator daquela comissão, deputado José
Mentor (PT-SP), é amigo de Teixeira. Em conversa captada pela
TV Senado em junho de 2004,
Mentor, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), e o deputado
Eduardo Valverde (PT-RO) discutiam como evitar a convocação.
Ontem, José Jorge disse que
aproveitará a presença para "perguntar sobre todos os assuntos"
que envolvem o PT e Lula.
O nome de Teixeira surgiu no
escândalo Cpem em 1995. Na ocasião, Paulo de Tarso Venceslau,
então secretário de Finanças de
São José dos Campos na gestão de
Ângela Guadagnin (PT), registrou um depoimento em cartório
no qual acusa Teixeira de fazer
lobby para que as prefeituras petistas contratassem a Cpem. Várias delas o fizeram, como Santo
André, São José dos Campos, Diadema e Santos.
Venceslau dizia que a contratação da empresa, em que Dirceu
Teixeira, irmão do advogado, era
um dos funcionários, serviria para ajudar no caixa dois do PT, que
seria operado por Paulo Okamoto, outro amigo de Lula, hoje presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Uma comissão de
sindicância interna do partido foi
aberta, mas Venceslau acabou expulso do partido.
Secretário de Palocci
Na terça, a CPI ouvirá Ademirson Ariovaldo da Silva, secretário
particular do ministro Antonio
Palocci (Fazenda). A comissão
identificou mais de 1.400 ligações
entre ele e o ex-assessor de Palocci
Vladimir Poleto, em 2003.
Ontem, a CPI dos Bingos ouviu
o advogado Hélcio Cambraia,
acusado de se beneficiar de parte
do pagamento de R$ 5 milhões
que a Gtech fez ao advogado Walter Santos Neto. Ele alegou que
parte dos recursos foram empréstimos. O restante seria pagamento por serviços que realizou para
Santos Neto.
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