São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Duda acertou com Walfrido R$ 4,5 mi de caixa 2, diz PGR

Acordo foi feito com ex-ministro por meio de sócia do publicitário, segundo denúncia

Ex-ministro de Lula nega ter negociado o pagamento a Duda, que diz que não ter cometido irregularidade; só R$ 700 mil foram declarados

Lula Marques - 15.mar.06/Folha Imagem
Duda Mendonça em depoimento à CPI dos Correios, em 2006


LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro Walfrido dos Mares Guia e Duda Mendonça acertaram desde o começo que o publicitário receberia do caixa dois a maior parte do pagamento pelos serviços prestados à campanha de 1998 do candidato derrotado à reeleição ao governo de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), segundo denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, ao Supremo Tribunal Federal.
Dos R$ 4,5 milhões pagos a Duda Mendonça, de acordo com o procurador, somente R$ 700 mil foram declarados à Justiça Eleitoral.
"Ele [Walfrido] negociou a contratação de Duda Mendonça, por intermédio de Zilmar Fernandes [sócia de Duda], pelo montante de R$ 4,5 milhões, sendo que o valor oficialmente declarado foi de apenas R$ 700 mil", escreveu Antonio Fernando na denúncia.
Walfrido nega ter negociado o pagamento a Duda. O publicitário afirma que não cometeu nenhuma irregularidade.
Segundo a denúncia, pelo menos R$ 3,5 milhões de recursos desviados de estatais mineiras alimentaram o caixa dois da campanha de Azeredo.
As afirmações de Antonio Fernando se basearam em documentos e em três depoimentos prestados à Polícia Federal.
"Que participou de uma reunião (...) com o vice-governador Walfrido dos Mares Guia em que foi apresentado o publicitário Duda Mendonça; Que nesta reunião Cláudio Mourão teria dito ao declarante que Duda Mendonça cobraria entre R$ 4 milhões e R$ 4,5 milhões", registra o depoimento de Clésio Andrade, candidato a vice de Azeredo em 1998.
"Que Walfrido dos Mares Guia confirmou tal valor ao declarante", completou.
Cláudio Mourão era o coordenador financeiro da campanha de Azeredo, que disputou e perdeu a reeleição ao governo de Minas. Segundo Mourão, o dinheiro pago a Duda Mendonça veio de empréstimos obtidos pelo empresário Marcos Valério no Banco Rural. Ele confirmou que o acerto sobre o pagamento foi fechado entre Walfrido e o publicitário, tendo parte dos recursos sido entregue em dinheiro vivo.
Segundo o procurador, esses empréstimos eram fictícios, realizados para dissimular a origem ilegal dos recursos.
"Que boa parte dos valores obtidos pelo empréstimo foi repassado ao responsável pela campanha publicitária, sr. Duda Mendonça; Que o valor da campanha publicitária foi orçado e pago em R$ 4,5 milhões (...); Que tal acordo foi estabelecido por Duda Mendonça com Mares Guia", disse o coordenador financeiro em depoimento.
Marcos Valério ratificou a declaração de Mourão. "Que realmente pode afirmar que, do valor tomado no empréstimo, R$ 4,5 milhões foram destinados a Duda Mendonça."
Walfrido foi acusado pelo procurador-geral pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, por co-participação nas irregularidades da campanha de Azeredo. No caso de Duda, Antonio Fernando encaminhou a documentação envolvendo o publicitário ao Ministério Público Federal em Minas Gerais, para que seja aberta nova investigação.


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