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Trocas feitas por Conde abrem crise em fundo de Furnas
Após assumir presidência de estatal, ex-prefeito modifica comandos do Real Grandeza e gera revolta de empregados
Segundo peemedebista, gestão "não é a maravilha que dizem'; ele afirma
que diretoria cometeu erro grave ao não processar BC
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Quatro meses depois de assumir a presidência da estatal
Furnas Centrais Elétricas, por
pressão do PMDB, Luiz Paulo
Conde -ex-prefeito do Rio e
ex-vice-governador do Estado
na gestão de Rosinha Garotinho- abriu uma crise no fundo
de pensão dos empregados,
Real Grandeza, ao propor a
substituição do presidente e do
diretor financeiro da entidade.
O atual presidente, Sérgio
Wilson Fontes, tem mandato
até agosto do ano que vem. Ele
assumiu o cargo em 2005,
quando o Real Grandeza teve a
pior fase de sua história: a perda de R$ 151 milhões com a
quebra do Banco Santos; a punição de ex-dirigentes pela Secretaria de Previdência Complementar, e a CPI dos Correios, onde ficou na berlinda
por causa dos prejuízos nas
aplicações financeiras.
O Real Grandeza tem patrimônio de R$ 6,5 bilhões e 11 mil
associados, entre empregados
de Furnas e da Eletronuclear.
Mais da metade dos associados é de aposentados. A associação Após-Furnas, dos aposentados, mobilizou-se contra
a troca dos dirigentes. Distribuiu panfletos aos funcionários
em que defende a manutenção
da diretoria atual e diz que ela
recuperou as finanças e a imagem do fundo, depois dos escândalos do passado.
A indicação dos nomes dos
novos diretores vem sendo
atribuída ao deputado federal
Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
que nega a interferência. ""Confirmo o patrocínio político da
indicação de Conde para a presidência de Furnas, mas, daí para baixo, não indiquei ninguém.
Nem diretor, nem chefe de chefe de gabinete, nem superintendente, nada", afirmou.
A nomeação de Conde para a
presidência de Furnas foi um
atendimento à reivindicação da
bancada do PMDB na Câmara.
Em troca, o partido votou a favor da prorrogação da CPMF
(imposto do cheque).
Luiz Paulo Conde, por sua
vez, disse à Folha que a iniciativa partiu dele. ""Quem manda
sou eu. Tenho prerrogativa para indicar novos diretores para
o fundo de pensão. Fui prefeito
do Rio e não me dobro à interferência de ninguém. Pode ser
amigo, que não dá", afirmou.
Indagado sobre o motivo para a substituição, disse que a
gestão do fundo ""não é a maravilha que dizem" e que considera que a diretoria cometeu
erro grave ao não processar o
Banco Central pelas perdas sofridas no Banco Santos. Segundo o fundo, a decisão de não
processar o BC foi do Conselho
Deliberativo, por recomendação dos advogados.
A proposta de troca do presidente e do diretor financeiro,
Ricardo Nogueira (que tem
mandato até dezembro de
2008), foi encaminhada ao
Conselho Deliberativo do Real
Grandeza e será votada na próxima quarta-feira.
Dos seis conselheiros, três
são eleitos pelos empregados e
votarão contra, segundo informação de Geovah Machado,
um dos eleitos.
Dois dos outros três conselheiros assumiram os cargos
em outubro, por indicação de
Conde. O outro é indicado pela
Eletronuclear. Em caso de empate na votação, o presidente
do conselho (representante de
Furnas) tem voto de minerva.
Conde disse ter convicção de
que a proposta será aprovada.
Geovah Machado, um dos
conselheiros eleitos pelos empregados, disse que os argumentos apresentados pela empresa para justificar a troca são
inconsistentes, e que os indicados não têm experiência na
área. ""Tememos que a troca
restabeleça os riscos do passado. É absurdo mexer em time
que está ganhando."
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