São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Madeireiros destroem posto do Ibama no PA

Ministro Carlos Minc pede que a Força Nacional seja enviada a Paragominas; cerca de 3 mil participaram do protesto, diz PM

Ação foi realizada depois de apreensão de 19 caminhões carregados com toras de madeira extraídas de terra indígena de maneira ilegal

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Depois da apreensão de 19 caminhões carregados com madeira extraída ilegalmente de uma terra indígena, madeireiros destruíram na noite de domingo, segundo a polícia, o posto do Ibama em Paragominas (220 km de Belém) e tentaram invadir o hotel onde cinco funcionários do órgão federal estavam hospedados.
A Polícia Militar diz que 3.000 pessoas (o município tem 90 mil habitantes) participaram da manifestação. Na ação, todos os caminhões apreendidos, vindos da reserva indígena Alto Rio Guamá, na divisa com o Maranhão, foram levados embora. Até o início da noite de ontem, nenhum havia sido recuperado.
Os veículos estavam carregados com 400 metros cúbicos de madeira, ao todo. A maioria, segundo o Ibama, era maçaranduba, encontrada somente na área da reserva indígena.
No protesto, quatro carros do Ibama e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente foram incendiados, assim como documentos do órgão federal. Móveis e computadores do Ibama, que funciona em um prédio municipal, foram destruídos.
O analista ambiental do Ibama Marco Antônio Vidal, que coordena a Operação Rastro Negro, de combate a ilegalidades na cadeia produtiva de carvão no Pará desde o fim de outubro e que resultou na apreensão dos caminhões, disse que os manifestantes também tentaram invadir o hotel onde ele e mais quatro funcionários do Ibama estavam hospedados.
Segundo ele, um trator foi usado para derrubar um portão do hotel, mas policiais impediram a invasão, com o uso de bombas de gás lacrimogêneo.
Apesar dos distúrbios, ninguém havia sido preso até o início da noite de ontem. Segundo a polícia, o protesto começou por volta das 19h e só foi controlado quatro horas depois.
O delegado Vicente Ferreira Gomes disse que a polícia de Paragominas não tinha efetivo suficiente para efetuar prisões, dado o número de pessoas envolvidas no protesto. Segundo ele, a perseguição aos 19 caminhões roubados não foi possível porque os carros da polícia não conseguiam passar pela multidão que estava nas ruas.
Ontem, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) pediu ao colega Tarso Genro (Justiça) o envio de homens da Força Nacional de Segurança a Paragominas -uma das 36 listadas pelo Ministério do Meio Ambiente, em janeiro deste ano, como líder em desmatamento na região da Amazônia. O envio de reforço ainda não foi confirmado pelo ministério.
O presidente do Sindicato do Setor Florestal de Paragominas, Mário César Lombardi, que representa 40 madeireiras locais, disse que o ato foi isolado e sem o apoio do sindicato.


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