São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

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QUESTÃO INDÍGENA

Tribo questiona prisão de guajajara por porte ilegal de arma no MA

Protesto de índios bloqueia rodovia

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Um grupo de índios guajajaras bloqueia desde anteontem a rodovia federal BR 226 em protesto contra a prisão do índio Maurício Amorim Ribeiro, 29, em Barra do Corda, cerca de 500 km ao sul de São Luís (MA). A rodovia liga o Sul do Maranhão às principais cidades do Nordeste.
Ribeiro é acusado de porte ilegal de arma. A situação na cidade é tensa, pois um grupo de 20 caminhoneiros tentou invadir ontem pela manhã a delegacia onde está preso o índio.
O bloqueio na rodovia, que corta a reserva dos guajajaras, acontece próximo à aldeia Santa Maria. Cerca de 150 caminhões estão parados no local.
Soldados do 5º Batalhão da Polícia Militar de Barra do Corda fazem a segurança na delegacia. De acordo com o Censo 2000, há 13.100 guajararas no Maranhão.
Segundo a PM de Barra do Corda, Ribeiro foi preso em flagrante na terça-feira com uma pistola calibre 380. O Estatuto do Desarmamento, em vigor desde o final de 2003, classifica como crime inafiançável o porte ilegal de arma sem registro. Essa foi a segunda prisão do índio por esse crime.
Os índios que participam do bloqueio, segundo a Polícia Rodoviária Federal do município de Imperatriz, pedem a presença de representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Polícia Federal. A Funai, em Brasília, disse à Agência Folha que só se pronunciaria hoje sobre o caso.

Mato Grosso do Sul
Reunidos ontem em uma das 14 fazendas invadidas em Japorã (464 km de Campo Grande), os índios guaranis e caiuás começaram a elaborar uma proposta a ser entregue aos fazendeiros.
Eles aceitariam deixar as sedes das fazendas invadidas desde dezembro. Em troca disso vão querer acampar a 600 metros de distância, dentro das propriedades, em local próximo aos rios.
Uma das lideranças guaranis, Gumercindo Fernandes, 38, disse ontem à Agência Folha que a proposta ainda passará por votação hoje. Cerca de mil índios estão nas propriedades, segundo a Funai.
O dono da fazenda São Jorge, Pedro Fernandes Neto, 50, disse que os proprietários rurais não aceitarão a proposta e vão reagir. A Justiça Federal determinou que os índios desocupem as áreas.
A PM patrulha a região para evitar furto nas fazendas invadidas. No sábado, foi preso o índio Dércio Leme, 40, que vendeu um cavalo do fazendeiro José Varago. Ele foi liberado no mesmo dia.
Hoje, a desembargadora Consuelo Yoshida, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, com sede em São Paulo, deve decidir se mantém ou não a decisão, dada na última quarta-feira, suspendendo a retirada dos índios das 14 propriedades rurais invadidas no município.



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