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QUESTÃO INDÍGENA
Tribo questiona prisão de guajajara por porte ilegal de arma no MA
Protesto de índios bloqueia rodovia
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Um grupo de índios guajajaras
bloqueia desde anteontem a rodovia federal BR 226 em protesto
contra a prisão do índio Maurício
Amorim Ribeiro, 29, em Barra do
Corda, cerca de 500 km ao sul de
São Luís (MA). A rodovia liga o
Sul do Maranhão às principais cidades do Nordeste.
Ribeiro é acusado de porte ilegal
de arma. A situação na cidade é
tensa, pois um grupo de 20 caminhoneiros tentou invadir ontem
pela manhã a delegacia onde está
preso o índio.
O bloqueio na rodovia, que corta a reserva dos guajajaras, acontece próximo à aldeia Santa Maria. Cerca de 150 caminhões estão
parados no local.
Soldados do 5º Batalhão da Polícia Militar de Barra do Corda fazem a segurança na delegacia. De
acordo com o Censo 2000, há
13.100 guajararas no Maranhão.
Segundo a PM de Barra do Corda, Ribeiro foi preso em flagrante
na terça-feira com uma pistola calibre 380. O Estatuto do Desarmamento, em vigor desde o final de
2003, classifica como crime inafiançável o porte ilegal de arma
sem registro. Essa foi a segunda
prisão do índio por esse crime.
Os índios que participam do
bloqueio, segundo a Polícia Rodoviária Federal do município de
Imperatriz, pedem a presença de
representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Polícia Federal. A Funai, em Brasília,
disse à Agência Folha que só se
pronunciaria hoje sobre o caso.
Mato Grosso do Sul
Reunidos ontem em uma das 14
fazendas invadidas em Japorã
(464 km de Campo Grande), os
índios guaranis e caiuás começaram a elaborar uma proposta a ser
entregue aos fazendeiros.
Eles aceitariam deixar as sedes
das fazendas invadidas desde dezembro. Em troca disso vão querer acampar a 600 metros de distância, dentro das propriedades,
em local próximo aos rios.
Uma das lideranças guaranis,
Gumercindo Fernandes, 38, disse
ontem à Agência Folha que a proposta ainda passará por votação
hoje. Cerca de mil índios estão nas
propriedades, segundo a Funai.
O dono da fazenda São Jorge,
Pedro Fernandes Neto, 50, disse
que os proprietários rurais não
aceitarão a proposta e vão reagir.
A Justiça Federal determinou que
os índios desocupem as áreas.
A PM patrulha a região para evitar furto nas fazendas invadidas.
No sábado, foi preso o índio Dércio Leme, 40, que vendeu um cavalo do fazendeiro José Varago.
Ele foi liberado no mesmo dia.
Hoje, a desembargadora Consuelo Yoshida, do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 3ª Região,
com sede em São Paulo, deve decidir se mantém ou não a decisão,
dada na última quarta-feira, suspendendo a retirada dos índios
das 14 propriedades rurais invadidas no município.
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