São Paulo, terça, 26 de janeiro de 1999

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Pacto deve começar pela Ford, diz ACM

da Sucursal de Brasília

O presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), defendeu que o governo comece o pacto empresarial pela Ford, que demitiu 2.800 funcionários, e cobrou do presidente Fernando Henrique Cardoso mais "pressa" na elaboração de uma "agenda positiva".
ACM defendeu que a União reduza "um pouco" o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), e os Estados, "um pouco" o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
"Acho muito melhor para o governo (a redução das alíquotas dos impostos) do que deixar centenas de milhares de carros nos pátios, dando motivo aos empresários para demitir funcionários." A redução do IPI já está sendo estudada pela equipe econômica.
ACM afirmou ter "certeza" de que as demissões ocorridas na Ford podem ser "revogadas".
Questionado sobre a validade de um novo pacto no país, ACM aproveitou para, mais uma vez, criticar o governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), que decretou a moratória da dívida do Estado.
"A cada dia temos um pacto. Depende dos pactuantes. O governo está sempre disposto a fazer um pacto, mas nenhum pacto pode começar por não querer pagar obrigações contratuais. Não é pacto."
ACM afirmou que o governo quer conversar com todos, inclusive com a oposição. "Vamos procurar evitar os trapalhões", afirmou.
Após defender a participação do governo na resolução do caso dos funcionários da Ford, ACM cobrou pressa do governo em fixar a "agenda positiva". "O importante é que um governo que pode fazer e tem motivos para fazer agendas positivas o faça com rapidez."
ACM cobrou maior visibilidade das ações do governo. "O presidente Fernando Henrique já fez muito nesse período e poderá fazer muito mais agora, logo que acabar esse turbilhão da irracionalidade do mercado", disse.
ACM, que apóia o ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem não acreditar que vá ocorrer mudança no comando da economia brasileira. "Eu não acredito. Mas o presidente (FHC) diz isso todo o dia e vocês (jornalistas) não acreditam. Por que acreditariam em mim?", brincou.
Segundo ACM, "os interessados em diminuir a atuação da equipe econômica" têm espalhado boatos "a cada dia". "Boato é a coisa mais contagiante na elite brasileira." Segundo a Folha apurou, o Planalto atribui os boatos da saída de Malan e de sua substituição pelo ministro José Serra (Saúde) a "especulações políticas" sem fundamento.
Questionado sobre as declarações do deputado Antonio Kandir (PSDB-SP) de que o governo terá de adotar medidas fiscais adicionais, ACM aproveitou para dar uma estocada no ex-ministro.
"O deputado Kandir anda falando muito. Quero saber se ele já aprendeu a votar no painel eletrônico. Muito disso que está aí é fruto daquele erro dele, um equívoco entre aspas." Em 98, na votação da idade mínima na reforma da Previdência, Kandir errou ao apertar os botões. O governo perdeu por um voto. (FLÁVIA DE LEON)



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