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Governo cria
empréstimo
anticrise
MARTA SALOMON
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O governo lançará mão de recursos de bancos oficiais (BNDES,
Caixa Econômica Federal e Banco
do Brasil) para empréstimos a empresas privadas numa tentativa de
compensar efeitos recessivos da
política econômica.
"Precisamos encontrar caminhos que compensem e que façam
o país crescer no momento que puder", afirmou o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, articulador político do governo, ao
anunciar a estratégia. Por enquanto, não há estimativas sobre o volume de dinheiro a ser usado. "São
recursos muito expressivos e podem dar suporte a uma ação desenvolvimentista", afirmou.
Segundo Pimenta, o dinheiro dos
bancos será "dinamizado", já que
vinham sendo usados "com muito
menos intensidade e disciplina do
que serão daqui em diante".
"Não são recursos orçamentários nem inflacionários: isso não é
gasto, é investimento", insistiu Pimenta da Veiga. A maior parte sairá do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
A agenda positiva do governo será detalhada por duas comissões
ministeriais (uma para cuidar da
produção, outra encarregada de
tratar da criação de empregos),
ambas coordenadas pelo ministro
do Desenvolvimento, Celso Lafer.
A primeira reunião dos grupos
está marcada para quinta-feira, às
8h30. O presidente Fernando Henrique Cardoso participará da negociação mais adiante.
A idéia do governo é envolver líderes empresariais e sindicais na
discussão, que não tem prazo para
produzir resultados. "Vamos discutir o desenvolvimento, uma necessidade nacional: o país não pode se fechar e passar por um período de provação", disse o ministro.
Não há metas previamente definidas para o mutirão do governo.
Antes da mudança da política
cambial e da nova alta dos juros, a
previsão oficial era de uma queda
de 1% no PIB (Produto Interno
Bruto) neste ano. A recessão deverá ser ainda maior.
Pimenta da Veiga não incluiu no
cardápio das negociações o debate
sobre a queda das taxas de juros, a
principal reivindicação de políticos e empresários.
"Esta questão está fora do que eu
queria anunciar", esquivou-se. Ele
nega que haja contradição entre a
ação desenvolvimentista anunciada ontem e a nova elevação das taxas de juros adotada de acordo
com recomendação do FMI (Fundo Monetário Internacional).
A queda dos juros só deverá
ocorrer a médio prazo, segundo
previsão do ministro Pedro Malan
(Fazenda), depois que o governo
afastar o risco de a inflação disparar e o câmbio se estabilizar. Embora as instituições financeiras
que sustentarão a estratégia estejam subordinadas a Fazenda, Malan não participará de comissões.
"A área econômica está informada de tudo e a política econômica
está rigorosamente mantida com a
condução de Malan", declarou.
O ministro insistiu ontem em
que não há nenhum plano econômico alternativo em elaboração no
governo. "Não há nenhum plano
A, B, C, X ou Y: o plano é esse que
vocês conhecem", disse.
O ministro do Orçamento, Paulo
Paiva, aposta no resultado da ação
"articulada" dos colegas. "Estamos certamente com o controle da
situação e a economia está no rumo certo", afirmou.
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