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ALIADOS EM CRISE
Declarações que atingiram o governo frustram articulação para dar a senador baiano cargo no Senado
Ruptura deve excluir ACM de comissões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pode ter perdido a chance de voltar a ocupar a
presidência da CRE (Comissão de
Relações Exteriores e Defesa Nacional) com a divulgação de supostas declarações suas a procuradores da República.
Havia uma articulação dos partidos aliados do governo no Senado para acomodar ACM na presidência da CRE antes da publicação de declarações atribuídas a ele
sobre o suposto envolvimento do
ex-secretário-geral da Presidência
Eduardo Jorge Caldas Pereira no
desvio de R$ 169 milhões destinados à obra do Fórum Trabalhista
de São Paulo.
Na conversa, ACM disse ainda
que, se os procuradores chegassem a EJ por meio da quebra do
seu sigilo bancário de 1994 e 98,
chegariam também ao presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Por causa das declarações, FHC
rompeu com ACM e demitiu, na
última sexta-feira, dois ministros
ligados a ele, Waldeck Ornélas
(Previdência Social) e Rodolpho
Tourinho (Minas e Energia).
No confronto entre governo e
ACM, o partido do senador ficou
do lado do governo. O presidente,
senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), divulgou nota reprovando a
atitude do senador baiano.
Isolamento
A partir do mal-estar causado
pelo episódio, pefelistas desistiram de tentar uma saída política
para evitar o isolamento de ACM.
Eles afirmam que não há mais
condições para manter a articulação com os demais partidos aliados para dar a presidência da CRE
ao senador baiano.
No esforço para pacificar ACM,
as cúpulas do PFL, do PMDB e do
PSDB haviam concluído que seria
importante colocá-lo na presidência de uma das comissões.
Avaliaram que, na CRE, ele seria
homenageado mas não poderia
criar problemas políticos ao governo, já que se trata de uma comissão encarregada de examinar
assuntos externos, como nomeações de embaixadores.
Tradicionalmente, a CRE é presidida por ex-presidentes do Senado. Mas o próprio ACM presidiu a comissão antes de ser presidente da Casa.
Articulação
As negociações que dariam o
cargo ao senador baiano estavam
avançadas. Por acordo com o
PFL, o PMDB havia concordado
em não escolher a CRE, considerada a terceira comissão mais importante do Senado.
Na distribuição das presidências, caberá ao PMDB a terceira
escolha e havia um compromisso
do partido de escolher a presidência da Comissão de Fiscalização e
Controle em vez da CRE.
Segundo pefelistas, o Palácio do
Planalto já havia dado sinal verde
às articulações para acomodar
ACM na Comissão de Relações
Exteriores, que contavam até com
a concordância do presidente do
Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), adversário de ACM.
A intenção do senador baiano
era presidir a CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), uma das
comissões politicamente mais
importantes do Senado. A ela cabe, por exemplo, examinar todas
as propostas de emenda constitucional, como as reformas propostas pelo governo, antes de irem a
plenário.
Além da objeção dos aliados do
governo a dar o cargo a ACM, já
havia acordo antigo da cúpula do
PFL com o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) definindo que o
cargo seria dele. A partir da manifestação de interesse de ACM, Cabral declarou que não abriria mão
do cargo e, se fosse preciso, disputaria a indicação.
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