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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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PSDB e PFL subirão tom de oposição

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os presidentes do PSDB, José Aníbal, e do PFL, Jorge Bornhausen, trocaram telefonema ontem em que fizeram pesadas críticas ao governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva. Passado o carnaval, os dois partidos vão manter o apoio às reformas, mas subir o tom de oposição.
Segundo Aníbal, que ontem também presidiu reunião da Executiva Nacional do PSDB, "a cada dia que passa, o novo governo mostra que não tem planejamento, não tem rumo, e isso está ficando claro para a sociedade".
Bornhausen cobra propostas concretas para as reformas e acrescenta: "Estou espantado com a rápida perda de prestígio político do governo do PT".
Durante a reunião da Executiva, os tucanos enumeraram o que consideram erros do governo: "Aparelhamento e a velha tática de que os fins justificam os meios". Como "aparelhamento", Aníbal entende a ocupação maciça de postos-chaves federais por militantes petistas.
"O critério de nomeações não foi técnico, profissional, foi só ideológico", acusou, citando o segundo escalão do Ministério da Saúde, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o Fome Zero.
Em nota oficial, a Executiva tucana criticou o chefe da Casa Civil, José Dirceu (que acusara o governo FHC de deixar uma "herança maldita") e disse que o PT só sabe "ser estilingue", continua "montado no palanque" e fez uma oposição "sistemática, leviana e oposicionista" ao governo FHC: "Culpar o PSDB a todo momento, como faz o governo federal, é oportunismo nefasto".
O PSDB já distribuiu a todos os seus deputados e senadores um folheto acusando o PT de ter causado um prejuízo de R$ 130 bilhões aos cofres públicos por ter se recusado a votar a reforma da Previdência nos moldes que agora pretende aprovar.
O PSDB vai reunir no dia 24 de março os 130 deputados estaduais do partido e, em abril, separadamente, os governadores e as bancadas na Câmara e no Senado. "Para ajustar o discurso de oposição", declarou Aníbal.
Bornhausen criticou a política externa, classificando decisões do governo de "pequenas provocações desnecessárias". E enumerou: a nomeação do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, contrário à Alca, para a Secretaria Geral do Itamaraty; a do embaixador José Bustani para Londres, um posto-chave, depois que ele bateu de frente com os EUA; e a "excessiva aproximação" com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "Uma política altiva em relação aos EUA é muito diferente da política externa temerária de provocar o leão com a vara curta."


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