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BAHIAGATE
Depoimentos de supostos envolvidos não esclarecem quem foi o mandante das escutas ilegais, afirma polícia
PF indicia delegado e assessor por autoria de grampo
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Após dez horas e meia de interrogatório, o delegado Valdir Barbosa, 50, e o assessor da Secretaria
da Segurança Pública da Bahia
Alan Souza de Farias, 29, foram
indiciados na madrugada de ontem pela Polícia Federal por falsificação de documentos públicos e
pela autoria dos grampos ilegais
que monitoraram escutas telefônicas de adversários políticos do
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 75.
"Depois de ouvir os depoimentos, a minha conclusão é que ambos mentiram e não descarto a
possibilidade de fazer uma acareação", afirmou o delegado da
PF Gesival Gomes de Souza, 38,
responsável pelo inquérito. Caso
condenados, Barbosa e Farias podem pegar até seis anos de prisão.
Sem advogado e primeiro a ser
interrogado na PF em Salvador,
Valdir Barbosa -que há dez dias
pediu afastamento temporário do
cargo de delegado-chefe da Polícia Civil- negou qualquer participação no crime e jogou toda a
responsabilidade pelos grampos
para o assessor Alan Farias.
"O delegado disse que teve apenas dois encontros até hoje com o
senador Antonio Carlos Magalhães, ambos na época em que
ACM governava a Bahia pela terceira vez [1991-94]", disse Gomes.
Valdir Barbosa disse também
que não recebeu "pedido ou pressão, direta ou indiretamente" do
senador ACM para grampear
seus adversários políticos ou o casal de advogados Plácido Faria,
40, e Adriana Barreto, 30, ex-namorada do senador baiano.
Em nenhum momento do interrogatório, Valdir Barbosa citou
o nome do suposto mandante dos
grampos, segundo a PF. "O depoimento não acrescentou nada
em relação ao mandante", disse o
delegado Gesival Souza.
Em seu interrogatório, Alan Farias disse que apenas anotava os
números dos telefones sugeridos
por policiais que investigaram um
sequestro em Itapetinga (BA).
Ele negou que tivesse rasurado
um documento judicial para incluir o número de um celular do
deputado Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA). "A grafia que aparece no original rasurado não é minha." O delegado Gesival Souza
colheu material dos dois depoentes para exame grafotécnico.
Farias citou os nomes de oito
policiais civis que teriam solicitado "mais números telefônicos para serem grampeados". Segundo
ele, todos os policiais eram da 12ª
Delegacia de Polícia, local de trabalho da delegada Katia Alves, antes de ser nomeada secretária da
Segurança. O delegado Gesival
Souza convocará os oito policiais
e Katia Alves para depor.
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