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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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PT SOB SUSPEITA

Promotoria acusa seis pessoas por suposta cobrança de propina

Pela 2ª vez, caso Santo André é alvo de denúncia na Justiça

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Dizendo-se "reforçada por novos indícios", a Promotoria Criminal de Santo André apresentou ontem à Justiça uma nova denúncia (acusação formal) por concussão (exigir vantagem em razão do exercício de cargo público) e formação de quadrilha contra o ex-secretário e vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT) e outras cinco pessoas ligadas ao setor de transporte coletivo municipal.
Entre os pontos que ampliaram as acusações, segundo os próprios promotores, estão "provas" de que alguns dos acusados -a Promotoria não cita os nomes- possuem movimentações bancárias incompatíveis com suas respectivas declarações de renda.
Desde o ano passado, eles são investigados por envolvimento em uma suposta rede de cobrança de propina de empresários da cidade. Segundo testemunhas, entre elas integrantes da família Gabrilli (do setor de transporte) e João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado Celso Daniel (PT), parte da propina era utilizada para financiar campanhas do PT, o que é rechaçado pela legenda. Uma CPI foi criada na cidade, mas inocentou todos os acusados.
Os promotores refizeram a denúncia contra os acusados por exigência do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo, que pediu que todos eles fossem ouvidos pelo Ministério Público.
Além de Klinger, ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, foram ouvidos Sérgio Gomes da Silva, Ronan Maria Pinto, Irineu Nicolino Martin Bianco, Humberto Tarcisio de Castro e Luiz Marcondes de Freitas.
Os acusados dizem que as denúncias apresentadas são "requentadas". Eles afirmam que a acusação está baseada no "achismo", e que a Promotoria ouviu seus depoimentos "só para atender as exigências do Tribunal de Justiça".

Pedido de prisão
De acordo com os promotores, não existe atualmente a necessidade de pedir a prisão dos acusados, como ocorrera no ano passado. À época, o pedido foi negado. "Hoje, o esquema está parcialmente desmontado", disse o promotor José Reinaldo Carneiro.
Além da formação de quadrilha para desvio de dinheiro público, a denúncia da Promotoria diz que Castro "ficava encarregado de se associar a empresários para, depois, debilitá-los, facilitando a atuação da quadrilha".
Em 1999, a união entre a Projeção Engenharia, de propriedade de Castro, e a Viação São José, que pertence aos Gabrilli, formou o consórcio Expresso Guarará, hoje nas mãos apenas dos Gabrilli.
A Promotoria informou também que encaminhou ao Ministério Público Federal um dossiê entregue a ela por Castro com denúncias contra as empresas dos Gabrilli, como documentos que teriam sido fraudados para pedir empréstimos ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Para Luiz Alberto Gabrilli Neto, que administra a empresa de seu pai, Gabrilli Filho, "Humberto [Castro] está tentando criar uma cortina de fumaça para se esconder das denúncias".


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